miércoles, 15 de septiembre de 2010

Fui eu!

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Ex Prezada Mad Madam Mim.

Uma matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira diz que o irmão da ministra Erenice Guerra, da Casa Civil, José Euricélio Alves de Carvalho, é apontado por auditoria do próprio governo como responsável pelo desvio de R$ 5,8 milhões da editora da UnB em contratos fantasmas. No desvio, estariam inclusos pagamentos ao próprio José Euricélio e a Israel Guerra, filho da ministra que atuaria como lobista.

Essa Folha... vive a inventar coisas, não sossegam!

Euricélio e, que junção legal, Israel Guerra, devem ter sofrido muito com bullying, uma prática execrável que muitas vezes conduz a vítima ao delito. Recomendo a leitura do livro do escritor Marcos Rolim, eu estou lendo, Carlito - Dulcemano - Yanés, meu amado uruguayo e cubano, brasileiro de amor, por conta de ser pai de uma tropinha de meninos, me trouxe um exemplar.

Há uns cinquenta anos penei com isso, pelo nome que carregava, pelas roupas velhas e apertadas, pelo jeito de andar, pelo sotaque, por tudo, mal sabia que era porque eu era pobre, pouco vigoroso fisicamente e um ano, por baixo, mais novo que todos (naquela faixa de idade um ano é muito!). Indefeso em um meio estranho, na primeira em que entrei na escola percebi os risinhos. Pior foi depois, no prevalecimento, chegar em casa com os lábios rachados, escondendo da mãe.

Vinguei-me logo que alcancei os caras em corpo e estatura, Deus foi generoso comigo, me deu algum cérebro, e isso a riqueza não lhes deu. Alguns continuavam maiores e malvados, mas precisei somente completar 14 anos, ali estava pronto. Peguei-os um por um, longe de todo mundo, rua escura, de frente. A sós eles não são tão valentes, ou tão covardes.

Hoje sei que eram mocinhos, no fundo inculpables, e sei que trouxeram de casa a má-criação, não foi na escola que aprenderam. Azar, me pagaram, e como.




De acordo com a reportagem, a relação de pagamentos, digamos, suspeitinhos, da UnB traz pelo menos R$ 134 mil destinados a José Euricélio e a Israel Guerra entre 2005 e 2008, período em que Erenice, depois de passar por um caminhão de cargos de dívida de gratidão política (esse o melhor eufemismo que me ocorre agora) era secretária-executiva da Casa Civil, subordinada à então ministra Dilma Rousseff, atual candidata do PT à presidência da República.

A ti, Mad.



O jornal diz ainda que José Euricélio era da direção da editora e coordenador-executivo dos programas que, segundo relatório da Controladoria-Geral da União, tiveram R$ 5,8 milhões desviados para 529 pessoas.

Um cargo de muita responsabilidade, parabéns ao Euri, chegou lá.

Claro, sei que você, sempre tão competente quando ministra, gerentona cuidadosa, de faca na bota, bem informada, não podia sonhar com coisas assim, imagine. E não se pode mandar investigar os funcionários e amiguinhos, nem falo no crime de violar contas bancárias, como o Boquinha fez com o Francenildo, que depois quase morreu de fome pela covardia da sociedade que o Boquinha mandava. Onde anda esse filho de uma puta asqueroso? Não o caseiro Francenildo, o outro.

Não pode mesmo, imagine se a família de uma amiga iria ter indícios de enriquecimento ilícito. Incompatibilidade patrimonial? Nem pensar. Ler relatórios de Controladorias? É coisa para burocratas que não tem o que fazer, ora.

Sabe o que mais? Eu sei que esses caras são inocentes, pois FUI EU que roubei. E isso aí que divulgaram é nadinha perto da obra toda, as notícias não me fazem jus. É muito mais.

Aliás, toda a roubalheira, desde o governo Collor, passando por Sarney, Fernando Henrique e agora no governo atual, nunca teve culpados, simplesmente porque não me pegaram, tudo FUI EU.

Quaquaquá, eu. Se metam comigo.

EU SOU O LADRÃO SUJO, CRÁPULA! Até ASSASSINO, na medida  em que roubei recursos do povo enquanto crianças morriam de fome neste país de filhos da puta. Comprei brinquedos caros para as minhas crianças, futuros bandidos de pobrezinhos na escola.

Outro dia trarei a lista de todos os casos de gatunagem (concussão, formação de quadrilha, furto qualificado, extorsão direta e indireta, apropriação indébita, estelionato, uma lista enorme, sou culpado até de comer sem pagar no restaurante do senado) e os nomes dos justos injustamente acusados, até o querido Marcos Valério teve o desgosto de ver seu nome envolvido, alguns pensam que é um monstrinho malcriado e irresponsável, a começar pelo seu país, pura mentira, pessoas que dizem merecem prisão.

Sim, fui eu. Sempre fui eu, não me viram?, aqui escondido atrás desta máquina de escrever, espalhando desgraça, sendo tratado de doutor, eminência, mesmo sendo um vagabundo de última categoria, vulgar, de causar vômito só pela pose que mantenho? Por eu ser um merda que perto de mim gigolôs de prostítulos ralés são gente de bem?

Não perceberam? Ou perceberam e ficaram todos quietinhos, na esperança de roubar, digo, levar algum? Ou de medo?

Admiro-me de eu mesmo. "Me abri pra mim mesmo", como disse Teodósio, o Moço, ao acertar na loteria esportiva e em seguida determinar que os salteadores de estradas, os ladrões qualificados, os apóstatas, os hereges, os mentirosos e os agoureiros não possuem direito de asilo. Dificultou, amizade, em qual das duas casas públicas irão se esconder os imperiais meliantes, quem lhes dará abrigo amanhã ou depois com uma ficha dessas?

Como consegui tal façanha, não possuindo competência de parentesco? Como pude, se não fui nomeado vampiro em banco de sangue por ser filho de alguém da nomenklatura? Que milagre me permitiu essa proeza se os portões dos palácios se cerravam à minha passagem? Como, se tenho aversão a lustrar botas com o lingueirão e não sou proxeneta em eleições?

Problema para os julgadores, Salito ficará silente no tribunal, conforme faculta o Art. 5º de Hamurabi. Se quiserem, que entendam que a confissão não basta, e provem. Eu não sou um desses canalhas, não minto, não nego. Eu confesso.

Fui eu.

Viu, Ricardo Kotscho, diz aí que o gatuno Ainda Espantado se auto-incriminou, no verbo.

Gatuno é uma maldade que se comete com o gato, só por causa da mãozinha rápida e sorrateira, mas o que fazer, tornou-se corriqueira a referência ao insidioso L. A. R. Appio da antiguidade, nosso estimado larápio que hoje desfila encantado pelos corredores de Brasília.

Estamos entendidos, Mad? Agora pode voltar ao seu emprego de candidata a presidenta, vai.


Desabraço.


Salito


Y así pasan los dias.

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Foto: Um listrado e ladino gato gordo, de descendência ignorada, salvo ser filho da mãe.

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