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- Insisto: quero assembléia-geral para debatermos o assunto. Insisto em mudar o título da nossa coluna no blog Ainda Espantado. Nada de A Charge do Dias, o Adolfo até argentino já é. Precisamos mudar para Os Filhos da Puta.
Isso quem disse, pela vigésima vez neste ano, foi o boêmio Bruno Contralouco. E pela vigésima vez o filósofo Aristarco de Serraria explicou-lhe que isso já foi votado, na última deu 29 votos contra 1, este 1 do próprio Contralouco.
- Sossega, Contra -, pediu Gustavo Moscão, parceiro do Bruno nas agressões a leões de chácara e bispos aiatogélicos, alegam que é difícil distinguir uns dos outros, mal encarados e de preto.
- Sossega, Contra -, pediu Gustavo Moscão, parceiro do Bruno nas agressões a leões de chácara e bispos aiatogélicos, alegam que é difícil distinguir uns dos outros, mal encarados e de preto.
Jezebel do Cpers trata de mudar de assunto. Diz, a doutora em sociologia e outros bichos, que ontem assistiu estarrecida a um membro do governo de São Paulo, Opus Dei em pessoa, ser entrevistado sobre a encrenca com o preço das passagens de ônibus:
- Na minha cara, o elemento limitou-se a criticar raivosamente aqueles a quem chama de baderneiros. Sobre o problema, o aumento, nem um pio.
- Bem feito pros paulistas, quem mandou eleger - disse Jucão da Maresia.
- Se eu pego um cara desses -, falou o Contralouco.
Com essa, saiu a primeira charge. Thomate, de Ribeirão Preto (SP).
- Amigos, até as pedras da escadaria de Santa Teresa, como o pé de oliveira aqui do Beco do Oitavo, sabem que no Rio é igualzinho ao resto do País: quem elege prefeito e outros bichos são as empresas de ônibus. Será que desta vez o povo de algum estudo dará um fim nesse estado de coisas? - disse, perguntando como quem sabe a resposta, Tigran Gdanski.
Nisso entrou o causídico Carlinhos Adeva, terno azul, camisa branca, gravata também azul, Silvana Maresia soltou um assovio, fiufiu... Pediu um liso de dyabla verde e inteirou-se do assunto. Refletiu alguns instantes e saiu-se com esta:
- Amigos, pergunto-me porque algum dos nossos democráticos jornais, como a Folha e o Estadão (aqui Wilson Schu teve um ataque de tosse, parece que tentava rir), não fazem um levantamento dos últimos vinte anos, de cada empresa de ônibus. O faturamento, custos e o lucro líquido de cada ano, com os nomes dos sócios e o quanto foi distribuído, seja como pro-labore, como lucro/dividendo ou participação direta no resultado, e, se possível, para quem vendem, e por quanto, os ônibus "velhos", ou seja, já depreciados, coisa de 3 a 5 anos de idade. Se entre os sócios houver pessoa jurídica, vão atrás, até chegar nas pessoas físicas. Isso nos daria uma idéia do tamanho do buraco onde estamos metidos. Em se tratando de concessão, de serviço público, os governos deveriam saber dessas coisas, e divulgar, que não me venham com papo de livre iniciativa ou assunto particular, a teta é o nosso.
- Não entendi essa dos ônibus velhos -, falou Jussara do Moscão.
- Ora, para precaver eventual distribuição disfarçada de lucros. Funciona assim: na contabilidade o carro não vale nada, já foi deduzido como custo, custo é despesa, Ju, que reduz o lucro; aí vendem, ou podem vender, por um pila, mas vale duzentos mil, e os duzentos vão parar adivinhem nas mãos de quem? Numa empresa média, imagine cem velhos vendidos por ano, dá quanto? Vinte milhões. Em vinte anos, quanto? Quatrocentos milhões -, esclareceu Carlinhos.
- Pô, mas a Receita Federal não é cega, acho... - falou Chupim da Tristeza - andaram autuando até a minha avó por um erro na declaração, tá com 92 anos. A minha velhinha ganhou 40 mil contos no ano, na soma com uma grana do finado vô, e quis deduzir os 35 mil que gastou em remédios, tá doente de tudo, puta merda: os caras glosaram, não pode, e fincaram-lhe uma multa.
Carlinhos suspirou fundo e preferiu não responder. Acrescentou:
- Esqueci de dizer: os ônibus são adquiridos com financiamento subsidiado pelo governo federal, juros de nada, pelo Finame, enquanto o povão paga horrores para os bancos. E tem mais: aqui em Porto Alegre outro dia alguém, deles, falou em tirar a passagem grátis dos idosos para compensar o não-aumento. Mas esqueceu de explicar o que fazem com o dinheiro recebido, lá naquele passivo inexistente, de pessoas que mudaram de cidade, que perderam o cartão, que morreram... Milhões de reais.
Caiu o queixo da moçada.
Carlinhos ficou com cara de pedra e arrematou:
- O pior conto outro dia, as renovações das concessões nas estaduais e federais, todas vencidas, de há muito fora da lei, era para ter ocorrido há anos. Vocês nem sonham....
O bar silenciou.
Aqui da palafita tiramos o chapéu: quem sabe, sabe, conhece bem. Bravo, Dr. Carlos, pela coragem.
