Ao entrar o vídeo da finalíssima do Mundial de Tango de Salón, da postagem anterior, eu bem feliz, quando senti o golpe, golpe feio, para mais que dejavu. Dejavu li que os senhores medicinos, estudantes de... ah, Onan, se tanto, afirmam que surge por um defeito na cabeça das pessoas. As deles é que são boas.
O golpe veio no primeiro tango para os dançantes. Não sabia o que fazer, não recordava letra, título, nada, séculos que não ouvia, se é que alguma vez ouvi. Se foi surpresa para mim, imaginei a surpresa dos competidores, que no Salón vão para a dança no escuro, sem saber qual será a partitura e a emoção que os moverá.
Para mim foi outro tipo de surpresa. A voz do cantor, no meu computador-geringonça, é quase inaudível, então não dava para ouvir a letra, nada. Nervoso, perdi a concentração dos bailantes.
Para mim foi outro tipo de surpresa. A voz do cantor, no meu computador-geringonça, é quase inaudível, então não dava para ouvir a letra, nada. Nervoso, perdi a concentração dos bailantes.
Mas ouvia a melodia, enchendo o meu covil e a noite de Porto Alegre, impressão de que tomava toda a noite, aqui e em todos os algures e nenhures. O lamento, a queixa do animal ferido mas ainda com raiva.
Segui acompanhando a festa, mui digna, que Diego Julián e Natasha ajudaram a concluir com grandeza de alma. Li notícias sobre a alegria e festejos nos países de origem, deles e dos demais quatro pares, pela internet. Os primeiros cinco. Revi duas vezes o vídeo principal.
Como João da Noite - que conhece rengo sentado e doida no pátio - passei a conhecer os bailarinos por dentro, pelo jeito de dar o passo, pela demora ou rapidez do passo, pelo armar o passo, pelo tempo da respiração. Deixei para lá o antigo tango que abriu o baile de concurso, me deliciei com os outros dois.
Como João da Noite - que conhece rengo sentado e doida no pátio - passei a conhecer os bailarinos por dentro, pelo jeito de dar o passo, pela demora ou rapidez do passo, pelo armar o passo, pelo tempo da respiração. Deixei para lá o antigo tango que abriu o baile de concurso, me deliciei com os outros dois.
Três da matina acordo de supetão, suando, com ímpeto sentado na cama, será que morri? Olho para os lados, luz acesa, copo de uísque aguado e quente. Não, não morri. ainda tonto, uma frase na cabeça: "Nada, nada queda en tu casa natal...".
Levantei atordoado, joguei fora o copo com tudo, peguei outro de vidro, uma nova pedrinha de gelo e derramei o quarto de garrafa que restava. Um golão, um cigarro. Ao voltar para terminar a bebida e a insônia no quarto a memória oculta acordou de vez, caí de joelhos sem sentir, lá se foi o copo, e desandei a chorar. Lembrei de tudo.
Ficou fácil depois.
O tango se llama Nada, autoria de Jose Damés ((28/10/1907 - 7/8/1994), natural de Rosário, Província de Santa Fe, que compôs somente 3 tangos conhecidos, mas 3 para derrubar, conterrâneo da amiga Patricia Vidour, que ilustra estas noturnas ausências com a sua obra El Farolito, e de Horacio Sanguinetti (19/3/1914 - 19/12/1957), de quem quase nada se sabe, salvo a extensa obra e que morreu em Montevideo.
Desta vez não foi dejavu, só desta vez, senhores medicinos. O tango estava cravado em mim desde menino. Só estava apagado, mesmo um guri do mundo não guarda tudo. E a memória dos humanos é fina, forte demais, tanto para lembrar quanto para esconder.
Vai para Dolores.
O cantante é Juan Rafael Pacifico Darthés (São Paulo, 28/10/64), que só nasceu no Brasil. Com respeito ao Juan, gran cantante, iríamos con el "viejo" Julio Sosa, al tratar cosas viejas del corazón, pero el sonido es mui malo (acá nada, por lo que supongo...). Buenissima interpretación, Juan, Bravo.
O tango se llama Nada, autoria de Jose Damés ((28/10/1907 - 7/8/1994), natural de Rosário, Província de Santa Fe, que compôs somente 3 tangos conhecidos, mas 3 para derrubar, conterrâneo da amiga Patricia Vidour, que ilustra estas noturnas ausências com a sua obra El Farolito, e de Horacio Sanguinetti (19/3/1914 - 19/12/1957), de quem quase nada se sabe, salvo a extensa obra e que morreu em Montevideo.
Desta vez não foi dejavu, só desta vez, senhores medicinos. O tango estava cravado em mim desde menino. Só estava apagado, mesmo um guri do mundo não guarda tudo. E a memória dos humanos é fina, forte demais, tanto para lembrar quanto para esconder.
Vai para Dolores.
O cantante é Juan Rafael Pacifico Darthés (São Paulo, 28/10/64), que só nasceu no Brasil. Com respeito ao Juan, gran cantante, iríamos con el "viejo" Julio Sosa, al tratar cosas viejas del corazón, pero el sonido es mui malo (acá nada, por lo que supongo...). Buenissima interpretación, Juan, Bravo.
NADA
He llegado hasta tu casa...
¡Yo no sé cómo he podido!Si me han dicho que no estás,
que ya nunca volverás...
¡Si me han dicho que te has ido!
¡Cuánta nieve hay en mi alma!
¡Qué silencio hay en tu puerta!
Al llegar hasta el umbral,
un candado de dolor
me detuvo el corazón.
Nada, nada queda en tu casa natal...
Sólo telarañas que teje el yuyal.
El rosal tampoco existe
y es seguro que se ha muerto al irte tú...
¡Todo es una cruz!
Nada, nada más que tristeza y quietud.
Nadie que me diga si vives aún...
¿Dónde estás, para decirte
que hoy he vuelto arrepentido a buscar tu amor?
Ya me alejo de tu casa
y me voy ya ni sé donde...
Sin querer te digo adiós
y hasta el eco de tu voz
de la nada me responde.
En la cruz de tu candado
por tu pena yo he rezado
y ha rodado en tu portón
una lágrima hecha flor
de mi pobre corazón.
Salito. O apresentador anunciou os tangos no início. Nas três vezes tu estava ao telefone, e só veio com a dança. Eu ouvi mas não entendi picas, só agora insisti, ele diz algo.
ResponderBorrarJuan de La Noche
Gracias Salito por incluir mi obra en tu homenaje tanguero!! Saludos rosarigasinos!!
ResponderBorrarPatricia