miércoles, 12 de junio de 2013

Dia dos Namorados, n'A Charge do Dias

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Com o botequim lotado, ontem à noite Carlinhos Adeva falou aos boêmios sobre o Dia dos Namorados. Dizer falou é pouco: derramou uma pequena parcela da sua erudição.

- Seguinte, pessoal. O Dia dos Namorados é comemorado mundo afora em 14 de fevereiro e tem a ver com um bispo romano chamado Valentim. O bicho era tinhoso, bebia vinho de tonel, tinha umas trinta mulheres e andava casando gente a torto e a direito, gostava da função, mesmo com o casamento tendo sido proibido pelo Claudião no ano de 214 da era cristã. O Cláudião, como as dançarinas das boates que ele contratava para as suas orgias o chamavam, era o Marcus Aurelius Claudius, o imperador da vez. Os romanos, como sabemos, eram os americanos de hoje em dia, só queriam saber de matar godos e suábios, era sempre assim, pelos seus imperadores, o esporte favorito consistia em submeter os bárbaros, invadindo suas terras, matando adoidado, estuprando mulheres, degolando crianças e destruindo tudo, imagine que o que não fariam se os coitados tivessem petróleo, pelo que bem imaginamos quem é que era bárbaro. Bueno, o tal de Claudião II proibiu os casórios porque achava que os soldados enfraqueceriam se tivessem mais alguém para os mandar, eles que se virassem com as ovelhas no campo. Pois o Valentim inventou de descumprir a ordem, pra quê, pá, foi condenado à morte. Antes de ser executado é que lhe caiu a ficha: deveria ter obedecido ao Claudião, como fui burro, meu Deus, sobraria mais mulheres pra mim. Ele lá preso, num atraso danado, deu de enviar bilhetinhos para a filha do carcereiro, vem aqui na cela fazer uma coisa boa comigo, querida, bem escondidinha, vem... Pá, a Astérias andava apavorada pela falta de homem e topou. Reza a história que ela era cega mas na hora do bem bom deu um grito ao tempo em que arregalava os olhos, recuperando a visão, um milagre. Foi a última, ã, namorada que ele deu, em seguida o Claudião o crucificou em praça pública. Assim, por ser casamenteiro, inventaram o Dia dos Namorados na data da sua morte.

- Tá, beleza, mas e no Brasil? -, perguntou Bruno Contralouco.

- No Brasil é picaretagem dos comerciantes paulistanos na década de 40 do século passado, para atochar inutilidades nos supostos apaixonados. Tomaram conhecimento do Dia de São Valentim dos estranjas e botaram a cachola a funcionar. Pensaram, pensaram, em que dia vamos botar o Dia dos Namorados? Na época junho era um mês fraco de vendas, diferentemente do fim do ano, onde o Natal já tinha sido inventado (AQUI). Pá, tá decidido, em junho. E o dia? Pá, no dia do santo casamenteiro dos portugas, Santo Antônio. Na hora de redigir o informativo aos cúmplices da imprensa, dando conta da invenção, o datilógrafo, que era um português dono de padaria, o Manoel Gato, se enganou e bateu 12 de junho, em vez de 13 de junho, e assim ficou sendo na véspera do dia da morte do santo português, que na verdade se chamava Fernando e é considerado padroeiro de um montão de gentes, inclusive dos estéreis, das grávidas, dos frascos e comprimidos, e dos burros. 


O bar foi abaixo com a bela explanação do diretor jurídico do Partido dos Boêmios (em constituição). Ele merece.

Hoje a primeira obra escolhida alude à invenção dos comerciantes. Com o Nani.



Em seguida vieram com temas... bem, também áridos. Com o Nicolielo.



E com o César. Olhaí os comerciantes.



Miss Leilinha Ferro ficou com a obra do Amâncio. Os beberantes resolveram que a sua escolha irá para a parede do bar, depois de emoldurada.



A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que.., bem..., se fundiram  no ano passado (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.

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