martes, 1 de diciembre de 2015

Avoando com Natividad

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Ontem o casal de amigos Djine e Renato festejaram o aniversário do seu filho Cássio. Quando os parabenizei lembrei de fatos antigos, estou ficando velho, recordo de tudo. Bem, por vezes misturo as datas, somo ocorrências diversas, mas sem prejuízo à verdade.

Jamais esquecerei esse belo menino que conheci lá no Claudião, em SP, no seu sítio nuns matos próximos à capital, com aqueles cabelos lindos que lhe desciam às costas. Eu, separado de há muito, adocei a tigra-mãe (rica pessoa) e obtive permissão para levar a minha filha Natividad, que regulava de idade com o Cássio.

A levaria igual, eu hein?, pois andava vendo pouco a menina, eu morando no Alto da Bronze, e viajando muito, bota muito nisso, certa vez cheguei e tinha 104 exemplares de um jornal que eu assinava em frente à porta do apê, 104 dias entre Rio e Maceió, e ela morando com a mãe no Cristal, por muitos meses somente a via para assinar o boletim - sempre eu, nunca tirei os olhos das notinhas - mas foi melhor assim, de comum acordo.

Foi uma festa só. O Cláudio Wagner tinha um piscinão desses inteiriços que vendem, enorme, uns 25m, onde tive uma sorte danada num salto mortal que dei para me mostrar para uma paulista divorciada, que com outros paulistecos apareceu por lá naquele fim de semana. A muié era muito gostosa, mereceu o sacrifício, o que faz a bebida.

Tomei vinte metros de distância e vim a mil, no último segundo à beira da piscina acertei o pé e voei lá pro céu, me virando no ar. O Claudião - me disse depois - quase teve um ataque: "O louco vai morrer". Caí direitinho e saí lá do outro lado, orgulhoso sorrindo para a tianga. O que faz a bebida.

Foi no dia seguinte que os Klein apareceram: passamos todos um domingo maravilhoso. Nati e Cássio na maior festa. Eu sem a divorciada, quase me matei por nada, a bandida já tinha um rabicho, ora se não iria ter, conheço mulher, mas é aquilo, torno a repetir: bêbedo perde a crueza, fica todo iludido. E o Claudião de olho em mim, naquela de "Esse maluco vem do Sul pra esculhambar com minha amiga".

Na segunda-feira o Cláudio nos levou, à Nati e eu, até Guarulhos, pegar um vôo da Transbrasil para Porto Alegre. Eu fraco dos tragos que tomei por três dias disse a ele, longe da Nati que era estreante em aviação: "Não gosto dessa porra de Transbrasil, soube que é ruim de manutenção, faz na Varig, e uma amiga da Varig me disse que aparecem lá uma vez por ano".

Quase voltei com a menina para o apê do meu amigo na capital. "Cai nada, Saladinha, é jumbão", disse ele, "e amanhã tu me disse que tem compromisso sério lá". De fato, tinha. A minha preocupação era com a menina, por mim que caia o avião, mas não com ela comigo, Deus me livre, ela não.

Pegamos uma ventania desgracida pelo caminho, aquela ave tinha quedas de quinhentos metros, parecia que estava domando um xucro, eu me segurando na poltrona, e a menina me tira os foninhos de música dos ouvidos e me diz: "Bom estes sacolejos, né, pai, dá vontade de dançar".

"Sim, uma beleza, minha filhinha querida...".

O Olívio, que casualmente viajava na mesma linha de bancos, ele 7-A e eu com a guria no 7-E e F, dali do outro lado do corredor a custo segurou o riso ao ouvir a minha resposta.

Com uma exceção, ã..., duas, três... nunca viajei pelo ar com mulheres. Sem exceção, jamais alguma me esperou em aeroporto, família não vale, pois Maria de Lourdes me esperou sim, no Santos Dumont, mas essa é fora de concurso, amada.

Mas viajei com muitas filhas, pelo que serei para sempre grato à Vida.

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