jueves, 5 de diciembre de 2013

João da Noite, a Vaidade e o Papa Francisco no Facebook

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Pretendia publicar e comentar uma boa charge de um gaúcho, mas deixo pra lá. Famoso demais, pro meu gosto, quer que eu o “Siga”, que o "Curta” no seu facebook. Mas que vá à..., deixa assim.

Esqueçamos o cara, nada a ver, de repente é pobre alma, só pode, caindo de otário sem querer e pagando um pato maior que o substrato filosófico da "coisa", essa coisa que se mexe dentro de mim, a revolta que nunca pôde sair, ao ver, na cara..., só rindo. Estou ficando parecido com o João.

Esse e os outros estão ficando como seus ídolos, ai o Caetano, o Tom Zé (que é um velho que se acha, arrogante, é, mas injustiça o colocar junto aos demais? Não sei) , ui, Gilberto Gil, ai não sei quem (segue-se longa lista de arrogantes artistas, distantes do seu povo, embora arranquem o sustento desse mesmo povo, vampiros da ignorância), sempre foram velhos, uns ativistas de nada ou de bundas, mas todos ativistas de dinheiro, que submeteram-se às regras do sistema. Tanto artista bom o Brasil tem há cinquenta anos, e só esses pintam todo dia na parada, com o invasor junto, pela maldição plim-plim... Os demais vão para os ratinhos da vida, que nojo. Passemos a ignorá-los. A eles e à criminosa lei Rouanet, enquanto preparamos os explosivos. Para iluminar Copacabana, o céu tingido, Feliz Ano Novo, com o meu dinheiro. Para a Copa ainda os estamos montando, serão lindos.


Falemos do Papa. Digo, do João da Noite, que nos colocou essas idéias na cabeça.


Outro dia João da Noite, vá lá que de fogo, bota fogo nisso (que não creio interferiu, o João é muito pior sóbrio, psiu, nem se mete, deixa ele), escreveu no facebook do Papa Francisco (o querido Jorge Mario Bergoglio, nosso ex-vizinho). 

Meninos, meninas, através do setor de "mensagem" do Mark Putenberg, João começou mandando-o, ao Papa, para aquele lugar bem longe, a ponte que o partiu, ai que tristeza, que vergonha, mas nem eu nem a turma ousaríamos interromper ao presidente do Partido dos Boêmios (em constituição), pelo respeito que lhe dedicamos e confiança que depositamos, mostrou que as merece em muitas paradas duras, e ele seguiu com horrores, só por não haver encontrado no seu facebook, no do Papa, espaço para a amizade, mano a mano. Virou-se para nós e disse, vou ter um conversinha com esse "casteiano" de merda, tá pensando o quê? E vou falar fora de linguajar acadêmico, disso ele deve estar cheio. A turma conteve o riso, tá brincando. Mas começou, sério, a dedografar os seus amorosos recados (mensagens). Aiaiai, senti, daqui a pouco pula a interpol na gente, mas fiquei frio, confio no taco do parceiro. Que vengan.

- Buenas noches, seu Papa Francisco. Então, hein... Retiro a ponte e a partida, estava só fazendo aquecimento. É o seguinte: então é assim, é? Qual é a tua com essa de se quiser me "Seguir", me diga, é assim na carinha, que frescura é essa, tenho cara de analfa ou seminarista?, perguntou de chofre.

Silêncio do outro lado. Silêncio aqui também entre nós.

- Ora, seu Papa, ponderou João retornando à calma, eu queria era ser seu amigo, amigaço de todas as horas, gostei do seu papo de Papa, o senhor é um homem sério que está botando ordem nesse galinheiro, o mundo mudou, há cinqüenta anos o senhor já estaria envenenado pelas máfias, do Vaticano e as que o Vaticano trouxe para dentro, esses tarados sujos, ladrões, até assassinos, supus que o senhor precisava de amigos. E, note bem, camarada, se digo o que penso tenho aqui minhas razões: se alguém vive de doações, entre tu e eu, eu não sou. E me vem com essa de "Seguir"? Pra cima de mim!?

