sábado, 27 de agosto de 2011

Café História

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Um dos melhores blogs do Brasil, o Café História, pegou Salito no contrapé. Publicou algo que havíamos deixado para os advogados. Foi o tempo de escrever aqui, o diretor de lá por acaso pegou, nós tiramos depois, mas já era.

Não era nada demais. Era de menos. No dia em que tiramos pensávamos em fritar a pimenta, e naquele dia não passava na cabeça apenas cozinhar.

Como hoje não passa. Naquele dia, disse que o deputado ganhou Kafil, Miquirina, etc. Sim, ganhou: para inimigos. Mal sabe pegar num copo. Mas sabe mentir? Sim, como os bispos da universal, para pessoas... deixa pra lá.

Então vai hoje, tudo. De menos. O Sr. Pimenta e sua turma, ai deus meu... Ainda os verei na cadeia. Estelionatários. Pronto. Hoje, não. Mas um dia vou ver.

Ao Café: aceito não receber o crédito, nada, um passarinho escreveu. Mas, como dizia Paulinho da Viola, não me alterem o samba tanto assim.

E saiba, Café - para o Café amigos cliquem AQUI -  (grato, Schumacher, pelo endereço), me sinto muito honrado: vocês foram os únicos que lembraram de mim, ao me transcrever. Aí mora muita coisa boa, sincera, de coração. Muito obrigado, sério. Altaneiros, para usar uma palavra fora de moda.

E:


"Para que não paire dúvidas, Señor Pimenta, explico o 'não desce', começando pelos erros meus. Desde já, confesso que as ruins não conto, nem as bem boas. O que vai é uma tentativa de entender certos seres humanos, que não entendo.

Ainda menino, numa miséria dos diabos, quando arranjei algum, trabalhando feito condenado, um dia bebi demais e já-já me vi no meio do frége, na rua Ernesto Alves, na calçada, às nove da manhã na frente do puteirinho, com a cafetina no colo, tirando retrato.

Cansado de morar em pensão, de não ter dinheiro... Cansado de ensopar travesseiro no escuro, que vergonha. Depois 69, viramos. Eu no colo da pobre velha perdida. As duas moças dela ao lado, grudadas. Um companheiro, que nunca vi, ajudando. Ele tinha mais grana, eu tinha menos quase nada e uma adaga nas costas, de pegar por cima. Mas fui eu que botei a octogenária no colo para a foto, morto de medo - aquele não era meu mundo - e sorri sem jeito para o fotógrafo, não me pergunte de onde ele saiu. O que me sustentava era a música que vinha de dentro, Eydie Gormé y Los Panchos. "Aunque viva, prisionero, en mi soledad, mi alma te dirá, te quiero...".

Flores Negras, soube 15 anos depois. Um fugido do mato de 20 anos acabou ouvindo um tal de Orlando Silva ao meio-dia no quarto da velha, coisa mais antiga... mas me senti o Número Um na voz do antigo e célebre cantor, ela em pé mudando os vinis com sofreguidão, eu enleado com as duas morenas de 19, pelados na cama, a velha gostava de ver, incentivava as moças, mas ia e voltava para o Número Um.

Descobriram que eu era apenas mais um quando reviraram meus bolsos. Um começo comum. Depois cresci, melhorei. Nunca menti ou roubei, mas fiz horrores de melhor, melhor de pior. Menino... mais filhas que dedos no corpo. Não matei, mas tive vontade, naqueles momentos em que dá mesmo vontade, sanguínea, ao ver tanta miséria, tanta criança penando, tanta mentira, tanta... meu Deus. Isto assim, contado rapidamente, pulando cenas e lágrimas, é apenas para dizer que assumo a foto, seu. Esse sou eu. Se errei, errei, mas fui eu, sozinho. Ninguém me manda, ninguém. A Dilma sabe do que falo. O desmoralizado do Lula é problema teu, sabão de uso pessoal. Guardei cartas.

Venho vivendo sem um centavo. Houve momentos em que pensei em pegar em armas. Só por dar as costas à nomenklatura fedida.

Pero jamais dei ouvidos e assuntos para pessoas falsas, nem para ladrão. Para ladrões e criminosos, vítimas, eu dava palestras em presídios, a convite deles, as "otoridades" jamais me convidariam, mas os presos se revezavam, um deles abria mão de um familiar a cada vez, e sentado no meio do horror, sobretudo, terno e gravata de escravo pelas crianças (já na época sonhava em surrar um banqueiro), no meio do presídio Central onde guarda não era doido de entrar, as galerias pululando de meninos solitários, presos por roubar galinha, por matar patrunfos, por vender droga, todos misturados, eu tomava a pinga deles, firmava a voz e iniciava a la seu Jaime Caetano, grave: meus irmãos de território, é o payador das Missões, que despontou dos fogões, seu bárbaro repertório, que chega prum ajutório.., aquele silêncio sem fim de 1.000 homens onde cabiam 150, e Salito falando sério para não chorar, ouvindo soluços enrouquecidos e outros suaves, marulhar de lágrimas dentro daquilo, mas dizendo que a gente precisa ter fé... palestrava enquanto alguns aqui fora brincavam de bonecas ou iludiam o povo com Sim, te compreendo, querida... Os verdadeiros brutos, aprendi, estão aqui fora, como eu suspeitava desde que nasci, seu moço. Comece olhando para o chefe do seu partido. Se olhar para os dos outros, desmaia.

