sábado, 5 de enero de 2013

Noite de Reis

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Segundo a tradição cristã, o Dia de Reis ocorre na noite do dia 5 e madrugada de 6 de janeiro.

Já nos emocionamos demais com o Natal, que seria em verdade em 6 de abril, ou 5 ou 7, ou 4 ou 8, ou 15 ou 23, vá saber, coisas duvidosas, mas em abril, e lembramos somente um tango, além das míticas figuras dos magos perdidos naquele deserto. O Dia de Reis, nesse caso, cairia pelos fins de abril ou início de maio. Se 6 o nascimento de Jesus, a hipótese mais correta pela ciência atual, os queridos viajantes teriam chegado em meados de abril, 16 ou...

Vá lá, o Flavião, que foi uma bicha louca, ...

Peço tempo: nada contra as de verdade, este era malvado, ora, não o criticamos pela opção sexual, é como dizer aquele branco ladrão do ministério da Dilma. O "bicha", sinônimo carinhoso da opção (no caso não é carinhoso, mas pelo que vem depois), é um fato, não inventei,

Já passa da hora das pessoas pararem de ficar se doendo com palavras comuns no lero do povo. 

O desconforto não está nas palavras, está no modo como alguns as pronunciam, o desrespeito, atos de maldade até, como fazem os donos do Brasil em relação ao povinho que os sustenta, como diria Alex. O bundão âncora da "grobo", aquele rebocado de quilos de pinturas de cabaré, diz povo, mas pensa esse povinho de merda. O bial, psicopata da hipocrisia, chama o povinho de herói, ai que nojo, quando diz isso quer dizer é que ele e a sua bunda seca, louca, é que são heróis, heróis em quê?, em dar tudo quiçá, mamar os cães da falecida. Vou vomitar, já volto.

Voltei, passou. Falei aquilo com desprezo, me fez mal, esqueçamos essa gentalha.

Meus amigos homossexuais têm o meu respeito e de todos os que os cercam, porque são pessoas que merecem respeito. Todos merecem respeito, como as vítimas que erram, provocadas por esse sistema desigual desse Congresso de algibeiras.

Agora, as bichas loucas, dito assim com alegria e boa voz, ora, muito dançamos no Bar do Nadir, tocando violão e jogando sinuca até amanhecer, na maior felicidade, sem que ninguém avançasse o sinal. Meus amigos homossexuais sabiam que meu negócio era outro, o do Pato o mesmo outro, do Marcão idem. Como sabíamos das suas lágrimas solitárias e eventuais amores, ainda que só por tesão. Somos gente, humanos, pombas, não somos ratos, nos respeitamos.

Falar em ratos, lembrei novamente do congresso. Voltemos a Noite de Reis. Boa noite e adiós, índio maia.

Bem, a louca, um antepassado do pai do Thor, aquele deus, decidiu que era 25 e fim. Cliquem no Flavião e compreendam, amigos.

Ufa, por falar nisso, não aguento essa de chamar de afrodescendente os "negão" meus amigos, só habitantes da palafita são seis, nunca chamei de afrocaralho nem nada, quando a gente bebe junto os chamo de negada, tive que salvar vocês, seus viados, ao que respondem nós é que fugimos da guerra pra vir te proteger, branco abobado, tava pela sete. Hora para tudo. Mas estes têm de 35 anos para cima, o mais velho 69, sabem tudo. Morremos de rir. Quando João da Noite e Carlito Yanés estão presentes, então...

Lembro-me, isto sim, dos amigos de infância que nunca mais vi. Era dizer (me fazendo, claro): "Ô, meu afrodescendente querido, que bom te ver, vamos tomar algumas, hoje te dou a seis e a sete livres, além da saída", e lá vinha um vai te catar, otário, pode até me ganhar na sinuca, mas que papo é esse, me chame de negão, "se criemo" juntos, esqueceu porque tá rico?

Tou não, meu amigo.



O tango fala de uma mulher infiel e de um falso amigo. Valham-nos Melchior, Gaspar e Baltazar, y Diós.

É de 1926, autores Jorge Curi e Pedro Maffia. O cantor é Carlito Gardel.

Abração ao Melchior e ao Gaspar.

Saravá, Baltazar.

Pobres de nós, aqui neste cantinho do universo, como saber de amores de reis mágicos.




Pensaram, amigos, que essa seria a última palavra? Ledo engano.

Não conhecem as mulheres então. Em todo o mundo as  putiangas saltaram, coração na mão, indignadas. E não faltou quem fizesse uma versão, quase tradução literal, para todas as línguas, mas mudando o gênero.

Mulher cantando.

No Brasil, uma delas foi Edith Veiga (Juquiá, SP, 15/2/1939), que felizmente ainda está entre nós. Espetacular cantante, que incendiou o Brasil e o mundo, do Rio Grande do Sul ao Japão, na década de 60. Já cantou aqui neste blog, com Faz-me rir (linda canção de amor) que dediquei com afeto à querida Dilminha, no faz-me rir o que andas dizendo.

Mania de mudar de assunto. Onde estava? Ah...

Edith Veiga também gravou o tango, como a ex-mulher do Herivelto, outra ótima cantora.

Ficou ridícula a gravação. Nada a ver com a excelente Edith, que estava trabalhando, precisava ganhar algum, como todos nós.

Ridícula porque fora de contexto geral, à época. 

Naquela época eu morava no covil -3, com -40 anos de idade, e pulei longe quando uma se veio, contrariada, falei de faca não, moça, por favor, largue isso, faca dá sangue, ergui os braços, e não me bata, depois tu sai correndo se fingindo de agredida, ai meu filho meu pai meu irmão me ajudem, ele me agrediu. Mentira, dona, eu fora. 

Em mentiras, traições e ciúmes não me meto. Deixo para Baltazar, Gaspar e Melchior, que uns preferem Belchior, dar exemplo ao mundo, pela andança, caminhada de sacrifício, pela crença em algo bom, seja o que for.

Nem em mortes. Salvo mudar de idéia, tem coisinhas que às vezes não me deixam dormir, raramente. Raramente nem tanto, e quando começa são semanas de sono perdido, cochilando dois minutos e acordando sobressaltado.

Os gritos que acordam os vizinhos são meus, de horror, porque me tocaram.

Diós y los  reyes magicos hão de me guiar.
 





Da série Ficções em dias injustos.

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