Na
dureza em que ando, e necessitando de muito café no bule para montar um novo harém, fui
fazer uma fezinha numa lotérica. Bem, montar não, aumentar. Preciso muito de mais
uma mineira, mais uma paulista, mais uma carioca, mais uma capixaba, e as que
serão as primeiras piauense e amazonense. E três gaúchas que estão doidas para
dormir nos meus pelegos. Assim fecharei em trinta e cinco o plantel. Epa, trinta e seis, ia esquecendo a linda moça do Pará, que está por aqui com aquela vida, bela e confiante que quer vir pro Sul. Fechado.
Com
volantes na mão e anúncios à vista perdi alguns minutos fazendo cálculos de
cabeça. Não vale a pena aprofundar os cálculos posto que a essência salta à
vista. O problema não reside exatamente nos cálculos.
O
problema é a deslealdade dos nossos governantes desde que inventaram a tal
loteria para enxugar os bagarotes do povo. É a má-fé, é a desigualdade. É a
premeditada injustiça.
Por
exemplo, na Mega Sena é possível se marcar de 6 até 15 números para acertar os
6 do prêmio principal. Se marcando 6 custa R$ 3,50, marcando 15 custará
17.517,50, o preço aumenta de acordo com as possibilidades matemáticas de
acerto, e o sujeito que marca 15 tem 5.005 vezes mais chances de acertar que o
infeliz que marcou 6. O que marcou 6 tem uma chance em 50.063.860, o que marcou
15 tem uma em 10.003.
Vem
o cara que tem dinheiro frio, pois roubou da Petrobrás, ou levou bola dos
Planos de Saúde, ou tomou do mesmo povinho em templos de falsidade, etc., e joga
cem cartões de 15, em combinações feitas por computador: pronto, vai a quase
noventa por cento de chances de acertar, ou seria mais, não calculei, importa
aqui é o substrato da sacanagem.
Esquenta a pecúnia mal havida, quem não
lembra do canalha do João Alves? Tá cheio de políticos nesse bolo.
Quer
dizer, para um pé-de-chinelo honesto como eu e 99% da população brasileira, só
se nascer com um vulcão virado para a Lua para ganhar o maior ou ao menos um
bom prêmio, somente o fiote virado para a Lua que no céu flutua não adianta.
E
por aí vai a jogatina toda, em todas as modalidades, Loto, Timemania, Lotomania, Chupomania, Miaumania, Fácil não sei o quê, etc.
São feitas para os ricaços ganharem. Claro, mesmo que o governo abocanhe a maior
parte da grana arrecadada, é dinheiro para amansar a vida de qualquer um, dá
para montar o harém, comprar uma mansão, se reeleger deputado, investir em operadoras de telefonia, e sobra muito.
Daí
que apenas de vinte em vinte anos se ouve falar que uma lavadeira da Bahia
pegou na Loto. Nos demais centenas, milhares, de sorteios todos os ganhadores quietinhos,
adivinhem quem são?
Em
vez de democratizar a jogatina, por que é feito assim, de tirar dos pobres para
dar para os larápios?
Seria
impossível um modo equânime? Não mesmo, não é impossível, é facílimo: bastaria preço único, tantos números, o mesmo para todos, e uma aposta por
cabeça, o número do CPF inserido no cartão de apostas controlaria. O sujeito
pode até botar o CPF da família inteira, mas seriam apostas simples, para todos os efeitos os familiares exerceram seu direito de apostar.
Pronto, tudo resolvido.
Cairia a arrecadação? Possivelmente, mas o povo apostaria mais, com confiança
no seu governo, nas pessoas que dirigem o nosso País, este que estaria respeitando a todos como cidadãos e cidadãs iguais perante a lei.
Seguirão
roubando do povo.
Aqui
em casa combinei com as mulheres: fizemos cinco apostas de 7 números na Mega,
deu 122,50 paus, e no dia do sorteio ficaremos todos pelados com a janela
aberta, virados de bunda para a Lua. Pode ser que a estratégia de 28 bundas em
mutirão funcione.
Vontade
mesmo é de esganar essa gente.
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