miércoles, 2 de enero de 2013

Mazurkiewicz, um espetáculo

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Ahora el arco iris tiene golero (Omar Puentes)
 

Ladislao Mazurkiewicz nasceu em Piriapolis, departamento de Maldonado, Uruguay, em 14/fev/1945, e partiu nesta madrugada, em Montevideo.

Sabemos que a morte é inexorável, mas bateu um saudosismo, dos tempos de menino e rapazote.

Junto com Manga, foi o melhor goleiro que vi jogar. Esse "vi jogar" é estar lá, no estádio, no meio da massa.

Como reclamou certa vez, com razão, Nenguirú Lucas Martins ainda garotinho, quando o levei a um GreNal, em cadeiras numeradas (ali já havia risco de enfrentamento de torcidas, eu tentava protegê-lo indo para as caríssimas, era jogo noturno, e de noite a turma é foda, todos os gatos são pardos): "Estas drogas de cadeiras..., bom mesmo é lá no meio da massa, tio". Das cadeiras do antigo Beira Rio, olhos brilhando e corações aos pulos, assistíamos à festa da torcida colorada na geral do outro lado. Se arrependimento matasse... Mas aí o mal já estava feito, o otário aqui não tinha como remediar. Ainda bem que, depois de deixá-lo em casa, são e salvo, incendiei Porto Alegre. Bons tempos de loco.

Dentro do estádio, o clima que se estabelece, comunhão e guerra boa, não tem palavras, os cardíacos que se cuidem. Ouvindo os tambores (caixas, surdos, taróis, bumbos...), reco-recos, trombones, flautas, pistões..., os coros de canções (atualmente mais insultos que canções, sinal dos tempos, prenúncio de algo que francamente não sei), acompanhando lance a lance, vendo tudo o que se passa, desde a entrada em campo, o bandeirinha, tudinho, como sabem os amantes do futebol, é diferente, uma abissal diferença, de assistir pela tevê.

Mazurkiewicz defendeu o amado Peñarol entre 1964 e 1971, e depois, para encerrar a carreira, em 80-81. Vestido de preto, como o russo Yashin Aranha Negra (tido por muitos como o melhor de todos os tempos, que o nomeou seu sucessor), também foi absoluto no arco da lendária celeste uruguaya, de 1965 a 1974.

Hoje recordamos coisas boas do homem e do atleta.

É célebre a sua repentina audácia diante de uma sorridente rainha  Elizabeth (Isabel II) da Inglaterra, ainda a atual monarca, ela que, linda, abriu a Copa do Mundo de 1966, no estádio de Wembley, em 12 de julho.

O Penãrol era campeão da América e tinha dez jogadores no elenco. Pois o maluco do técnico da seleção uruguaya mandou a campo onze jogadores que nunca haviam jogado juntos. Dizem que na noite anterior, 11 de julho, lá em Wembley, véspera de abrir a Copa, ensaiou a montagem do time numa mesa do bar do hotel, tapada de cervezas, com saleiros, paliteiros, pimenteiros, pedaços de queijo, isqueiros, tudo que é "eiros" disponíveis, representando os jogadores.

Não existe uruguaio que viaje sem levar seu tabuleiro de xadrez, mas o felipão deles não sabia, e os demais borrachos nem lembraram ou ficaram com preguiça de subir ao quarto buscar. E toda a Comissão Técnica lá, enquanto os atletas dormiam, a simular estratégias.

Numa dessas, ao deslocar um "jogador" para interceptar um atacante inglês, o técnico esbarrou com a mão e caiu um saleiro uruguayo (o Pedro Rocha) na mesa, e consta que um dos médicos da delegação, atolado de trago, o interrompeu alarmado: "E agora, devo entrar correndo para socorrê-lo?".

Folclore? Pura verdade. Os nossos inteligentes da seleção brasileira não ficam atrás... E fica um país inteiro nas mãos desses trouxas, milhões de corações, sem que ninguém saiba como foram parar lá. Por exemplo: quem elegeu o presidente da Confederação Brasileira de Futebol? Quanto ganham, o presidente e seus aspones, onde está a lista de empregados, com salário ao lado, seriam parentes de políticos?

Filhos de uma puta, ladrões sujos... epa, mudando de assunto de novo.

Ainda assim, e apesar do técnico, na raça e na catega a celeste arrancou um histórico empate em 0 x 0 frente aos donos da casa, que viriam a ser os campeões do mundo naquela Copa, com a ajuda de um tal de Stanley, de quem falaremos adiante.

Mazurca tinha 21 anos. Como nos conta Fernando Álvez, seu amigo: (Chiquito era apelido, como também Polaco)

Les voy a contar una anécdota increíble de Ladislao antes del Mundial de 1966. Ambos equipos debían saludar a la reina, que aún vive. Primero los ingleses y seguido Uruguay. Era reverencia a la reina frente a ella y la mano al marido que estaba a su lado como siempre. Tengan en cuenta que 10 minutos después iba a empezar el partido, cuando Chiquito queda frente a la reina, le hace la reverencia y da un paso, le extiende la mano al marido de la reina Isabel y, cuando este le da la mano, Chiquito le dice: “Vos sí que estás pintado” y siguió su camino. Sus compañeros no podían creer. Dicen que eso sirvió para que alguno de ellos aflojara la tensión que el partido provocaba”.

