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A
propósito das eleições para as presidências da Câmara Federal e do Senado, diante da séria ameaça de que aquelas casas venham a ser dirigidas por parlamentares sabidamente indignos, a
bancada federal do PSOL elaborou o texto abaixo:
Por Bancada Federal do PSOL
Suas Mesas Diretoras e,
em especial, suas Presidências, precisam fazer ‘a política que é História’,
como já clamava, no século XIX, o senador Joaquim Nabuco – além de ter, por
óbvio, uma história na vida pública coerente com essa visão. Nosso ordenamento
jurídico-político, emanado da Constituição de 1988 em rico processo de
participação popular, foi gestado por uma Casa Legislativa independente e
sintonizada com os anseios das maiorias sociais. Toda mobilização cidadã agrega
grandeza ao Parlamento brasileiro. Alheio a ela, ele se rebaixa.
É preciso voltar a fazer do Congresso Nacional o espaço do
dissenso democrático e da disputa de ideias. O Parlamento tem que ser uma
usina de propostas para o país e de reflexão sobre os caminhos do mundo. É
urgente resgatar valores hoje apequenados - como interesse público, igualdade de direitos, ética na política e equilíbrio ambiental -, derrotando a ganância particularista,
o balcão de negócios, o fisiologismo, as discriminações e o ‘crescimentismo’
predatório.
Nenhum
tema deve nos assustar: todos devem ser enfrentados e discutidos, sob pena de
continuarmos perdendo nossa capacidade de legislar. E nem exclusivamente de
legislar, pois há uma pletora de leis neste país: nos âmbitos municipal,
estadual e federal são 3,7 milhões! É também missão do Parlamento zelar
pelo seu cumprimento efetivo – aí entendidos, inclusive na gestão da Câmara dos
Deputados, os princípios constitucionais da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência (CF, art. 37), dos quais temos andado bem
distantes. Urge regulamentar os 140 dispositivos constitucionais ainda sem
normatização e fiscalizar o Executivo, ao invés ficar mendigando favores e
pegando carona em suas Medidas Provisórias - ali colocando, vergonhosamente, as
matérias mais estranhas - e barganhando votações, até com chantagens.
Por
isto, em sintonia com o movimento de senadores independentes, que se articula
em torno da candidatura à presidência daquela Casa de Randolfe Rodrigues (AP)
ou Pedro Taques (MT), apresentamos as propostas abaixo, na expectativa de que
venham a ser assumidas por uma candidatura à altura da vocação de grandeza do Parlamento
brasileiro, com o resgate de sua AUTONOMIA, INDEPENDÊNCIA, PROTAGONISMO,
AUSTERIDADE e TRANSPARÊNCIA, hoje tão ameaçados.
1) Votação da Reforma Política – a partir do relatório Henrique
Fontana, com financiamento exclusivamente público de campanha, convocação de
plebiscitos e referendos para grandes temas nacionais, maior facilidade e
prioridade para a tramitação de projetos de iniciativa popular e instalação
imediata de uma mesa de diálogo com a ‘Plataforma dos Movimentos Sociais pela
Reforma Política’ (www.reformapolitica.org.br);
2)
Votação das PECs inconclusas, como a que extingue o voto secreto no Parlamento
e a que garante a jornada de 40 horas semanais de trabalho, mesmo sem o consenso
entre os líderes;
3)
Cronograma para apreciação paulatina dos milhares de vetos presidenciais
pendentes, sem atropelos, instituindo as 5ªs feiras para esta tarefa, até sua
conclusão;
4)
Prioridade para votações de PLs e PECs de parlamentares, com prioridade em
função do seu alcance social, como o PL 3299/2008, do Senador Paim, que
extingue o Fator Previdenciário;
5)
Orçamento impositivo e realista, precedido pela votação dos projetos que vedam
pagamento de emendas parlamentares a entidades cujos sócios sejam seus parentes
ou assessores (PLP 21/2007, Paulo Rubem Santiago) e normatizam a execução das
emendas (PL 3427/2012, Érica Kokay);
6)
Vedação de contribuição de campanha para beneficiários de recursos da verba
parlamentar indenizatória e votação do projeto que acaba com as doações ocultas
de campanha (PL 4340/2012, bancada do PSOL);
7)
Votação urgente do projeto que extingue o 14º e 15º salários, já aprovado pelo
Senado;
8)
Relação altiva com o Executivo, exigindo respeito aos critérios de real urgência
e relevância na edição das Medidas Provisórias;
9) Garantia do direito das minorias, sem tratamento diferenciado entre
parlamentares e bancadas, coibindo abusos como o de partidos usufruindo mais
cargos que o estipulado, e democratização das relatorias dos projetos, com o
fim da sua centralização em algumas personalidades e partidos;
10) Aprofundamento das iniciativas de transparência e controle externo do
Legislativo, tais como: a) fixação de critério definitivo – no limite da
reposição da perda inflacionária, a cada Legislatura – para a remuneração dos
parlamentares e da alta hierarquia dos outros poderes; b) publicação de todos
os gastos, de todos os setores, na Página da Câmara, inclusive abrindo o acesso
às notas comprobatórias de gastos com a verba indenizatória; c) sinal de canal
aberto para a TV Câmara; d) estímulo ao acesso popular às sessões de comissões
e plenárias; e) redistribuição mais funcional dos espaços da Casa, coibindo sua
‘privatização’ por direções partidárias, e buscando racionalidade e economia no
serviço de moradia aos parlamentares; f) fortalecimento da Corregedoria, da
Ouvidoria e do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, para que funcionem como
organismos mais atentos à população que buscamos representar do que de ‘defesa da
corporação’; g) exigência de serviços de qualidade e respeito aos direitos
trabalhistas por parte das empresas contratadas; h) agilidade na efetivação do
que for determinado pelo STF, após o devido processo legal, quanto à perda ou
suspensão de direitos políticos de parlamentares (CF, art. 55, inciso
IV)".
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