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Um sábado cinematográfico na capital dos gaúchos, muito sol, temperatura no ponto (28º C, quando começamos a escrever), alegria por onde quer que se passe. Porto Alegre começa em festa o fim-de-semana.
Gaúchos são aqueles caras do Sul que chupam um líquido de uma cabaça oval..., ah, nestas alturas o mundo todo já sabe. Um abraço especial da palafita aos boêmios de Angola, Miquirina Segundo em janeiro estará aí, merecidas férias. Levará chimarrão, erva-mate, complicação por algumas horas na alfândega, os funcionários dos aeroportos ficarão preocupados, a polícia violenta, imagine passar droga sem a sua comissão. Chegará bem.
O Contralouco se aproxima do botequim às dez da manhã. Os boêmios, espalhados em mesas na calçada, ao vê-lo, apenas entreolham-se, em silêncio que diz muito. O Contra de óculos-escuros e todo azul nas vestes: calça social, sapato social, paletó às costas, gravata azul mais forte e... sem camisa, com uma garrafa de cerveja na mão. Em tempos de latinhas e latonas, estranharam a garrafa. Vem olhando para o céu. Quando chega às mesas da calçada, sem tirar os olhos do céu empina o resto da loira e joga a garrafa no lixo a oito metros. Solta um rugido, comemorando a cesta de longe do garrafão, e entra no botequim, pegar mais uma ou coisa que o valha.
Gaúchos são aqueles caras do Sul que chupam um líquido de uma cabaça oval..., ah, nestas alturas o mundo todo já sabe. Um abraço especial da palafita aos boêmios de Angola, Miquirina Segundo em janeiro estará aí, merecidas férias. Levará chimarrão, erva-mate, complicação por algumas horas na alfândega, os funcionários dos aeroportos ficarão preocupados, a polícia violenta, imagine passar droga sem a sua comissão. Chegará bem.
O Contralouco se aproxima do botequim às dez da manhã. Os boêmios, espalhados em mesas na calçada, ao vê-lo, apenas entreolham-se, em silêncio que diz muito. O Contra de óculos-escuros e todo azul nas vestes: calça social, sapato social, paletó às costas, gravata azul mais forte e... sem camisa, com uma garrafa de cerveja na mão. Em tempos de latinhas e latonas, estranharam a garrafa. Vem olhando para o céu. Quando chega às mesas da calçada, sem tirar os olhos do céu empina o resto da loira e joga a garrafa no lixo a oito metros. Solta um rugido, comemorando a cesta de longe do garrafão, e entra no botequim, pegar mais uma ou coisa que o valha.
Tigran comenta baixinho na mesa da ponta: "Sabem se o Contra está brabo com a gente? Nem cumprimentou...".
Dois estranhos, no outro extremo da calçada do bar, perceberam os olhares cúmplices dos amigos. O mais velho sussurra pro outro: "Cuidado com esse cara que entrou, é meio tantã".
De lá de dentro ouve-se a voz firme do Contralouco: "Não cumprimentei porque não vi vocês, meus amigos queridos, tava vendo uma coisa lá pros lados da Estrela da Alvorada, hoje eu preciso encontrar uma vênus, linda, que se pele só pra mim, mas deixa acertar uma coisa aqui com o Portuga que já vou praí. E vou avisando, pro cara lá da ponta que me chamou de tantã, que não gosto que falem nas minhas costas, na próxima vez me chame logo de louco, louco e de ouvido de cão, assim talvez eu deixe passar".
Pela última parte, congelou o ambiente. Clóvis Baixo faz cara de desagrado e, na dúvida sobre o que o Contra pretende fazer, diz pro cara que falou: "Meu, se quer sair daqui andando, cape o gato já". Os caras se mandaram.
Em alguns minutos o Contralouco sai para fora, com duas garrafas nas mãos. Olha para a mesa vazia onde estavam os estrangeiros: "Ué, achei que os parceiros iriam aguentar o tirão, Baixo, até resolvi pagar uma cerveja a eles pela valentia, foram embora mesmo? Uma pena, pois pensei melhor, gente, até que tantã é um nome bonito, instrumento de percussão".
Com o Contra já sentado, Jezebel do Cpers pergunta, enquanto mexe no seu martini com o palito de pepino cravado: "Cadê a tua camisa, meu amor?".
