Fui eu. Roubei de novo.

.

.mmmm
.

Em 15 de setembro de 2010 postei AQUI um texto chamado Fui eu!, isentando de qualquer culpa as pessoas citadas e não citadas. Assumi a autoria de toda a roubalheira, pois declarei solenemente: Fui eu.

Nada aconteceu comigo: se não sou um cidadão acima de qualquer suspeita, sou considerado lá no Beco do Oitavo, todos sabem como ganho a vida, quando ganho. Não preciso de proteção.

Assim, caro João da Noite, pode ir se retratando, não esqueça que podem te processar por calúnia, injúria e difamação, velho triunvirato da ditadura que ainda funciona para calar a plebe que sabe um pouco mais.

Olhem só a minha desfaçatez: enquanto escrevia toda aquela barbaridade, lá em setembro, eu cometia uma pior!

Quem vendeu o caminho das pedras e embolsou investimentos (a hipocrisia nacional chama de "doações") de campanha, naquele turbulento período que antecedeu as eleições presidenciais, fui eu. Parte dos polpudos investimentos realizados pelos empresários que apoiavam o Plínio de Arruda Sampaio, meu candidato milionário.

Mas embolsei a bijuja direitinho, tudo com notas fiscais, uma meia-dúzia, se a memória não me engana, onde se lê no corpo: serviços técnicos prestados.

Sequer me dei ao trabalho de forjar extensos relatórios sobre onde os tiranos deveriam meter, humm... essa palavra não soa bem..., onde deveriam aplicar o dinheiro extorquido do povo através de suas obras e taxas superfaturadas. Relatórios elaborados por escravos, claro, para apresentar em caso de necessidade posterior.

Eu sou um asno, não sei como dou consultoria aos poderosos malfeitores , pois há outros meios de se fazer "mexes" sem deixar pegadas.

Bem, em último caso vou alegar que prestei serviços de viva voz, sem nada escrever, tipo faça assim, faça assado, fale com o sicrano, diz para o beltrano que fui eu que te mandei, deixa que eu ligo para ele, e passe um milhão para cá.

Mais burros são os caras que me pagaram. Os pobrezinhos, tão ingênuos, me pagaram 20 milhões (por dentro) por um serviço que qualquer bom técnico cobraria 20 mil, serviços de... ah, sei lá, faz muito tempo, não recordo.

Agora estou com alguns problemas: a vizinha do lado me viu de casa nova em outro bairro da cidade e insinuou que andei afanando a santa passeadeira da Igreja Santo Antônio de Lisboa do bairro Partenon.

Isso se espalhou, toda a vizinhança aqui do pombal me olha diferente. O assunto ganhou proporções: já comentam que deitei a santinha no sofá e enfiei-lhe uma faca de mesa naquele lugarzinho, escorrendo as moedas, que aliviei o peso da santidade e depois a joguei junto aos túmulos do cemitério judeu da avenida Oscar Pereira.

Um horror. Tratei de ganhar tempo, nada de perder a calma. 

Enganei-os uma, duas, três, mil vezes, posso fazer de novo. Os que sabem, do governo anterior, digo, da visita anterior da santa, ficarão quietinhos, um rabo que vai daqui até o Oriente, passando por Creta e Hong Kong.

Enquanto isso, mandei elaborar os tais relatórios, com visual colorido de alta tecnologia financeira, que comprovam a lisura do meu trabalho. Há coisas difíceis de serem forjadas, sempre existem bons (e honestos) auditores e advogados, e consultores de verdade, estes sim, especialistas, que desatam a rir ao passar os olhos pela armação, então é temerário aparecer com relatórios com tinta nova e conteúdo desprezível, mas talvez os apresente, depois que o Procurador os solicitar, se os solicitar, pois acho que não vai.

Então, em nome da governabilidade, peço aos brasileiros que ouçam aos nossos dirigentes. Homens da envergadura de Cândido - ai que nome lindo, é o próprio sanitário - Vaccarezza, Romero Jucá, este muito caluniado pela fortuna bem havida, e José Sarney, imortal que dispensa comentários, todos com imaculada vida pregressa e líderes do nosso amado governo de esquerda.

E isso, acima de tudo, por uma questão de justiça, pois insisto, novamente: FUI EU!

Só não entendo o ar encabulado do senador Paim, ao defender o ministro injustiçado, nem o silêncio da Dilma, se em poucos minutos poderia ter tomado satisfações de seu subalterno, mas isto se explica: uma pessoa educada não toma satisfações de seu principal assessor. Assessor que ela mesma (?) escolheu, diante do gritedo de um abobado blog Ainda Espantado.

Menos ainda entendo o Pedro Simon, ao pedir em plenário a cabeça do tadinho do Palocci (chamando-o de "meu amigo"), e agora a senadora Ana Amélia, afirmando que assinará o pedido de instalação de CPI. Deve ser luta política, pensei, pois até o Chavez recomendou "Fuerza, fuerza" ao impoluto ministro gordinho, de bigodinhos, temi que os mariners estivessem chegando, porém ao menos no horizonte do amado Rio Guaíba não os vi. Mas, que luta?, repensei, se ambos, Pedro e Ana, fazem parte da "base do governo", como é chamado esse frankenstein cego pelo butim.

Em outros temas até compreendo o Chavez, mas desta vez me surpreendeu. Fuerza, fuerza..., mas fuerza no quê, cara-pálida? Na elaboração de relatórios falsos? Vá apitar onde tu manda, moleque, fora daqui.

Aguardo-o aqui na palafita, para me desejar Fuerza, em vez de Devolva, quiçá até argumentar que a santinha estava doida para ser enrabada, digo, assaltada.

E pelo menos um grande sindicato finalmente também pede a cabeça do inocente. Bem, desses gigolôs tudo pode se esperar.

Isto posto, deixem o homem em paz, conduzindo o Brasil com elegância e honestidade em direção ao seu grande futuro.

Dou mais uma "pequena" pista da minha culpa: mandem alguém que entenda do assunto quebrar o meu sigilo bancário.

Prendam-me, seus hipócritas.

Salito.