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Matéria pescada do BLOG DO TURQUINHO
Conforme notícia divulgada pela Folha de São
Paulo nesta semana, a Rede Globo fechou o ano passado com a pior audiência de
sua história. Segundo dados do Ibope, em 2012 ela teve, em média, 14,7 pontos
(cada ponto equivale a 60 mil domicílios).
A emissora ainda amarga o pior índice em seu
principal programa jornalístico, o Jornal Nacional, que, ano passado, teve média
de 28,1 pontos contra o pico de audiência, que ocorreu em 2006, de 36,4
pontos.
Todavia, é equivocada a percepção de muitos de
que se trata de um problema isolado da Globo. Houve queda de audiência de todas
as TVs abertas no ano que passou em relação a 2011.
Apesar de a Globo ter fechado 2012 com 14,7
pontos contra 16,3 em 2011, a Record teve 6,2 pontos contra 7, 2, o SBT 5,6
pontos contra 5,7, a Band 2,5 pontos contra 2,5 e a Rede TV! liderou a queda,
tendo perdido 37% de sua audiência no ano passado, tendo cravado 0,9 pontos
contra 1,4 em 2011.
E não foi só. O número de aparelhos ligados em
televisões abertas caiu perto de 5%.
O resultado negativo mais “vistoso”, claro, foi
o da Globo, que, ao longo da última década, vem perdendo mais audiência do que
as concorrentes, sobretudo devido ao avanço da Record e à forte perda de
audiência do Jornal Nacional.
Sobre o ainda mais assistido telejornal do
país, a perda de audiência acima da média certamente se deve, em boa parte, à
utilização do informativo como arma na incessante guerra da Globo contra o
governo federal e o PT.
A cobertura do julgamento do mensalão, por
exemplo, irritou profundamente até o público que não gosta do PT. Tentando
influir a qualquer preço na eleição municipal do ano passado, sobretudo na de
São Paulo, o núcleo de jornalismo da Globo, às vésperas do segundo turno,
produziu um dos maiores absurdos que se viu na televisão brasileira.
Em 23 de outubro, a uma semana do segundo
turno, logo após o horário eleitoral gratuito, o Jornal Nacional levou ao ar uma
matéria que teve duração só comparável às coberturas de grandes catástrofes como
a de 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque, nos Estados Unidos, quando
terroristas derrubaram as Torres Gêmeas do World Trade Center.
Dos 32 minutos de duração da edição do JN
naquele dia, 18 minutos foram gastos com o julgamento. E o que é pior: não
houvera absolutamente nada de especial, naquele dia. Assim, o telejornal se
limitou a importunar o telespectador com “melhores momentos” do
julgamento.
Aliás, o ineditismo do tempo gasto na
reportagem foi de tal monta que virou até matéria de jornal no dia seguinte, na
Folha de São Paulo, e ainda gerou representação da ONG Movimento dos Sem Mídia
ao Ministério Público Eleitoral acusando a emissora de fazer uso político de uma
concessão pública em período eleitoral, contrariando a legislação.
O julgamento do mensalão foi tão martelado por
toda a programação da Globo que passou a ser comum ouvir pessoas comentando que
não agüentavam mais o assunto. Contudo, a queda mais pronunciada de audiência da
Globo e do JN se deve a um processo mais amplo.
Outras emissoras não se beneficiaram da queda
de audiência da Globo porque também incorrem em manipulação de notícias, mas,
acima de tudo, porque todas as emissoras abertas insistem em uma programação que
qualificar de medíocre soa até benevolente.
O público que pode, foge para a televisão a
cabo. Quem não pode, recorre à internet. Sobretudo para se informar.
Agora, por exemplo, está sendo anunciado que o
Brasil voltará a ser assolado por nada mais, nada menos do que a DÉCIMA TERCEIRA
edição do Big Brother Brasil, com bebedeiras, promiscuidade e mediocridade
invadindo nossos domicílios.
Alternativa ao BBB? A Record apresenta algo
ainda pior, uma cópia malfeita, mais brega, ainda que menos promíscua: o reality
show A Fazenda.
Novelas? Apesar de Globo e Record, acima de
todas, reunirem bons elencos, as tramas são sofríveis, repetitivas. As histórias
são sempre as mesmas, com pequenas variações. Ainda que o público para essas
porcarias ainda se mantenha, vem diminuindo percentualmente em relação ao
conjunto da população.
O progressivo aumento do nível de escolarização
e cultura do brasileiro vai provocando fuga de uma programação cuja produção
chega a ser cara só para produzir lixo cultural em estado puro.
Para que se informar pelos telejornais se, pela
internet, você fica sabendo antes das notícias e ainda pode ter acesso a
diversos ângulos delas?
No Jornal Nacional, por exemplo, o espectador
sofre tentativa de manipulação, com notícias distorcidas sob interesses
políticos e econômicos e, em geral, não fica sabendo do outro lado da
moeda.
Há cada vez mais gente, portanto, produzindo
seus próprios informativos pela internet. Hoje você pode montar uma rede de
sites e blogs nacionais e internacionais e se informar em muito maior
profundidade.
Claro que ainda é restrito o contingente de
pessoas que montam seu portfólio informativo com base em critérios mais
racionais e via internet, mas esse contingente cresce de forma
exponencial.
O que ocorre no Brasil é uma tendência mundial.
Nos EUA, por exemplo, a televisão aberta tem baixa audiência, muito mais baixa
do que no Brasil, percentualmente.
Agora, a cereja do bolo: nos próximos anos, as
operadoras de telefonia deverão começar a produzir conteúdo para transmitirem
via TV digital ou internet, inclusive em celulares. E sem uma regulação das
comunicações eletrônicas, a Globo e congêneres estarão ferradas.
Explico: as teles vêm aí com arcas incontáveis
de dinheiro para investir em conteúdo, com seus faturamentos dez vezes maiores
do que das emissoras tradicionais, inclusive da Globo. Sem regulação do setor,
até ela será engolida.
Talvez por conta disso vemos o governo Dilma
impassível diante do clamor de setores da sociedade por uma “lei da mídia”, pois
a tecnologia deverá levar Globo e companhia limitada a baterem na porta do
governo pedindo regulação, por incrível que pareça.
Muitos – entre os quais me incluo – estão
contrariados com a postura da presidente Dilma de renegar qualquer intenção de
dar ao Brasil uma legislação moderna para esse setor tão crucial, até porque há
medo de que os barões da mídia arranquem de um governo aparentemente acovardado
uma regulação feita sob medida para os interesses deles.
Todavia, apesar de também ter essa preocupação,
penso que a passividade do governo federal pode – apenas pode – ser uma
estratégia para negociar em posição de força quando a própria família Marinho,
entre outros, bater-lhe à porta pedindo uma “lei da mídia”.
A ver.
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