"Camisa? Ah, a camisa, azul-clarinha, pra fechar com o resto marinho. Ã... (se olha) dei pro Negrote quando passei agora há pouco pela sua moradia, reclamou que tá mal de roupas, roubaram as dele durante a noite. Não quis voltar em casa, aí fiz um adiantamento, mas daqui a pouco vou ali em casa e levo uma mala pra ele, o verão tá chegando, não vou precisar de muita roupa".
Os boêmios entendem: o Negrote é um velho sem-teto que mora embaixo do Viaduto dos Açorianos. É convidado de honra - bóia e trago de graça - em todos os churrascos, almoços e jantares da confraria. Isto é: todos os dias. Mas não é chiclé, aparece de meio-dia ou de noite, nunca ambos, e fica na dele.
Como todos sabem que para o visionário Negrote todo dia é dia de um bicho, Wilson Schu pergunta: "O que o Negrote disse de hoje, é dia de quê?".
"Da cobra".
"Ui", exclama Jussara do Moscão.
O Contralouco resolve tomar as duas cervejas - vez que a turma ainda está nos aperitivos, losninhas e butiás, e o papo segue de onde estava antes da chegada do companheiro.
Como todos sabem que para o visionário Negrote todo dia é dia de um bicho, Wilson Schu pergunta: "O que o Negrote disse de hoje, é dia de quê?".
"Da cobra".
"Ui", exclama Jussara do Moscão.
O Contralouco resolve tomar as duas cervejas - vez que a turma ainda está nos aperitivos, losninhas e butiás, e o papo segue de onde estava antes da chegada do companheiro.
Lúcio Peregrino ergue o rosto do notibuc. Nicolau Gaiola pressente o perigo: "Já sei, agora as notícias que tu lê e inventa, aumenta, distorce, mas hoje tem dó, nada de política".
Marquito Açafrão se adianta, já pensando na fase seguinte, depois das notícias: "Corto o pau se todas as charges não tratam daquele dinossauro paralítico, vamos pular essas depois, gente".
"Concordo, nada de Sarney, ninguém merece", diz Aristarco de Serraria.
Lúcio Peregrino anuncia: "Pessoal: notícias do notibuc! A primeira é compridinha, aguentem", e se põe a ler.
- O ladrão chefe da máfia dos pareceres,
o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira, quer negociar uma delação premiada com o Ministério Público. Ameaça
contar detalhes do esquema e envolver novos personagens no escândalo revelado
pela Operação Porto Seguro, que também derrubou a Rosemary do Lula. O lalau disse que não sairá
do caso como chefe da quadrilha, afirmando que o chefe mesmo é gente “mais graúda”. O cagado teme se tornar um Marcos Valério, que recebeu promessas de proteção dos chefões e acabou sozinho. Não é pra menos, o seu Paulo foi indiciado por crimes de corrupção ativa, falsidade ideológica, falsificação de
documento particular e formação de quadrilha. Ainda não está claro se o bandido é homem do Lula, do Dirceu, do Antonio Palocci ou do Marco Maia. Voto no Dirceu.
"Mas que droga, Lúcio, implorei para não falar em política...", resmunga Nicolau, visivelmente contrariado.
"São as notícias, Nicolau, não sou eu que as faço, eu só ajeito a redação. E não falei em política, falei de criminosos, assaltantes". Atenção:
- Lucinho das putiangas, este locutor que vos fala, a partir deste instante é torcedor fanático do Corinthians, que é o Brasil, isto porque os europeus não passam de uns filhos da puta. Nem vou falar da Inglaterra, os pais da águia assassina americana. Ouçam o que disse o jornal madrilenho El País:
El Chelsea barrió al Monterrey y se metió en la final del
Mundial de Clubes. Eso del Mundial de Clubes suena bien en otros espacios
geográficos, pero no aquí. Aquí damos por sentado que el mejor equipo de club
del mundo es el campeón europeo y si acaso estamos dispuestos a discutir tal
condición con el campeón americano. Antes, en la Intercontinental, ahora en
este Mundial de Clubes en el que entran como teloneros los campeones de otros
continentes. Nada que inquiete al campeón europeo, que si pierde con el suramericano,
cosa que pasa a veces, lo achaca al viaje o al desinterés.
"Canalhas", diz Jussara do Moscão.