O sujeito estava mais pintado que artista de cinema, para não dizer outra coisa. No Sul dizemos rebocada, a chinoca. Não foi um bom dia para o rei. Na Copa, de cara, estendeu a mão ao capitão uruguayo, o zagueiro-líbero Horacio Toche, e ficou a ver navios, a chefona levou vantagem.

É duro ser marido aparente, por conveniência de reinados. O incidente ocorreu porque Horacio de fato não viu o movimento do rei negro, preocupado com a dama, vez que el hombre del Cerro era elegante no campo de jogo e fora dele, o que se percebe no videozito: depois acompanhou a rainha branca, como capitão cicerone, apresentando-a a cada companheiro seu.

Dizem as más-línguas menos próximas, que nada sabiam e jamais saberão, que a linda rainha por décadas sonhava todas as noites em telefonar para Horacio Toche. Outras línguas, mais amenas, amigas (tinha duas) confidentes e as escravas da sua rotina diária (cem indianas), já inventaram que ligava todos os dias para propor amizade mais profunda, particular, jogar xadrez no leito vestida só com a coroa, ponderar sobre música, contar-lhe que amava candomble uruguayo, que tinha vinte mil discos, para hablar un poquito mal dos argentinos e brasileiros, enfim, passar o tempo, a vida é curta... mas isso é uma grosseira calúnia, ora, Horacio Toche era casado e feliz, e amigo de brasileños e argentinos, não queria nem saber de fingimentos. Imagine, com aquele bando de palhaços com capacetes de plumas e baionetas à porta, mais punhais e venenos, se um gáucho iria se sentir bem.

Tudo mentira.

Mania de sem querer ir mudando de assunto, associação de idéias, quase que conto uma de arrepiar..., deixa pra lá.

No vídeo, pena que de somente dois minutos, a abertura da Copa do Mundo. Mazurca, ali, foi de terno cinza-azulado pela última vez.

O preto dá visão aos zagueiros, de perto, descobriu. De longe ninguém enxerga nada, com a torcida postada atrás. De perto dá também aos atacantes, delanteros, claro, mas aqui reside a grande sacada: estes, os delanteros, atiram como podem, do jeito que vier, pressionados pela zaga, para dentro da meta, se fizer se consagra, se errar, tentou; enquanto que os zagueiros precisam saber com exatidão onde está o seu goleiro, para poder atrasar la pelota sem fazer gol contra, o que era permitido com qualquer parte do corpo, exceto mãos e braços.

Ainda é permitido atrasar, se com a... cabeça. Vá entender a roubalheira. O jogo é com o pé, foot, mas com o pé agora não vale mais... Os ingleses eram "famosos" cabeceadores, para as negras deles, isso explica em parte a mudança nas regras. Como eles mesmos viram depois, não adiantou, seguem perdendo para nosotros. Descobriram de modo arrasador quando viram o central Índio, do Internacional de Porto Alegre, baixinho perto deles, fazer um monte de gols de cabeça, muitos em decisão.

Deram-se conta de que o índio, seja gaúcho, carioca, cearense, de Ecuador, de qualquer lugar da América do Sul, não precisa ter dois metros, precisa é ter coragem de se jogar ao ar, alheio a cotovelaços de grandalhões, aos pés dos touros, se preciso, a morrer, o braço cuidando a cara no instinto. Pés da vaca já era. O correto seria mudarem as regras mais radicalmente, do jeito que está é covardia.

Em Copa do Mundo, ou em decisão do Mundial Interclubes, sul-americanos entrariam em campo com 8 jogadores, contra 11 deles. Mais justo, ou menos injusto, pois ganharíamos igual.

 


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Depois Mazurkiewicz entrou em campo e fechou o gol.

O Uruguay poderia ter ganho a Copa de 66. Entrou em ação o inglês Stanley Rous, então presidente da FIFA (os presidentes da FIFA, com a possível exclusão do primeiro de sua história, mereceriam uma penitenciária especial, de alta periculosidade) e sua máfia, e mexeram na arbitragem em favor dos europeus. Bom, aí nem Mazurca conseguiu segurar o ímpeto alemão, com todas as faltas invertidas e dois uruguayos expulsos.

Como não podemos voltar no tempo, ao tempo em que o preço do ingresso era acessível para a maioria, que as drogas no estádio limitavam-se a cerveja, vinho e uísque, liberados para alegria e relaxamento, sem brigas, num tempo em que os atletas não ganhavam somas insultuosas, e tinham mais vergonha na cara, que os dirigentes eram menos desonestos, fiquemos com um vídeo com lances e entrevista.

Este vídeo o mostra cumprimentando a rainha. A cena com o rei, por alguma razão, sumiu de todas as redes, e os particulares que a filmaram e não aceitaram apagar sofreram acidentes. Acontece.

Miremos o famoso lance inicial do vídeo, e ao fim, está certo o "portero" de Peñarol: se ele não sai do gol, levando o drible de corpo do negro bailarino e maior jogador da história, Pelé entraria sozinho e escolheria o canto, ou entraria com bola e tudo, a solas. Olhem bem, imaginem Pelé entrando sem a saída do portero. Saiu e atrapalhou, o último recurso de um arqueiro inteligente e digno, sem falta.

Adiós, Mazurca! Hasta la vista.
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1 comentario:

  1. boa meu me emosionei ate mandei pros carinhas de jornal otro dia digo so escrevem merda tudo chupaovo minha mulher ajufou folha correio do povo estdaao.
    os vidios matam a pau tu deu uma ddemtro
    anda ta matando muito cagado por ai??????
    tou bebedo e dai
    HANS

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