Passei andando pela rua do Brique, a JB, antes de vir para casa. Com cara de sono, os artesãos, antiquários, artistas plásticos e a variada turma do rango recém iniciavam a colocar as mercadorias em exposição.
O frescor matinal, o cantar dos passarinhos, ah, a primavera é linda quando se volta para casa contente.
Levei um lero com os conhecidos. O camarada Marrom, também conhecido como Wilson Borges, da banca das carteiras e objetos de couro, me abraçou apertado e disse que nunca envelheço, bonito sempre. Nada como ter amigos.
Respondi que me mantenho em relativa forma porque ando chupando muito suco de lima. Acho que foi lima o que falei.
Fiquei dois minutos parado fixando a morenaça daquela banca que não digo, depois segui meu caminho. Ela lá, curiosa com o interesse daquele coroa de óculos de breu, terno azul, camisa azul e gravata azul àquela hora da manhã. Botei um grilo na morocha. Ela nem sonha com o que a espera.
.
.
Vindo de noite abolerada, não me saía da cabeça um samba do Moacyr Luz, o Poeta da Guanabara. Dos nossos. Está vivíssimo, pelas ruas do Rio, pelos bares do Rio. Sempre bebendo bem.
Saudades do Rio de Janeiro e seus bares, é tempo de novamente mudar de ares.
Saúde, Moacyr!
Pra que Pedir perdão? (Moacyr Luz - Aldir Blanc)
Se é pra recordar dessa maneira,
sempre causando desprazer,
jogando fora a vida em mais uma bebedeira,
ó, sinceramente, é preferível me esquecer
Eu te prometi mundos e fundos
mas não queria te magoar
Eu não resisto aos botequins mais vagabundos
mas não pretendia te envergonhar
(marquei bobeira...)
Vi muitas vezes o destino
ir na direção errada
e a bondade virar completo desatino
a carícia se transformando em bofetada
Ah, eu sou rolimã numa ladeira
não tenho o vício da ilusão:
hoje, eu vejo as coisas como são
e estrela é só um incêndio na solidão
Se eu feri teu sonho em pleno vôo
pra que pedir perdão se eu não me perdôo?
A poesia é boa até quando tem gosto de dor, né, Salito?
ResponderBorrarÉ, sim, meu amor.
ResponderBorrar