E se foi:

- "Seguir” nem mulher eu sigo, Chicão, bem, por algum tempo me faço e sigo aquela morena, ou alemoa, nega, ruiva, japa, polaca, todas, azar, mas elas transam comigo, passeiam na praça, me beijam, coisa que o senhor não faz, epa, nem quero, por favor, esquece. No calor a gente diz besteira, amigo Chicão... Snif.

Recuperou-se e emendou: - Ora, Chiquinho! Se eu começar a “Seguir” este ou aquele, pelo aparato de riqueza, que bem havida não foi, eu perco a única herança que meu pai me deixou. Sabe, única!, da qual muito me orgulho.

Aqui tontearam os nossos butiás. Só o João mesmo, chamar o Papa de Chicão! Depois de Chiquinho. Eu teria chamado de Paco, é castelhano, e bom de coração, entende tudo. Mas pretender que conheça Lupicínio Rodrigues e a vergonha que meu pai me deixou? Ah, não, João pirou.

Congelou o ambiente quando começou a surgir uma respostinha do outro lado: 

- Mientras yo tenga voz en el pecho no quiero más nada, que clamar a los santos venganza, oh, venganza, clamar...

João encheu o pé daqui, terminando a estrofe, enquanto vinha de lá em espanhol, cantando juntos: - Você há de rolar como as pedras, que rolam na estrada, sem ter nunca um cantinho de seu pra poder descansar.


Agora desabaram, caíram todos os butiás do João e os nossos. João da Noite começou a chorar e disse com a voz embargada, virando-se para nós: Eu disse que o Chicão era dos nossos!, me duvidaram!

Clóvis Baixo apressa-se em dizer: - Pergunte se ele já transou com alguma freira bonita, devem guardar para eles, pois tou com 60 anos e nunca vi uma novinha e gostosa.

João faz cara séria e responde que a vida pessoal não está em jogo. 

Clóvis insiste: - Da vida íntima dele não quero saber, não sou doido, quero saber é das gostosas, onde as escondem!, exalta-se.

Ufa, Jezebel puxa o Clóvis, o diálogo com a santa entidade é mais importante.

Bruno Contralouco entra a milhão, pela janela ouviu algo, e exclama: - Além de contar onde estão as taradinhas, que ele conte como fazem para passar o tesão, elas, à moda afeganistã? Cortam o clitóris com faca de mesa? E o pau de vocês?! Pergunte a ele, João.

Mas bah, animal desnaturado, Contralouco foi expulso, vai tomar ar lá fora de novo, marginal, e cervejas com Miquirina, este hoje de folga. O Contralouco, achando que era mentira o papo, ou melhor, a canção, com o Papa, saiu rindo feliz. João reclamou que o maluco só diz besteira, logo numa hora destas, o que faz a bebida.


E seguiu João da Noite, falando meio que sozinho, o Papito falou quase nada, João não sabia se ele ainda estava conectado. Mas João é fogo, vai sozinho: 

- Papa, quem diria, logo o senhor dando o mau exemplo... onde já se viu, agora muita gente entrou nessa de se achar. Ai, "Siga-me", se quiser, se aproveitando da criançada da favela, ai, o Bial lambe cachorra da mulher do Roberto Marinho, francamente, e isso está se espalhando, a divisão em castas! Tá me entendendo? Os coitados dos pobres da Vila Cão sem defesa seguindo merdas ambulantes ricos! Só rindo, ora vão tomar, ahn, vão pra tonga da mironga do kabuletê.

- Como, Chicão? Não conhecia essa palavra em espanhol, demorei. Ah, sí, en el culo! Isso mesmo, agora entendi, que vão tomar no rabo, esses metidos com a grana do populacho.

Não contente, prosseguiu João: 

- Chico, eu admiro e tiro o chapéu aos artistas mulheres e homens, sejam músicos, cantores, escritores, pintores, pensadores, e aos outros artistas, os da vida, pessoas de boa índole, trabalhadores, pedreiros, os ilusionistas de cabaré, todos, em último caso até padres aguento, o que vier, tenho o corpo fechado de saravás, mas gentes que tenham mensagens boas a dizer, de camaradagem saudável, gentes que se aproximam do seu povo, que não o renega jamais. 

