jueves, 18 de abril de 2013

Os Filhos da Puta (1)

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Há três dias estamos - o povo aqui da palafita - nos preparando psicologicamente para o pontapé inicial na nova coluna solicitada pelos boêmios do Botequim do Terguino. Tal o trabalho que tiveram, não pudemos nos recusar.

Após doze rodadas de reuniões semanais com o STS - Sindicato das Trabalhadoras do Sexo, finalmente obtiveram autorização para o título da coluna: Os Filhos da Puta.

As damas exigiram um esclarecimento, em cada postagem: que as putas referidas no título da coluna não são sindicalizadas, e sim meras rameiras rampeiras (rimou), pobres pessoas, que desvirtuam a nobre profissão ao misturarem com sexo prazeroso (no dizer delas, do que não temos como duvidar) as suas atividades de ladras e traficantes, além de outras qualidades aparentemente menores mas de grande importância, como mentirosas. As gatas sacaram, de cara: nada tem a ver com a mãe de ninguém. Alguns destinatários deixam dúvida se tiveram mãe, até, como bem observou Gustavo Moscão, o mais atencioso com as damas, só faltou lhes dar na boca os drinques que pedia por sua conta. Enfim, o que pretendem é um perfeito retrato dos políticos, digo, de alguns políticos, vez que a prudência, ao generalizarmos, manda que finjamos, não generalizando. 

Alguns, então, somente alguns, bem entendido: 99,99%. Carlito Dulcemano Yanés, de volta de Bujumbura, aqui na sombra da laranjeira empurra o chapéu para trás, serve-se de uísque e diz, rindo, que os 0,01% restantes morreram ontem, mas esqueçamos a jocosa observação do aguerrido companheiro, pois esse 0,01% é que nos salvará, todos os eventuais ofendidos estarão nele abrigados. Por falar no nosso beligerante cubano-uruguaio, o inacreditável Carlito, ele não pára de falar sobre San Pablo, isso de aumentar os juros - enchendo as burras dos bancos - deixou-o arrasado, quer porque quer viajar para, digamos, explosivamente incomodar algumas agências de agiotagem da grande avenida, 50 incomodações simultâneas, para desnortear os cães de guarda, com o auxílio de Juanito Diaz Matabanquero e da turma do Armênia, eta nomezinho sintomático esse do Juán, mas isto é outro papo, ave, esta mania de ir mudando de assunto.

Diana Chupinsky, que é estudante de Sociologia na PUC e vice-presidente do Sindicato das Trabalhadoras, representando a presidente Stanislava Perkosky (a Polaca), esta ilustre madame que nesse dia se encontrava em Brasília, o bordel mais fétido da América, ansiosa para sair daquele ambiente, logo que encerrar as negociações sobre Belo Monte, isso diz ela, nada temos a ver com o peixe, mas colada ao telefone, resumiu Diana: "Enfim, putas mesmo, no sentido abrangente dado pela população às pessoas sem respeito, sem amor próprio, e quem não tem amor próprio não ama os seus semelhantes". Estes esclarecimentos em cada postagem, além de bebidinhas e comidinhas por conta dos adquirentes do título, a cada vez que as senhoras visitarem o botequim para confraternização com os empinantes, é o preço da cessão de direitos. 

Claro, as comidinhas e bebidinhas é papo de brincadeira, para descontrair, as moças pagam o que consomem, possuem recursos obtidos com seu trabalho em benefício do povo, não são parasitas como aqueles que jamais reuniriam condições morais para serem seus filhos.

Lucinha Ternerovski, diretora da Comissão de Direitos Humanos do STS, que acompanhava o séquito de 20 senhoras no dia da assinatura do Termo de Compadrio e Outras Avenças, em seu discurso disse da esperança do STS: "Vão fundo, rapaziada, atolem neles até o cabo". Tudinho exposto no acordo escrito, redigido pelo boêmio-advogado Carlinhos Adeva, registrado em cartório no dia 15 de abril de 2013. Compadrio, esclareça-se, na melhor acepção: cordialidade, companheirismo, confiança, amizade. Das demais acepções os políticos dão mostras todos os dias, não precisamos explicar.

Uma cláusula não foi escrita, para não causar encrenca familiar: a condição de que certo boêmio casado pare de comê-las com os olhos, não se come a carne de onde se tira o pão (assim recebemos, embora nos pareça que o ditado é um pouco diferente, dando na mesma). Uma vez assinado, amanheceram de festa no bar, dançaram, se beijaram, sem frescura. As boêmias Jezebel, Zilá, Jussara e Silvana trocaram telefones com as obreiras. Moscão parou de olhar sem querer para as pernas das profissas, eram anjos comemorando algo que consideram bom e saudável. Umas meninas grandes, pombas - desabafou Lorildo de Guajuviras à meia boca para o Terguino -, que caíram na vida por não ter para onde correr na desgraça, na meninice, mas hoje mulheres politizadas. 

As trabalhadoras são fãs e eleitoras da Maria do Rosário, a ministra abstêmia do Brasil, não a nossa Mariana de Rosário, em comum só têm que são de chegada, sai da frente, a nossa Marianita então, faca nada, adaga na bota, mas, ã..., dizem que independentemente do horror que a cerca, à ministra, bem entendido, dos conluios e estragos do seu partido - alguém falou em bando? -, tem sido guerreira na defesa das minorias e desprotegidos em geral. Feito o registro que pediste, Sra. Lucinha, veja que não somos tão radicais assim. 

