miércoles, 1 de junio de 2011

Interrogando a JOÃO PERNAMBUCO

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Por la suerte? Vá se saber. Mas não creio. La suerte es grela.

Alguém me diga, por favor: como encontrei no youtube um rapaz, o Kelvin, compenetrado, solitário, bacano, solando uma música do João Pernambuco que ninguém conhece?

João Pernambuco (João Teixeira Guimarães, Jatobá, PE, 2/11/1883 - Rio, 16/10/1947), violonista e compositor.

Amigaço de Catulo da Paixão Cearense, com quem acabou brigando em certo momento da vida. Deu-se que o maravilhoso Catulo bebeu demais com as mulheres dos senadores, transou com todas  e esqueceu de dar o crédito de duas ou três músicas do Pernambuco, disse são de minha autoria.

Mas João Pernambuco as recuperou na Justiça da época, que não era tão demorada. Ainda hoje é rápida, com os pobres, e... ops, mania de mudar de assunto. Em seguida, amizade restabelecida, boêmio é assim, briga mas não guarda rancor, no outro dia é como se nada tivesse acontecido, a alma é pura, "comeram" (na verdade foram obrigados, devorados) as mulheres dos deputados daqueles longínquos anos, e seguiram amigos.

Ah, que delícia recordar, falar do "passado". Hoje tudo mudou...

João andou por Porto Alegre em 1916 com seu grupo Caxangá, numeroso, onde tinha muita gente boa, todos pobres de paris, inclusive um tal de Chico Dunga, um negãozinho de 19 anos que pela turma era chamado de Pixinguinha.

Tão bom era esse Pixinguinha, que num fim de noite, meio merengueado num buteco da Rua da Praia, quase esquina com João Manoel, que ainda chamávamos de Rua Clara, resistindo à moda de colocar nomes de milicos e..., bem, de políticos - que naquele tempo eram ladrões, alguns, mas nem tanto, quem tem, tem medo, as coisas se resolviam com pistola -, nas ruas da cidade, bem, naquele fim de noite Chico Dunga, ou Pixinguinha, compôs um choro/polca que batizou de "Carinhoso".

Enrubescemos e a modéstia nos impede de dizer em quem se inspirou. Dizemos somente que em 1916 Salito morava numa pensão mucufa, na Rua da Praia, com cinco mulheres alegres, no segundo e último andar, todinho nosso.

À frente da pensão, começava a se erguer um prédio fino, com projetista alemão, que viria a ser o Hotel Majestic (hoje Casa de Cultura Mário Quintana), unindo os dois lados da Travessa Araújo Ribeiro. Uma barulheira danada, a construção, todo santo dia, tanto que mudamos para o Alto da Negra Bronze, uma beleza, ainda tinha um matinho por lá. Apaixonei-me pela neta da negra Bronze, uma escultura de ébano, mas esta é outra história.

Bons tempos.

Nessa época, João Pernambuco era o Guajurema. E a troupe possuia muitos outros músicos populares, de primeira categoria, entre eles Caninha, Inácio da Catingueira, Vidraça e Borboleta. O Borboleta era foda, não podia ver um rabo-de-saia que endoidecia, por pouco não nos estranhamos, pois, como sabemos, a convivência entre iguais é complicada, quando não impossível.

Do João Pernambuco todos os iniciantes e terminantes de violão conhecem e tocam o maxixe Sons de Carrilhões. Mas daí a se perguntarem...

Interrogando é um jongo de 1928, ou antes, em 28 se sabia. Gravado em 30.

A base dos bons violonistas do Brasil, e de boa parte do mundo, é a sua obra.

Segundo declaração do formidável Heitor Villa-Lobos, "Bach não se envergonharia de assinar seus estudos". (Fonte: Ricardo Cravo Albin).

Heitor, que era chegadinho numa fada-verde, estava bêbedo nesse dia. Achamos nós que Bach se orgulharia de assinar.

Com todo o lixo despejado diariamente pelos criminosos do Brasil, todas as horas, em rádios e televisões, devastando cérebros, como é que o rapaz Kelvin me toca Interrogando no You Tube? Como?, se as concessões de rádio e tevê no Brasil, propriedades do povo, preferem música, hummm, sei lá, texana?

Que vem da alma eu sei.

Mas isso tem um porquê. Tem que ter. De onde o rapaz tirou? De um professor lindo e simples, sei, parece que o vejo. Mas como o rapaz foi parar lá, e porque ficou? E o professor, de onde veio?

Em Teresópolis tem rapazes assim, tem em Viamão, em Palmeira, em Bordeaux, em Ilhéus, em Maringá, em Bagé, em Recife, em Belém, em... Bujumbura, em todos os lugares do mundo. Muito poucos, mas hay.


Alguém me diga.


Alma livre, fina, e tormentosa, o bom gosto, tudo entendo.

E a coragem para resistir?

Desde el alma?

E por que, por fim, ainda não pegamos em pedaços de pau e destruimos os maus, no covil de brasília?

El alma?

Que alma?

Obs:

Kelvin Borrero é nova-iorquino do Bronx, tem 22 anos - 21/5/1989 -, morou no Queens, e depois por problemas familiares (mania de se separarem estes bobões de pais; pai e mãe só fritando, ó deus do céu... Né, Natividad?) viveu na República Dominicana, después em Santo Domingo. Última notícia que tenho é que estava em Miami, mas pensava em sair de lá.

(A observação acima foi retirada de outra postagem deste blog, de 5 de junho de 2011, com o título de Se eu roubei teu coração, AQUI.)



Abstraídas as brincadeiras que se pretenderam leves (uma pessoa culta não entendeu, daí esta explicação), o músico, professor do Kelvin, era naquele momento ninguém menos que Turíbio Santos, brasileiro, um dos melhores violonistas do mundo em todos os tempos. Há referências neste blog, para encontrá-las, as mal-traçadas, basta digitar o seu nome na procura.

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