Hoje a jornalista Beatriz Fagundes, em O Sul (RS) aponta a artilharia para o peito do governador. Prometer ele soube. Fala em condenação à ilegalidade do "bico". Quando não a coisa pior, Beatriz. Da bem remunerada Gangue da Matriz não se ouve um pio. Vale a pena replicar aqui a matéria.
Fábula de La Fontaine
"Há muito, muito tempo, os Ratos reuniram-se em assembleia para decidirem em conjunto o que fazer em relação ao seu inimigo comum: o Gato. Depois de muito conversarem, um jovem rato levantou-se e apresentou a sua proposta: 'Estamos todos de acordo. O perigo está na forma silenciosa como o inimigo se aproxima de nós. Se conseguíssemos ouvi-lo, podíamos escapar facilmente. Por isso, proponho que lhe coloquemos um guizo no pescoço'. A assembleia recebeu estas palavras com entusiasmo. Foi então que um Rato Velho se levantou e perguntou: 'E quem é que vai colocar o guizo no pescoço do Gato?' Os ratos começaram a olhar uns para os outros, e não houve nenhum que se oferecesse para levar a cabo semelhante tarefa. Então o Rato Velho, terminou, dizendo: 'Propor uma solução é fácil, o difícil é pô-la em prática'."
Essa é a fábula de La Fontaine, e serve de moldura para a situação dos integrantes da Brigada Militar (soldados) que supostamente seriam responsáveis pelos episódios de queima de pneus durante as madrugadas nas rodovias e avenidas do Rio Grande do Sul.
Li que o Comando já teria as identidades de três ou quatro responsáveis pelos incêndios. Li também que o governo ameaça interromper as negociações se as manifestações (queima de pneus) não forem cessadas.
É de conhecimento público e notório que os servidores da BM e PC que garantem a segurança pública no RS recebem o menor salário na Federação. Sem exceção, todos reconhecem essa condição de miserabilidade. Nossos soldados, sargentos, inspetores, escrivãs e congêneres são condenados a praticar a ilegalidade do "bico". O segundo emprego, a segunda fonte de renda. Mas o Estado (o patrão), sabedor desta condição maligna a que estão submetidos os trabalhadores, vem se mantendo como apenas um ecônomo e não como um administrador definitivamente responsável por colocar a "casa" em ordem.
É de conhecimento público e notório que os servidores da BM e PC que garantem a segurança pública no RS recebem o menor salário na Federação. Sem exceção, todos reconhecem essa condição de miserabilidade. Nossos soldados, sargentos, inspetores, escrivãs e congêneres são condenados a praticar a ilegalidade do "bico". O segundo emprego, a segunda fonte de renda. Mas o Estado (o patrão), sabedor desta condição maligna a que estão submetidos os trabalhadores, vem se mantendo como apenas um ecônomo e não como um administrador definitivamente responsável por colocar a "casa" em ordem.
Se, hoje ou amanhã, o Comando da Brigada Militar apresentar à sociedade gaúcha dois, três ou quatro integrantes da instituição como sendo responsáveis pelas queimas de pneus, prometendo enquadrá-los nos rigores de seu estatuto, estaremos assistindo apenas o Gato flagrando o miserável Rato que, insano, teve a coragem de tentar colocar o guizo.
Deprimente. Em meio aos festejos da "Legalidade" e nas vésperas do 20 de Setembro, qualquer atitude radical do Palácio Piratini (prendendo soldados, encerrando as negociações) soará como um acinte à história dos Farrapos e às barricadas que protegeram a Praça da Matriz naqueles dias cinzentos de 1961.
Naqueles dias, tropas da Brigada Militar foram então colocadas em estado de alerta para defender o Palácio e armou-se o clima de guerra civil. A capital do Estado tornou-se, durante os 12 dias que durou a crise, uma praça de guerra. O Brasil dividiu-se. De um lado estavam os legalistas, mobilizados por Leonel Brizola e apoiados por parte considerável da sociedade civil, que se mantinha fiel à Constituição; do outro, alinhavam-se os golpistas da junta de Brasília, cuja sustentação civil mais significativa vinha do tonitruante Carlos Lacerda, o mais expressivo líder da UDN e velho inimigo dos getulistas.
Comemorar os bravos atos dos brigadianos durante a Legalidade, enquanto se determina perseguições nos dias atuais, soará como hipocrisia social inaceitável. Como o Velho Rato da fábula, não temos o método, a melhor forma, mas, todos, conhecemos o problema - salários indignos, aviltantes -, portanto, cabe aos administradores, sem ameaças ou demonstrações de força, radicalizar na busca de uma solução para o velho problema.
A conferir!
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