sábado, 9 de abril de 2011

Cristóvão Buarque: e os nomes, seu moço?

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Hoje, o camarada Cristóvão volta a bater na tecla que todos batemos.
Mas falta falar dos criminosos lucros dos bancos, desses vampiros estéreis que chupam o sangue  das nossas crianças, Cristóvão! Das razões da turma do Lula para não tocar nessa ferida.
Fale das empreiteiras, tchê. Diga que não existe no Brasil uma obrinha sequer, de construção de escola à viadutos, sem superfaturamento, seja municipal, estadual ou federal, e de quem ganha com isso. E dê os nomes! Sei que é impossível nominar a todos, mas os nomes de alguns, os principais, indicarão o caminho. Os ladrõezinhos do baixo clero, venenosos de ocasião, começarão a ter medo.
As consequências têm causa, você sabe, mas ignora ao escrever, ilustre compatriota.
Falta  usar o mandato que pessoas de bem te deram, estufar o peito e abrir o tarro, dando nome aos bois! Os nomes, Cristóvão. Em alto e bom som, dizer onde está o dinheiro da educação, da comida, da saúde. Meta o STF no meio, aqueles velhos ausentes a defender o sistema arcaico, empregados sem concurso público, na base do Quem Indica. Dê a biografia do Gilmar Dantas.
Este bloguinho poucos olham, de nada adianta falar de Mr. F. Febraban, aquele porco devasso e impotente, mas você tem um mandato de senador da república, homem, eles são obrigados a te ceder a palavra. Eu, obscuro e atormentado sobrevivente que quer vingança, na forma de igualdade de oportunidades, com democracia plena, no máximo podem  prender, seria uma honra; matar não podem, terá revide, alguém irá atrás deles, e aí vai até quem não mandou. Mas contigo não, eles não desejam um mártir. Então fale do "sistema" financeiro, fale dos teus "colegas"  políticos (que só  compram imóveis à vista, em dinheiro vivo, de mala, sabes bem), da malha de corrupção desses covardes, medo da vida. Fale do "santo", o honesto Alencar das camisetas da China, do atual vice-presidente, do filho do Lula, fale do puteiro que esses avis raras gostam enquanto iludem o povo pela televisão dos "amigos", fale do sistema atribuindo responsabilidades pela matança, fale da globo pela globo (é uma droga de concessão do que é nosso, compre a briga!). Se você não sabe, tem muita gente que pode ajudar, eu sei um pouquinho, já vi coisas que quase acabaram com a minha fé nos humanos, a Dilminha esquecida que o diga, e trabalho de graça pra ti, lunes, martes, miércoles... noites, domingos e feriados, todas as horas, se tiveres o peito de dizer tudo. De quebra, te ensino a jogar.
Se tens alguma mácula do passado, livre-se dela, conte, assuma o erro e renasça.
De conversa fiada para manter as aparências estamos cheios.
Arrisque-se a morrer pelas costas, Cristóvão. Mas inscreva teu nome nas almas brasileiras, você pode, dê os nomes, seu moço, os nomes!

Vergonha do Sete
 
(O Globo - 09/04/2011)



Sábado, 09 de Abril de 2011 09:51
Cristóvão Buarque, senador da República.

No século XIX, Victor Hugo se negou a apertar a mão de D. Pedro II, porque era o Imperador de um país que convivia naturalmente com a escravidão. Hoje, Victor Hugo não apertaria a mão de um brasileiro para parabenizá-lo pela conquista da 7ª posição entre as potências econômicas mundiais, convivendo com total naturalidade com a tragédia social ao redor. Estamos à frente de todos os países do mundo, menos seis deles, no valor da nossa produção, mas não nos preocupamos por estarmos, segundo a Unesco, em 88º lugar em educação.

Somos o sétimo no valor do PIB, mas ignoramos que, segundo o FMI, somos o 55º país no valor de renda per capita, fazendo com que sejamos uma potência habitada por pobres. Mais grave: não vemos que, segundo o Banco Mundial, somos o 8º pior país do mundo em termos de concentração de renda, melhor apenas do que a Guatemala, Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia.

Somos a sétima economia do mundo, mas de acordo com a Transparência Internacional estamos em 69º lugar na ordem dos países com ética na política por causa da corrupção. A nota ideal é 10, o Brasil tem nota 3,7.

Somos a sétima potência em produção, mas, quando olhamos o perfil da produção, constatamos que há décadas exportamos quase o mesmo tipo de bens e continuamos importando os produtos modernos da ciência e da tecnologia. Somos um dos maiores produtores de automóveis e temos uma das maiores populações de flanelinhas fora da escola.

 

Um relatório da Unesco divulgado em março mostra que a maioria dos adultos analfabetos vive em apenas dez países. O Brasil é um deles, com 14 milhões; com o agravante de que, no Brasil, eles nem ao menos reconhecem a própria bandeira. De 1889 até hoje, chegamos à sétima posição mundial na economia, mas temos quase três vezes mais brasileiros adultos iletrados, do que tínhamos naquele ano; além de 30 a 40 milhões de analfabetos funcionais. Somos a sétima economia e não temos um único prêmio Nobel.

 

Segundo um estudo da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que pesquisou 46 países, o Brasil fica em último lugar em percentagem de jovens terminando o ensino médio. Estamos ainda piores quando levamos em conta a qualificação necessária para enfrentar os desafios do século XXI. Segundo a OIT, a remuneração de nossos professores está atrás de países como México, Portugal, Itália, Polônia, Lituânia, Látvia, Filipinas; a formação e a dedicação deles provavelmente em posição ainda mais desfavorável, por causa da péssima qualidade das escolas onde são obrigados a lecionar. Somos a 7ª potência econômica, mas a permanência de nossas crianças na escola, em horas por dia, dias por ano e anos por vida está entre as piores de todo o mundo. Além de que temos, certamente, a maior desigualdade na formação de cada pessoa, conforme a renda de seus pais. Os brasileiros dos 10% mais ricos recebem investimento educacional cerca de 20 vezes maior do que os 10% mais pobres.

 

Somos a sétima potência, mas temos doenças como a dengue, a malária, a doença de chagas e leishmaniose. Temos 22% de nossa população sem água encanada e mais da metade sem serviço de saneamento. Segundo o IBGE, 43% dos domicílios brasileiros, 25 milhões, não são considerados adequados para moradia; não têm simultaneamente abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo.

 

Esta dicotomia entre uma das economias mais ricas do mundo e um mundo social entre os mais pobres, só se explica porque nosso projeto de nação é sem lógica, sem previsão e sem ética. Sem lógica, porque não percebemos que “país rico é país sem pobreza”, como diz a presidenta Dilma. Sem previsão, por não percebermos a grande, mas atrasada economia que temos, incapaz de seguir em frente na concorrência com a economia do conhecimento que está implantada em países com menor riqueza e mais futuro. E sem ética, porque comemoramos a posição na economia esquecendo as vergonhas que temos no social.























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