- E isso não é a opinião de algum espanholzinho de merda, é a opinião de um dos maiores jornais de Espanha. Vão disputar o Mundial só por ir, se acham os melhores por serem europeus. Esquecem que todos os times da Europa são tapados de atletas brasileiros. Se perderem será por "cansaço da viagem ou desinteresse". Hipócritas, mentirosos. Deram um pequeno parágrafo para o São Paulo, dizendo que ganhou "um" título mundial interclubes. Do Corinthians nada, mas nada mesmo, nem uma linha.
O bar inteiro vira um bando de loucos corintianos.
"Se eu pego uns caras desses", diz o Contralouco.
"Ainda estão com a bunda doendo com o Inter, que atolou no trilionário Barcelona bem descansadinho e muito interessado", diz Clóvis Baixo.
"Eu tava em São Paulo em 2006, quando o Inter fudeu com o Barcelona. Garanto que toda a massa corintiana, e os paulistas em geral, torceram pelo Inter. Quem torceu contra foi somente um velho balofo da Band", diz Mr. Hyde.
"E os merdas dos nossos comentaristas esportivos dê-lhe a falar no 'Tielsi'. Babacas... querem ter sotaque daquelas grotas, é Xélsea, bundões", diz Paulinho Copersucar, esquentando de vez o ambiente.
Pronto, falar na decisão do Mundial foi o que bastou para acabar com o noticiário do Lúcio. Puxado por Chupim da Tristeza o bar inteiro entoa - e Cícero Bom Cabelo faz o seu violão parecer dez - a marchinha que contamina a todos que passam no Beco do Oitavo, que se ilumina em sorrisos:
Salve o
Corinthians,
O campeão dos campeões,
Eternamente
Dentro dos nossos corações.
O campeão dos campeões,
Eternamente
Dentro dos nossos corações.
Salve o Corinthians
De tradição e glórias mil;
Tu és o orgulho
Dos esportistas do Brasil.
De tradição e glórias mil;
Tu és o orgulho
Dos esportistas do Brasil.
Leilinha Ferro aproveita a empolgação, e antes que algum maluco puxe novamente assunto de política, pede as charges do dia.
Aí veio a decepção matinal. Primeiro varreram o site A Charge Online (espetacular site), em seguida os jornais que puderam comprar na banca da República - a melhor do mundo -, por fim os jornais que puderam achar na internet, Lúcio é rápido no gatilho.
Nada. Nem uma charge, uminha que fosse, aludindo ao grande, histórico, confronto Corinthians x Chelsea.
O filósofo Aristarco tentou contemporizar: "De repente o pessoal está nervoso, medo de falar antes...".
"Não adianta, Ari, não tem explica. Não precisavam dizer que vai ganhar, pombas. Mas quem vai com medo acaba perdendo, se é medo que sentem", desabafa Marquito Açafrão.
"É, podiam ao menos mostrar um corintiano dando uma porrada no meio da cara dum inglês, já tava bom", diz o Contralouco.
"Sr. Contralouco, a Leila está gravando as conversas, vai tudo pro blog do Sala, isso é exemplo que se dê para a meninada?", critica Silvana Maresia.
"Ah, o pessoal sabe que falo só de brinquedo, Sil".
Enfim... Leilinha, quando enviou as obras para o blog, pediu que deixássemos um espaço para uma que aluda à grande decisão, talvez até a noite apareça algum artista do traço que seja corintiano ou brasileiro (esta foi do Walter Schiru, que pegou forte porque forte estava a oitava losna).
(Se vieram, vão duas, fora de concurso:
Amorim:
(Se vieram, vão duas, fora de concurso:
Amorim:
E Luscar:
Assim é que se faz, peito n'água).
Votaram e elegeram as obras do dia, por ontem e por hoje. De pronto quebraram a promessa de ignorar o jurássico paralítico que tem um marimbondo no rabo, alegando com simplicidade: "É que foi irresistível".
Na hora do anúncio das obras vencedoras, a noiva gostosa, linda, a rainha do bairro, que sempre passa no outro lado e não olha, short apertadinho, atravessa até o meio da rua, pára no canteiro e timidamente faz sinais para o Contra, diz com voz fininha: "Bruno, preciso muito falar contigo", ele pareceu não perceber. Estava de costas, distraído com o Gatolino no colo, com o vozerio da turma e o batuque e violões. Quando Aristarco, que estava de frente, pensou em dizer é contigo, ele em pé já largava o Gatolino nos braços da Jêze. Ajeitou a gravata, virou-se de frente e caminhou para o meio do Beco do Oitavo: "Estou indo, estrela da manhã".
