martes, 10 de mayo de 2011

Catulo da Paixão Cearense

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Catulo, que se chamava de fato da Paixão Cearense, nasceu no Maranhão, em São Luís, em 08 de outubro de 1863, e morreu no Rio em 10 de maio de 1946.


Aos 17 anos, depois de andar pelo Ceará, foi parar no Rio de Janeiro com a família, o pai era relojoeiro e se instalou na Rua São Clemente. Ali abandonou o seu antigo amor, a flauta, e se entregou ao violão, na época um instrumento maldito, coisa de gentalha. Logo seu pai quebrou-lhe um violão na cabeça, para aprender a não andar se envolvendo com boêmios.

Pobre a dar com um pau, após a morte do pai deu uma de estivador, morando em Copacabana, um deserto distante de tudo.

Mas o guri era bom. Após umas garrafas de vinho Periquita, dedilhando seu violão e cantando coisas de amor, todas as mulheres dos políticos, de senadores para baixo e para cima, queriam dar para ele. Dar atenção. Não contente, ainda queria a atenção das protegidas das mulheres dos políticos, de modo que acabou casando com uma, após o gentil convite de um delegado de polícia. Mas seguiu recebendo a atenção das políticas ricas (por alguma estranha razão, todas são abonadas).

Ricardo Cravo Albin, Aqui, tem belos detalhes de sua obra e de sua vida.
 
Apesar de grande sucesso, era um um cara muito simples, sincero, desprovido de ganas pelo vil metal, muito diferente dos Cobertos Ralos e sertanojos da vida.  Assim, é claro que vivia duro. Para quê dinheiro?, pensava ele, se amor tenho de graça, sou o cara. Que paguem os que precisam pagar. 
Definitivamente: dos nossos.
 
Viveu os últimos anos de sua vida num barracão da rua Francisco Méier (hoje Catulo da Paixão Cearense). Lá recebia amigos que não o esqueciam, como Monteiro Lobato, o poeta espanhol Salvador Rueda e o tenor mexicano Alfonso Ortiz Tirado (a Voz Romântica do México). Além dos cordeiros políticos, obviamente, que cediam à insistência de suas mulheres: batiam pé, choravam, queriam porque queriam ficar algumas horas a sós com o boêmio.
 
Morreu sem um tostão furado. Foi velado na Associação Brasileira de Imprensa e depois levado para o cemitério São Francisco de Paula, ao som da Banda do Corpo de Bombeiros tocando a Marcha Fúnebre. O cortejo ia passando e o comércio ia silenciosamente fechando as portas. No cemitério, tal era a multidão, foi discurso que não acabava mais, tanto que, quando os menos tontos se deram conta, era noite alta. Então, sob uma imensa lua cheia, Alfonso Ortiz começou a cantar seu maior sucesso, Luar do Sertão, e logo milhares de vozes se juntaram em homenagem ao poeta morto.
 
Marisa Monte, a deusa-cantora (sempre ela), registrou um poema de sua lavra, com linda melodia de Pedro de Alcântara.
 

 
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