Nunca andei de sussurros em ouvidos feito coitadas putas da guerra do Paraguay, brincando de fazer bandos contra os... Ara, contra quem, meu.

Num dia em que entrei nervoso em Charqueadas, vi o perigo. Ao me verem nervoso queriam saber quem foi, olhinhos brilhando, pedintes, diz, horas a fio, diz, diz... Enfureci, calem a boca, me respeitem.

Ao mentir, não dizer, salvei a vida de um canalha. Menti então, contrariando o que disse lá em cima, mas esta não vale.

Morri direto dez anos de fome e aguentei. Um nada, nem recordo. Um ovo por dia para comer, se tanto. Acha que acho bonito? E um dia uma mulher me sentou na caixa de ovos que era para um mês. Comi grama. Sopa de grama, já ouviu falar disso?

Fui injusto, por muito moço, falta de pai e de colégio, falta de dentista, falta de tudo, de namorada, de xoxota, de amor, por recalcado (eu não sabia que isso era virtude, eles, os amigos de tipos como os ministros de 1.983 e de agora, diziam que era feio), deixei de valorizar quem me amava e eu amava também. A raiva dos horríveis lá fora me cegava. Hoje sigo sendo injusto, mas muito menos.

Mas, peraí, nunca desci para o escurinho de estacionamento do cabaré de Brasília acompanhado de velhacos sujos como o Marcos Valério Mensalão, levando lero para sei lá o quê, que sei muito bem. Se falei alguma vez com o cara-cortada em cera do José Dirceu foi para chama-lo de covarde em aeroporto, eu desarmado e ele com gorilas. Teve sorte, o filho da puta (nada a ver com mamãe, respeito a minha tanto quanto a do Hitler), não me tocaram, se tivessem tocado ele estaria fora do processo dos 40 ladrões.

Ou 400, sei lá, perdi a conta e a cada dia aumenta mais. A Folha de S. Paulo, e tu, não teriam um colunista amigo e sem vértebras, não teriam esse falso López Rega dos pobres de paris, um ladraozinho.

Se o senhor me disser por que eu faria ou não faria uma bobagem dessas, eu publico aqui no blog. Com a foto do senhor juntinho do Marcos Valério, num escurinho de estacionamento, publico a foto de um menino no colo de uma velha prostituta, com o chapéu, único bem valioso, puxado para cima, lua cheia de ontem na menina dos olhos castanhos.
Ou negue, com o preço mui caro de a ver.

Estou voltando, mais lúcido, mais forte, e com a paciência no fim para moleques que vierem pedir auxílio para a campanha, para "mudar o Brasil". Para arranjarem emprego, se sentirem importantes, seus cacacas.

No entre aspas, serve para o "senhor" deputado, mas é apenas um gancho. Releve no que não lhe servir, do que duvidamos. O senhor não passa de um gancho enferrujado. Ah, sim, quando tenho algum dinheiro, todo mundo tem. Quando não tenho... não tenho. Tenho dó, e desprezo, lamento, gente como o Eike hijito de pápi Maravilha, miss Embraer verde-oliva, o pobre, um bosta que exala... dinheiro. Para quê, cara-pálida, para ver crianças morrendo de fome? Vai levar algum quando a carcaça torrar na queda do jatinho? Sem nenhum, eu já... deixa assim, cada um com as suas impotências. Quase chamo o broxa de impotente."


(Essas as palavras, em original, Salito meio alto. Ruim é quando ficamos com raiva sóbrios, Mr. Café, aí não dá).

E acho que sou nada. Perdi meu amor (para mim mesmo), perdi o 477 do Menino Deus e tudo, não adiantou o sacrifício, melhor seria morrer numa cruz.

E não me arrependo.

Restam as meninas...

Até segunda-feira.



2 comentarios:

  1. A EXPERIÊNCIA DE VIDA SEJA ELA BOA OU RUIM, É A MELHOR APRENDIZAGEM (o que é bom e o que é ruim?) Só mto depois do ocorrido saberemos... Pena que nunca conversamos sobre isso, teria tantas coisas para te contar ...Bjus

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  2. A senhorita deveria olhar as charges, dos maiores defensores do Brasil, que são os nossos chargistas. Não estas raivas, passageiras, contra uns coitados.

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