(chora)

- Gentes que não são predadores covardes, os mentores, como esses que vemos na televisão bem felizes. Queremos seres humanos que se envergonhem de ver alguém com fome na rua, crianças. Não queremos esmolas de Mr. Microsoft e outros da mesma laia, sujos, frios, anti-gente. Nada também dessas seitas de ladrões que vieram porque a sua igreja apoiou nazismos e ditaduras, a sua Igreja que faltou a Frei Tito, aliás, vocês lá dentro sofreram ditaduras da Lei do Capeta. Como dizia Paulo Pontes (conhece? Aquele doido como o Antonio Maria): eu vou por onde as minhas pernas me levam, não sigo ninguém! E agora, a falta de coragem está virando moda, a pretexto de vaidade besta... O mal se expande... a cobiça, os jornais deles, os amigos que nos traíram, nos roubaram a ilusão, Chico!

De lá veio suave, em portunhol agora, como quem lembra Copacabana: 

- Yo acá sentado en esta piedra de playa, soy un vegetal... Si yo morisse mañana por la mañana, mi falta nadie sentiria". 

- Mas é isso que estou te dizendo, homem, me ajude, não vê! Vamos todos morrer, mas ninguém tá nem aí, pombas, olhe, Papa, precisamos de amor, coragem, humildade, esta, a humildade, está em falta, então se abra, meu, se o sujeito escrever um insulto, uma bobagem, exclua do seu facebook, pronto, sem um pio, que é a melhor resposta. Entendeu-me, né? Abra-se com as pessoas, deixe de ir pelos aspones. A vaidade, na sua posição... e vaidade de quê, de dobrar pobres almas? Não, não foi tu, são teus aspones, burros demais, eu sei. Quer saber, te recomendo um cara que eu conheço para te assessorar, o Bruno Contralouco, vai fazer chover aí, é sincero é pega no ar maldades e tudo, se com um punhal contra armas terríveis, é um jaguar.


- Si. Me gustó, Contraloco? "Medio melón en la cabeza, las rayas de la camisa pintadas en la piel...". Lo quiero conmigo. Mañana por la mañana hablamos. Ahora me llaman... Hasta luego, querido Juán.

- Tiau, tchê Chicão, se manda, mas fica na tua, toma cuidado aí. Eu vou seguir aquela nega que passou me olhando com cara de eu te amo, ai que linda, parou lá fora, na ponta da calçada do bar, aquela nega tem um aperto, meu irmão, me domina, vou segui-la. Tiau. Amei levar um lero contigo, hoje aqui na palafita tá o Salito e mais uns trinta, contando as mulheres, todos te amam e torcem por ti.

- Abrazos a todos, Juanito de La Noche, ciau.

- Tiau, Paquito.

Jussara do Moscão, sentindo o fim da conversa, antes não quis interromper, voa precipitada: - Pergunta a ele se pode nos ajudar a matar os políticos e gorar a Copa da roubalheira, pergunta pra ele...

João responde: - Outro dia, agora já era, Jussara, ele saiu do face, compromissos inadiáveis, me desculpe, o homem é chefe de estado de boa parte da Terra. Mas deixe uma mensagem! 


Esse o João. Leu alto até aqui, recebeu a aprovação geral, e toda a palafita ri gostosamente da sua competência, atrevimento sincero, sem querer vantagem. E ficou com sombras na face. Lembramos-o das comidas, antes ele pediu mais um trago, mas, rosto ainda apertado, sem um sorriso, alega que precisa mesmo sair, combinou com a nega, ela deve estar passando lá no bar já pela décima vez.


Uma hora depois, João já longe, a tigrada espalhada, aqui tudo em paz, sozinho olho para o meu facebook Salito Ainda Espantado. Olho as minhas amizades. Confirmo: tenho muitas pessoas conhecidas e amadas do Brasil e do exterior, umas mais conhecidas da população, outras menos, mas todas lindas e amadas sem falsificações, especiais, copos de vida desde o mais cheio até o mais humilde que a água está vindo, e me sinto orgulhoso de cada um, porque não se afastam do seu povo, dos seus fãs, dos seus amigos, dos seus iguais. São pessoas de amor.


No fundo, acho que o presidente João da Noite saiu-se com um monte de verdades que eu, aqui..., nem pensar em incomodação, deixa assim, mas também saltei para a resteva. Eu, hein? Nunca mais.

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