miércoles, 8 de junio de 2011

Francenildo: "Aqui se faz e aqui se paga"

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Recordemos o que Lula, Dilma e toda a nomenklatura nunca souberam, nem sonham os mimetistas de segundo escalão. É pouco, quase nada, diante do que consta em jornais e em autos de processos.

Procurado pela reportagem da Agência Brasil, Francenildo dos Santos Costa (na foto em sessão do STF, possivelmente numa das poucas ocasiões na vida em que usou terno e gravata, emprestados), o ex-caseiro que há cinco anos contou a verdade sobre o "homem público" Antonio Palocci e seus amigos, disse: "A Justiça de Deus trabalhou".

Como todos recordam, a máfia tentou destruir o pobre homem, pelo crime de ter contado o que viu: que o ministro da Fazenda, chamado de "Chefe" pelos seus parceiros, frequentava a mansão em Brasília, da qual era caseiro, onde pululavam malas e prostitutas, segundo acusações da época. O puteiro não é nada, todos têm o direito de fazer o que bem entender, inclusive assistir orgias, o diabo é que o local era indicado como o da divisão de malas de dinheiro.

Questionado pela então senadora Heloísa Helena (Psol-AL), sobre as visitas de Palocci à mansão, disse: "Eu confirmo até morrer". Em depoimento à CPI dos Bingos, Palocci negou que tenha ido à casa. Mentiu a uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

Para desqualificar o que disse Francenildo sobre o que acontecia na casa, o sigilo da sua conta na Caixa Econômica Federal (CEF) foi violado. Festejaram: tinha dinheiro "demais" para um humilde serviçal: R$ 38.860,00.

Na calada da noite, abraçaram-se efusivamente: o jovem caseiro estava liquidado. No dia seguinte vazaram o extrato para a imprensa.

Precipitaram-se, os dignos funcionários públicos, ao julgarem os outros por si, e erraram o pulo.

Tão logo a movimentação bancária veio a público, Francenildo comprovou em cima: era um depósito realizado por seu pai biológico, como indenização para que não entrasse com processo de paternidade. Dinheiro com origem lícita, o caseiro não precisou alegar cláusula de confidencialidade, mesmo sendo assunto de vara de família.

Como também todos sabemos, o Sr. Palocci sempre foi a menina dos olhos do empresariado mais selvagem do Brasil. Não espanta que o remunerem tão bem com consultorias de..., bem, de alguma coisa. Por estas e outras deu em nada. Francenildo ficou desempregado e por pouco não acabou preso.

Por 5 a 4, o Supremo Tribunal Federal não aceitou a denúncia contra o Sr. Palocci, por... falta de provas. O ministro Relator do STF foi o Sr. Gilmar Mendes, sempre ele. Bem, pelo menos foi por falta de provas. Não foi necessário invalida-las. A peça onde o Sr. Gilmar defende o Sr. Palocci precisa ser estudada em todas as faculdades de direito.

Entretanto, o então presidente da CEF, Jorge Mattoso, admitiu que entregou pessoalmente ao ex-ministro da Fazenda, citando-o nominalmente por duas vezes, Antonio Palocci, a impressão ilegal do extrato bancário do caseiro. Mattoso foi indiciado por violação de sigilo funcional. Estaria preso? Ou com a vida arruinada? Nada disso, se vier a ser condenado receberá "pena" alternativa: de dois em dois meses, durante dois anos, proferir palestras em escolas da rede pública de ensino sobre o sistema democrático e o processo eleitoral. Um escárnio. Filho meu não vai a aula nesses dias.

Atualmente, na defesa para não pagar os R$ 500 mil de indenização devidos a Francenildo, por ordem da Justiça, os advogados da Caixa são categóricos na afirmação de que foi, sim, o gabinete do ministro da Fazenda o responsável pela quebra do sigilo. Os advogados não dizem isso em bar: é nos autos do processo.

Francenildo diz que nunca alimentou nenhum tipo de expectativa com relação a Palocci, "nem boa nem má". "Meu objetivo não é esse. Eu vejo é aquela velha história, quem acredita em Deus, sabe que aqui se faz e aqui se paga".


Ele tampouco quis criticar o Supremo Tribunal Federal (STF).  Diz: "Os quatro votos foram uma vitória, ficaria chateado se todo mundo tivesse ficado contra mim", acrescentando: "Agora, no meu caso, se eu roubasse um quilo de arroz pra minha família comer, iria preso".


Conta que, desde 2006, não conseguiu mais trabalhar com a carteira assinada. Ele faz bico como jardineiro, mas tem conseguido levar adiante o curso supletivo que termina este ano.


O ex-caseiro aponta como vantagem pessoal em relação a Antonio Palocci o fato de ter uma mãe que sempre o ensinou a andar na linha. "A educação a gente aprende em casa, a educação moral, ninguém vai tirar de você o que seu pai ou mãe ensinaram. Se bem que, no meu caso, minha mãe era os dois",  referindo-se ao pai que não teve, o dos R$ 38 mil "descobertos" por Palocci na conta da Caixa.


A família do ex-caseiro aumentou com a chegada do segundo filho há cinco meses, uma menina. Ele  afirma que seu patrimônio é muito maior do que o do ex-ministro: "Meu patrimônio cresceu mais do que o dele, com a filha que Deus me deu".

O que, diz Francenildo, vale muito mais do que os apartamentos de milhões que Palocci possui e o que diz alugar.

Quanto ao "Aqui se faz e aqui se paga", Francenildo, na contabilidade aqui da palafita só se fez, o pagamento ainda não veio.

Falta o camburão e um par de algemas.

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