miércoles, 26 de junio de 2013

Um sonho lindo, n'A Charge do Dias

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Bar lotado, os empinantes dispostos a torcer pelo Uruguay. Esse é o lado sádico dos boêmios, só para ver a cara dos otários que vão oferecer a bunda - e a grana - para os ricaços encarregados do circo, como argumentam.

- Vocês são é uns recalcados -, disse Silvana Maresia.

Carlinhos Adeva cai de joelhos em sua frente:

- Obrigado, amada, nunca recebi tamanho elogio. Neste mundo, vendo o que se vê diariamente, a escravidão, os filhos da puta enriquecendo com o sangue dos que não tiveram chance, o cara que não é recalcado é anta.

O jogo começa e a tevê do botequim transmite sem som, ninguém aguenta "os pulhas dos narradores, alguém tinha que dar um tiro nesses caras, para pararem de iludir cumprindo ordens", como disse Gustavo Moscão. Silvana fica encarregada de avisar se alguém fizer gol, enquanto os demais seguem de papo e tentando acompanhar pela internet a evolução dos protestos em Belo Horizonte.

Em certo momento o Contralouco levanta-se e diz alto:

- Declaro solenemente que sou contrário a essa história de depredar contêineres de lixeiras. Com tanto banco por aí...

E vai para o salão da sinuca.

Papo vai e papo vem, o filósofo Aristarco de Serraria, com os olhos balançando por muitas dyablas verdes que entornou, propõe uma mudança no modo de protestar:

- Chega de trancar ruas, encher os centros das cidades de gente, isso ajuda os bandidos a cometerem assaltos. Vou sugerir à moçada algo muito mais econômico: que simplesmente destrua o Congresso Nacional e enforque os nobres parlamentares. Pronto. Convoca-se nova eleição, os caras que forem eleitos vão pensar cem vezes antes de meter a mão.

- Seria o ideal, mas Brasília fica muito longe, a gente ficaria na dependência do povo de lá -, ponderou Tigran Gdanski.

- Concordo. Tem que acabar com aquele antro. É mais fácil fazer de novo do que tentar consertar algo que não tem conserto, fica esse problema da distância -, disse Jezebel do Cpers.

- E quem iria enforcar a rataiada, a gurizada? -, questionou Jussara do Moscão.

De lá da sinuca ouviu-se a voz do Contralouco: - Eu! Deixa comigo! Isso não é trabalho, é prazer.

E seguiram assim, combinando detalhes do novo protesto.

Aqui pensamos em lembrar que isso é coisa de gente que não tem o que fazer, mas o pessoal é lúdico. Tomam uns tragos e ficam sonhando acordado com coisas maravilhosas, pegar na loteria, em ser herói, enforcar bandidos que condenam seres humanos à degradação ou à morte. A realidade é muito diferente, quem tem a força são eles: possuem os meganhas e as comunicações. Enfim, sonhar ainda é permitido, bar é bar.

Escolheram as obras do dia.

Nani



 Passofundo.



Paixão.



Amâncio.



Miss Leila, a coordenadora da coluna, ficou com o Sinovaldo.



A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que.., bem..., se fundiram  no ano passado (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.

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