Aliás, a bem da verdade, abstraídas eventuais e menores discordâncias deste que desenha estas mal traçadas com dois dedos, aqui na palafita também é assim, vejam só: as 29 moradoras (subiu o número, sim), mesmo que algumas ainda não possam votar, por estranjas, desejam ardentemente que a Maria do Rosário tenha uma chance como prefeita de Porto Alegre, acham que vai botar abaixo tudo o que os faraós embalsamados - incluídos os daquele bando - inventaram em tempos recentes, voltando à esperança de 1988 com tecnologia de 2017. Isto, obviamente, enquanto o boêmio João da Noite não se candidata pelo Partido dos Boêmios, elas são loucas mas não ao ponto de me magoarem tanto, mas isso pelo jeito vai demorar, pelo golpe que hoje presenciamos e pela demora na elaboração do Estatuto. Mania de mudar de assunto.

Bruno Contralouco, desajeitado com as palavras devido à emoção, alegrou o ambiente: "Peço às damas a honra de ser padrinho de algum filho da... de trabalhadora, se algum ainda não foi batizado, de modo a selar com sangue este acordo histórico, não quero nem saber, por uma causa dessas entro em qualquer templo de qualquer religião". Em seguida explicou que pretende dar só uma picadinha de agulha no dedo do pezinho do nenê, e rasgar à ponta de punhal o próprio polegar da mão direita (vá entender a escolha da mão, o Contra é ambidestro, bate com as duas), para selar a eterna amizade ao colar dedão com dedinho, a partir desse momento dará a vida pelo bebê e pelo STS.

Os companheiros estão tentando dissuadi-lo da idéia, quanto ao ambiente da cerimônia, melhor será no botequim, numa bela manhã de domingo, churrasco, música gaúcha, com performance do grupo de teatro de Nicolau Gaiola... Os boêmios sabem que não convém ao Contralouco entrar armado em templo religioso, o seu amor por pastores periga fazer com que estripe um deles, e, pior, saia espalhando tripas fedorentas pela rua. Marquito Açafrão botou fogo na festa: "Já pensaram se o pastor for o Feliciânus?", e mais não podemos dizer, quanto ao que falaram depois, este blog é familiar.

Jurema Gemidinha foi ao céu de felicidade, está com 4 meses de gravidez, e aceitou prontamente, em lágrimas: "Imagine, Bruno, ter um cara como você de padrinho... meu filho terá pai, valente e famoso". Contra ficou sem jeito pelo famoso, aí que se atrapalhou mesmo, perdeu o rebolado. Acabaram chorando juntos. Valente o pessoal quer ver quando ele souber a religião da Gemidinha, vai querer entrar com canhão no recinto.

Estão em dúvida sobre a matéria a inaugurar a coluna, neste momento debatem cinco assuntos. Ah, a "matéria" será apenas um parágrafo ou dois, mas não descartam a possibilidade de mandarem um livro. Agora 21:30 h em Montevideo. Segundo Luciano Peregrino, faz uma linda noite em Porto Alegre (mesmo horário). Enquanto debatem, aguardam as trabalhadoras, vão dar-lhes a honraria de opinarem na matéria de abertura.

00:30 h de 19 de abril. Esta foi a hora em que chegou, não estávamos em casa, saímos dar uma volta e acabamos tomando umas e outras num boteco da Treinta y Tres.

Luciano esclarece que os assuntos são muitos, todos graves, mas que optaram por um em homenagem ao que o blog (nosotros) colocou lá em cima. Deram até título. É amargo, respiremos fundo.

Um crime inominável



BRASÍLIA - Sob pressão do Palácio do Planalto (da Dilma), a Câmara aprovou ontem à noite, por 240 votos a favor, 30 contrários e 13 abstenções, o texto-base do projeto de lei que limita o acesso de novos partidos ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda na TV e no rádio. 

O governo atuou fortemente nos bastidores pela aprovação da proposta. A mandalete de Relações Institucionais telefonou para parlamentares e líderes cobrando (ameaçando não dar cargos e nosso dinheiro) a posição de partidos da base aliada, para depenar os incautos, ou iludidos, ou pessoas sérias, diferentes deles. O jornal de extrema-direita Estadão flagrou um desses telefonemas. Putaria sem sindicato.
O resultado praticamente inviabiliza a candidatura da ex-ministra Marina Silva, que luta para formar seu novo partido, o Rede Sustentabilidade. Malvados, trabalharam contra o Brasil, pela ânsia horrível de "puder". Ditadura de calar vozes não queremos, nem de direita nem de esquerda. Adeus, PT, vocês morreram. Resta torcer para que a extrema-direita não ocupe o espaço que vocês estão cedendo a partir dos mensaleiros da vida. Não permitiremos tal retrocesso.

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Post Scriptum: 

Muita sensata a decisão de criar a coluna, amigos, já antevejo trilhões de leitores. Porém muito cuidado, não queremos saber de processinhos para cima do nosso lombo. Sem grana tirada sabe-se lá de onde, que sabemos de onde, não vai aparecer nenhum Márcio Thomaz Bastos para nos defender, e então ficaríamos muito magoados. Nesse passo seriam muitos processos contra homens de esquerda país afora, triste ironia, prenderiam quem deu a vida pela mudança, que se roubou foi de si mesmo, da própria família ao entregar algum suado para inconsequentes, pensando em mudar o Brasil. Nem FHC jamais processou alguém, e vocês sabem dos abusos que cometeram com ele, vida pessoal e tudo. Vejamos como se comportam quando vem de pessoas como vocês, com autoridade moral para lhes dizer verdades, embora o Chico de Oliveira nem tente mais, desistiu, à evidência de que o dinheiro e o deslumbramento suplantam a vergonha que perderam, se a tinham. Ele tem razão, os protestos, quando aqui ocorrerem, serão apenas registros para a posteridade. Os promotores da "coalizão" (entre bandidos e mocinhos não existe coalizão, tem outro nome, mas vá lá, o estômago aguenta) sabem como isso termina? Deveriam saber.

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