Não é por acaso que Carlinhos é o diretor jurídico do Partido dos Boêmios (em constituição), pois atua no direito criminal, constitucional, societário e mais num monte, inclusive o tributário.
Nisso entrou o causídico Carlinhos Adeva, terno azul, camisa branca, gravata também azul, Silvana Maresia soltou um assovio, fiufiu... Pediu um liso de dyabla verde e inteirou-se do assunto. Refletiu alguns instantes e saiu-se com esta:
- Amigos, pergunto-me porque algum dos nossos democráticos jornais, como a Folha e o Estadão (aqui Wilson Schu teve um ataque de tosse, parece que tentava rir), não fazem um levantamento dos últimos vinte anos, de cada empresa de ônibus. O faturamento, custos e o lucro líquido de cada ano, com os nomes dos sócios e o quanto foi distribuído, seja como pro-labore, como lucro/dividendo ou participação direta no resultado, e, se possível, para quem vendem, e por quanto, os ônibus "velhos", ou seja, já depreciados, coisa de 3 a 5 anos de idade. Se entre os sócios houver pessoa jurídica, vão atrás, até chegar nas pessoas físicas. Isso nos daria uma idéia do tamanho do buraco onde estamos metidos. Em se tratando de concessão, de serviço público, os governos deveriam saber dessas coisas, e divulgar, que não me venham com papo de livre iniciativa ou assunto particular, a teta é o nosso.
- Não entendi essa dos ônibus velhos -, falou Jussara do Moscão.
- Ora, para precaver eventual distribuição disfarçada de lucros. Funciona assim: na contabilidade o carro não vale nada, já foi deduzido como custo, custo é despesa, Ju, que reduz o lucro; aí vendem, ou podem vender, por um pila, mas vale duzentos mil, e os duzentos vão parar adivinhem nas mãos de quem? Numa empresa média, imagine cem velhos vendidos por ano, dá quanto? Vinte milhões. Em vinte anos, quanto? Quatrocentos milhões -, esclareceu Carlinhos.
- Pô, mas a Receita Federal não é cega, acho... - falou Chupim da Tristeza - andaram autuando até a minha avó por um erro na declaração, tá com 92 anos. A minha velhinha ganhou 40 mil contos no ano, na soma com uma grana do finado vô, e quis deduzir os 35 mil que gastou em remédios, tá doente de tudo, puta merda: os caras glosaram, não pode, e fincaram-lhe uma multa.
Carlinhos suspirou fundo e preferiu não responder. Acrescentou:
- Esqueci de dizer: os ônibus são adquiridos com financiamento subsidiado pelo governo federal, juros de nada, pelo Finame, enquanto o povão paga horrores para os bancos. E tem mais: aqui em Porto Alegre outro dia alguém, deles, falou em tirar a passagem grátis dos idosos para compensar o não-aumento. Mas esqueceu de explicar o que fazem com o dinheiro recebido, lá naquele passivo inexistente, de pessoas que mudaram de cidade, que perderam o cartão, que morreram... Milhões de reais.
Caiu o queixo da moçada.
Carlinhos ficou com cara de pedra e arrematou:
- O pior conto outro dia, as renovações das concessões nas estaduais e federais, todas vencidas, de há muito fora da lei, era para ter ocorrido há anos. Vocês nem sonham....
O bar silenciou.
Aqui da palafita tiramos o chapéu: quem sabe, sabe, conhece bem. Bravo, Dr. Carlos, pela coragem.
Não é por acaso que Carlinhos é o diretor jurídico do Partido dos Boêmios (em constituição), pois atua no direito criminal, constitucional, societário e mais num monte, inclusive o tributário.
Lamentamos informar aos trilhões de leitores que todas as respostas à pergunta de Tigran foram negativas. A colocação de Tigran saiu a propósito da obra do mestre Nani, do Rio.
Por falar nisso, eis o que diz a Opus Dei, com Genildo.
Leilinha Ferro não perdeu uma palavra dos diálogos dos boêmios, dos quais aqui reproduzimos uns dois por cento, quietinha lá atrás do caixa. Na sua vez, elegeu a obra do guru Newton Silva, de Fortaleza, sem dizer um ai, pelo jeito passará o dia quieta. Também...
A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que.., bem..., se fundiram no ano passado (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.
Pois é, amigo Newton. Vou pedir ao Dr. Carlinhos para voltar ao assunto, explicando em minúcias essa dos ônibus "velhos", a gente que é leigo fica meio que bailando.
ResponderBorrarAbração e grato pelo recado.
Salito
Muito pertinente esse comentário, para quem não entende as tramoias. é esclarecedor... nunca havia pensado no que os empresários de ônibus, fazem com ônibus velhos ? É receita não contabilizada ? Sem falar nos subsídios do governo ( com o dinheiro do povo)...É complicado...Não dá mais para enganar, está na hora do Povo abrir os olhos ...
ResponderBorrarOutra caixa-preta é essa das passagens compradas e nunca utilizadas, isto é, sem a prestação do serviço. Gente que se muda de cidade, que perde o cartão ou simplesmente morre. Para onde vai a grana?
ResponderBorrarGrato pelo recado.
Salito