jueves, 15 de septiembre de 2011

A injustiça com... KID PEPE (José Gelsomino)

.
Hoje cumpre-se os 50 anos da morte de Kid Pepe (José Gelsomino, 19/9/1909, Montesano, Itália - 15/9/1961, Rio de Janeiro, RJ). Compositor, cantor e radialista.

Kid Pepe veio para o Brasil ainda criança. Teve uma vida difícil, tendo exercido modestas profissões como engraxate, garçom, vendedor de jornal e até boxeador, profissão que lhe servia para, em alguns momentos, dizem alguns, coagir e intimidar seus colegas.

Em 1933, teve sua primeira composição gravada e também seu maior sucesso, o samba "O orvalho vem caindo", em parceria com Noel Rosa e registrada na Rca Victor na voz de Almirante.

Ficaria para sempre a sua fama de truculento e intimidador. É um dos personagens mais controvertidos da época de ouro da MPB nos anos 30 e 40. Por uma simples razão: quem conta a história são os "vencedores". 

É como um cantor entrar no programa Caminhão dos Faustão, algo assim, e mandar tomar no cu o apresentador e o dono da rede, por desídia, por serem maus. No dia seguinte quem contaria a história? Em trinta anos, qual história prevaleceria, a daquele que não pôde falar, cortaram o microfone e o arrastaram para fora, ou a dos animais que seguem esfolando o povo? Que o diga o grande João Dias, quando mandou à merda, pondo os pingos nos is, ao vivo, ao sujo do Flávio Cavalcanti e a sua rede. Os donos de tudo acham que podem tudo, e podem, mas tem uma coisa que não podem, por falta de mundo, entender nem mensurar: o ser humano se habitua a tudo, até à miséria, então voltar para ela não custa nada, se o preço for um minuto para dizer a verdade. E tem muita gente, como eu que estou lá no fim da fila dos lembradeiros, que não esquece e registra.

Na  verdade, a inveja e a calúnia, traiçoeiras, tiveram sua nefasta contribuição na trajetória e queda de Kid Pepe. Transformaram-se em covarde difamação, pois os covardes só começaram a derramar o fel depois da sua morte.

Há irresponsáveis que dizem, de ouvido comido pelos escravos das redes, que o próprio samba "O Orvalho vem caindo", que compôs em parceria com Noel Rosa, seria somente de Noel. Só rindo.

Ora se não parece exagero: um simples imigrante intimidando logo toda a malandragem do Rio de Janeiro, para não falar nos outros parceiros famosos, como David Nasser, Peterpan, Zeca Ivo, Germano Augusto, Zé Pretinho, Dante Santoro, Jorge Faraj, Castro Barbosa, Roberto Martins, Antônio Almeida e tantos outros, homens com H.

Inverossímel para qualquer criança. Já não basta a plim-plim dos barões da lavagem cerebral, os bispos "ameigos" de hoje em dia por um centavo, que fazem a gente crer até em... até em que mesmo? Ah, na perfídia de alguns humanos. Como dizia Lupicínio, "e só por dinheiro, sabe o que fez esta ingrata mulher...".

Certo é que seu gênio tempestuoso lhe valeu muitos inimigos, pelas costas, de modo que depois que morreu como indigente ficou fácil a difamação, que persiste nos dias de hoje. No centenário do seu nascimento, em 2009, não ouvimos um traque.

Porém nem tudo são espinhos, há gente que vai pesquisar antes de repetir maldades. Norma Hauer é uma dessas pessoas:  

Kid Pepe fez parceria com vários compositores, sendo o mais constante Germano Augusto, também não nascido no Brasil: era português.

Foi responsável ao lado de Germano Augusto pelas duas primeiras gravações de Orlando Silva: "Ondas Curtas " e "Olha a Baiana". É também de sua autoria a belíssima valsa "Lágrimas de Rosa", com música de Dante Santoro, também gravada por Orlando Silva.

Ainda de sua parceria com Germano Augusto, Carlos Galhardo gravou três sambas: "Beleza Mia", "Eu Gosto de Um certo Alguém" e "Castigo de Deus".

Em "Beleza Mia" fez uma certa alusão à guerra da Itália com a Etiópia, então denominada Abissínia, dois anos antes da segunda guerra mundial. Começava assim:

"Faceta Nera,
Bela abssina.
O carnaval para mim é papa fina.
A turma lá do estrangeiro
Vem gastar dinheiro na surdina."

Gravou também com Francisco Alves ("Carnaval de Minha Terra", parceria com Aldo Cabral) e Nelson Gonçalves ("Essa Mulher").

(NE: Alguém pode imaginar um parceiro intimidando Nelson Gonçalves, campeão paulista de boxe, um gênio de sai da frente, um boêmio à toda prova, ora, só rindo. Ou o maiúsculo Chico Alves, Rei da Voz, ídolo do Brasil, que não era nada fácil?).

Em parceria com Jorge Faraj deu para Victor Bacellar o samba "Formosa Mulher", para Mário Reis compôs com Raul Resende "Adeus, Saudade"; da parceria com Orestes Barbosa, Araci de Almeida gravou "Eu por Você" e Patrício Teixeira gravou dois sambas de Kid Pepe: "Eu Era Feliz" e "Sabor do Samba" (ambos com Germano Augusto).

Depois de 1944 deixou de compor, afastou-se até 1961, quando apareceu como indigente no Hospital Getúlio Vargas, onde faleceu sem completar 52 anos, em seu "inferno zodiacal". Dia 15 de setembro de 1961.


(A guerra contra a Etiópia, citada pela querida Norma Hauer, refere-se à invasão sem aviso e ao assassínio em massa, gás venenoso e metralhadoras, promovido por um animal chamado Mussolini e pelo povo italiano, "guerra" contra pedras e lanças de madeira de seres humanos que assim desarmados tentavam defender as suas famílias, como já referimos neste blog em "O Rei dos Reis etíope", AQUI

A partir da década de 40 de fato a sua carreira começou a declinar, pois, como Noel Rosa, bebia a não mais poder, e morreu de cirrose.
 
Abaixo, "O orvalho...", com a espetacular cantora paulistana Fabiana Cozza. Ao terminar estas linhas a minha guria de 4 anos se escala no colo, olha e diz: "Pai, o homi de chapéi -  assim mesmo, chapéi - e camisa azui não é aquel que vimos outi dia?". É sim, branca, é o seu Monarco da Portela.

Tintim, Kid.
 




Capa em 15/9/2011:

João da Noite: Com a saída de um patrunfão boneco do Sarney, e a entrada de outro, cientistas políticos do jornal Plim-Plim concluiram que o sai um ladrão-entra outro é resultado da política de alianças baseada no loteamento de cargos. Oh, como descobriram? Explica, Lula, seu moleque irresponsável, que na verdade foi a troca do poder, pelo poder, pela admissão da orgia.







No hay comentarios.:

Publicar un comentario