martes, 3 de septiembre de 2013

Os espiões e o Negrote, n'A Charge do Dias

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Assuntos vieram muitos, o principal um lero dos empinantes com o sem-teto Negrote. O velho passou pelo botequim à noitinha para pegar a sua ração diária de pinga e foi convidado a entrar pelo Chupim da Tristeza, que estranhou as suas feições, parecia com fome. "Hoje é dia de quê, Negrote?", exclamou Clóvis Baixo ao vê-lo entrar. "Da águia e da hiena", respondeu como sempre sem hesitação.

Inicialmente era uma garrafa inteira de cachaça marca diabo, cortesia do Contralouco. Depois as mulheres se meteram e hoje está reduzida à metade, com o patrocínio de todos os boêmios pelo sistema rachid. O Negrote não gosta das mulheres da mesa. Como a temperatura cai vertiginosamente em Porto Alegre, o barbudo das ruas perguntou se não dava para voltar à inteira, só hoje. Disse o Contralouco: "Negativo, o senhor tem os cobertores que lhe dei, e qualquer coisa pode dormir lá em casa". O boêmio pensou um pouco e acrescentou: "A menos que tenha pintado alguma mulher para dividir". Prontamente o Negrote disse que sim, estava esperando a Meméia. Então tá. Portuga, hoje vai inteira!

Daí caiu no assunto um negócio do envolvimento da Europa na exploração do Oriente Médio, e o Negrote, sentadinho na ponta da mesa, meteu-se na conversa sem ser convidado. Disse que logo depois do golpe militar no Brasil foi consultor na Putásia, com conexões na Putiropa. Clóvis Baixo disse: "E na Putáfrica não?". Ele corrigiu: "Fodáfrica. Só na do Sul". 

Foi aí que começou a dizer umas coisinhas que deixaram alguns boêmios, como Carlinhos Adeva, de cabelos em pé. Não souberam nos transmitir direito, mas amanhã já teremos as informações. Após meia hora de vagarosa e complicada fala, onde por vezes se perdia, levantava a voz, "Não, isso foi outra vez", "Lá não posso contar", de repente disse: "A Meméia chegou", e saiu o mais rápido que pode, o Portuga mal teve tempo de correr e lhe enfiar na mão a sacola com a garrafa e a pizza que o Chupim mandou lhe dar.

Marquito Açafrão foi até a frente do bar e o viu caminhando daquele seu jeito arrastado, puxando a perna esquerda em arrancos, em direção à Rua da Olaria. Lá longe na ponta surgia a figura da Meméia, com o braço esquerdo sobre o peito, que todos sabem segura a sua filha, uma suja e pequena boneca de pano.

Marquito sentou no meio-fio e acendeu um cigarro. Deu vontade de voltar para casa.


Bem, hora da escolha das charges do dia. Aí foi uma gargalhada atrás da outra. Leilinha Ferro liberou diversas para compensar a falta de ontem. Vão em desordem.

Nicolielo.



Jarbas. Aqui Wilson Schu olhou para o Tigran Gdanski e disse: "Quem duvida é louco".



Fausto. Aqui pelo que saibamos somente riram, nós é que metemos a colher: o que impressiona é o tamanho do bicho, torcer o pescoço e jogar numa panela parece impossível.



Lute.



Sinfrônio.



Nani.



Miss Leilinha Ferro, a coordenadora, veio com duas.

Zedassilva.



Sponholz.



A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que.., bem..., se fundiram  no ano passado (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.
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