"A Vênus desceu do céu", disse Jezebel, enquanto o engravatado sem camisa e aquele pedação de mulher (esta é do Lúcio), enfim livre de noivado da grana, sumiam abraçados pelo Beco da Fonte.
E Jezebel, Aristarco, Lúcio, Jussara, Hyde, Tigran, Silvana, Gustavo, Clóvis, Marquito, Wilson, Juca, Paulo, Carlos, Alex que chegava, todos os boêmios, pediram cerveja para todos, incluindo alguns estrangeiros chegados há pouco, em breve se somarão, se bons.
O menino Cícero Bom Cabelo - que a turma adotou, boêmio de primeira - começa aos poucos no violão, acompanhado apenas pelo pandeiro do Jucão da Maresia (se o grande Aguinaldo Loyo Bechelli visse, aplaudiria ao Juca, estamos certos), os atabaques ainda em silêncio:
Salve o Corinthians, o campeão dos campeões...
Vira carnaval.
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Assim é que se faz, peito n'água).
Votaram e elegeram as obras do dia, por ontem e por hoje. De pronto quebraram a promessa de ignorar o jurássico paralítico que tem um marimbondo no rabo, alegando com simplicidade: "É que foi irresistível".
Na hora do anúncio das obras vencedoras, a noiva gostosa, linda, a rainha do bairro, que sempre passa no outro lado e não olha, short apertadinho, atravessa até o meio da rua, pára no canteiro e timidamente faz sinais para o Contra, diz com voz fininha: "Bruno, preciso muito falar contigo", ele pareceu não perceber. Estava de costas, distraído com o Gatolino no colo, com o vozerio da turma e o batuque e violões. Quando Aristarco, que estava de frente, pensou em dizer é contigo, ele em pé já largava o Gatolino nos braços da Jêze. Ajeitou a gravata, virou-se de frente e caminhou para o meio do Beco do Oitavo: "Estou indo, estrela da manhã".
"A Vênus desceu do céu", disse Jezebel, enquanto o engravatado sem camisa e aquele pedação de mulher (esta é do Lúcio), enfim livre de noivado da grana, sumiam abraçados pelo Beco da Fonte.
E Jezebel, Aristarco, Lúcio, Jussara, Hyde, Tigran, Silvana, Gustavo, Clóvis, Marquito, Wilson, Juca, Paulo, Carlos, Alex que chegava, todos os boêmios, pediram cerveja para todos, incluindo alguns estrangeiros chegados há pouco, em breve se somarão, se bons.
O menino Cícero Bom Cabelo - que a turma adotou, boêmio de primeira - começa aos poucos no violão, acompanhado apenas pelo pandeiro do Jucão da Maresia (se o grande Aguinaldo Loyo Bechelli visse, aplaudiria ao Juca, estamos certos), os atabaques ainda em silêncio:
Salve o Corinthians, o campeão dos campeões...
Vira carnaval.
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Ah, as obras: começaram com o mestre Nani.
O Sponholz, do Jornal da Manhã (Ponta Grossa, PR).
O Samuca, do Diário de Pernambuco (Récife, PE).
E com o Nani. Só dá Nani.
A coordenadora Leilinha Ferro também dobrou a sua participação, por ontem e por hoje.
Com o Pater, de A Tribuna (Vitória, ES). Aplausos do botequim para a menina. De fato, esta série do Pater é de arrasar, se tivéssemos homens em vez de reles predadores em postos-chaves da nação (o comentário é do redator, con permiso), as coisas seriam bem diferentes.
E com o Duke, de O Tempo (Belo Horizonte, MG). Recrudesce a desconfiança, entre os boêmios, de que Leila é mineirinha. Uai. Ela explicou a adesão ao tema proibido: "É que o pai vive dizendo que não quer morrer sem ver esse cara se... bem, se fofucar". "Sifuder!", ecoa o grito no bar, Jezebel em pé sorrindo. Aliás, Jezebel que falou mal do governador Tarsão, e disse que hoje tem assunto dos profes na Praça da Matriz. Pulamos essa parte.
(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos meses se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)
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