martes, 11 de diciembre de 2012

Marco Maia x Povo, e o destino de um bundão, n'A Charge do Dias

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No Botequim do Terguino rola chimarrão desde às oito da manhã. Em dezembro poucos trabalham, em marcha lenta, pois salvo o Contralouco - com bastante serviço na gráfica, ninguém é comerciante. Carlinhos Adeva é outro que sempre tem trabalho, mas deixa a secretária no escritório de advocacia e desaparece, qualquer coisa ela chama por telefone. Às nove e meia iniciaram os aperitivos.
 
Advertidos, aqui na palafita, por Miquirina Segundo, esclarecemos, pela centésima vez, agora aos persas e egípcios que nos leem, que chimarrão é algo que os gaúchos chupam numa cabaça oval. Vão entender errado, mas fazer o quê.
 
Lúcio Peregrino desde que chegou furunga no notibuc. Em meia hora estava pálido. Antecipou-se aos demais e pediu um liso de dyabla verde, também chamada de losninha, e seguiu furungando, cada vez mais pálido. Às dez pediu a palavra:
 
- Gente, vamos lá: notícias do notibuc.
 
Referiu-se, o nobre boêmio, à etapa das atividades diárias que leva esse nome - notícias do notibuc. Como diz o médico Mr. Hyde, podemos até ser pinguços, mas pinguços bem informados, o buteco pensa. Nessa hora o bar silencia para ouvir as últimas.
 
- Já? É muito cedo - pondera Aristarco.
 
- Más notícias é melhor dizer logo, sem embromação. Vou começar com os filmes de terror, as amenidades ficam para o fim.
 
- Então mete bala - diz Mr. Hyde.
 
- Marcos Valério, em depoimento à Procuradoria Geral da República, em setembro, disse que esteve com o então presidente Lula no Palácio do Planalto, acompanhado do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, sem precisar a data. Afirmou que Lula deu "Ok" aos empréstimos do Banco Rural para o PT. Valério também garantiu que repassou R$ 100 mil para despesas pessoais de Lula, por meio da empresa Caso, do aloprado sem-vergonha do Freud Godoy, então assessor da Presidência da República, amigão do Lula.
 
Silêncio no bar. Jezebel murmura: - Meu Deus do Céu...
 
- Nada de comentários, pessoal, vamos até o fim, depois temos o dia todo para comentar - diz Lúcio. Prossegue.
 
- O otário que é presidente da Câmara dos Deputados, o petista Marco Maia, ameaça o Supremo Tribunal Federal se este cassar o mandato dos bandidos condenados pelo mensalão. Pretende que os criminosos continuem a legislar pelo menos por mais um ano.
 
- A votação no Supremo está empatada em 4 x 4. O voto que falta, do ministro Celso de Mello, deverá pender pela cassação. Aí o valentão do Sr. Maia que faça o que bem entender, pois é possível que o povo também decida reagir, invadindo a Câmara e quebrando alguma coisa por lá.
 
O Contralouco dá um salto na cadeira: - Prima sou! Não vou quebrar patrimônio do povo, mas meter a mão na cara de patifes, ah, vou...
 
Carlinhos Adeva se mete: - Gente, deixa eu dar uns pitacos, estou por dentro do assunto, daqui a pouco terei de dar um pulo no escritório.
 
A turma concorda.
 
- É o seguinte. Na Roma antiga, os legisladores, que eram os senadores, andavam de branco, a cor representando a honestidade, transparência. E mesmo assim, cometeram horrores. Na Grécia,  a nenhum condenado era permitido sequer falar ao povo. Hoje em dia, aqui na América, nenhum país consente que transgressores da lei possam ser representantes do povo; esses malfeitores, se conseguirem emprego de síndico de bordel é muito, pois até aí se exige boas referências. A simples ideia de se ter no parlamento alguém condenado, e pelo Supremo Tribunal, é um insulto à democracia. Se isso vier a ocorrer no Brasil, o crime estará institucionalizado pelo Congresso Nacional, terão instigado o desprezo à autoridade, o desrespeito à lei, o império da violência. Se o Contralouco se escalou para entrar primeiro no bordel em que a Câmara terá se transformado, quero ser o segundo.
 
Aplausos dos boêmios, vermelhos de raiva.
 
- Vou indo, pessoal, volto a tempo pro almoço - diz Carlinhos.

- Pera aí, Carlinhos - diz Mr. Hyde -, o que estranho é o seguinte: se eu fosse condenado a qualquer pena, sem possibilidade de recurso que reverta a condenação, eu renunciaria imediatamente ao cargo de deputado, é o mínimo que um homem pode fazer com o resquício, se restou, de vergonha na cara. Então esses criminosos estão batendo o recorde mundial de cara de pau, de falta de vergonha, de #$Xa&mpsapos e $$$$$lagartos.

- Matou, doutor - responde Carlinhos lá da porta - agem como criminosos que são.

(o blog é familiar, então suprimimos os palavrões da fala de Mr. Hyde, que há de nos perdoar).

(Com esta aconteceu um milagre: uma charge de 19/dez/2012, referindo a esse Marco Maia mandalete do José Dirceu, deu um salto do futuro e caiu aqui, fora de votação. É do Flávio:





- Que mundo. Esse Marco Maia, que mundo não tem, fora esse mundinho de merda deles, hoje é chefão, nomeia quem quer no governo; é a velha putaria de sempre, o legislativo de homenzinhos de suruba com o executivo de covardes - lamenta a profa Jezebel do Cpers.

Lúcio vai em frente:
 
- O banco HSBC aceitou pagar 1,5 bilhões de euros ao governo americano, para encerrar processo em que é acusado de lavagem de dinheiro de traficantes de drogas e de supostos terroristas. O dinheiro compra tudo. Lá, pegaram e tomaram algum dinheiro, os hipócritas. E aqui?
 
- Mamma mia... - diz Jezebel.
 
- O Tribunal de Contas da União admite que as concessionárias de energia elétrica cobraram a mais dos brasileiros 7 bilhões de reais, entre 2002 e 2009, porém negou aos consumidores o direito ao ressarcimento. Se os tribunais de contas estaduais são conhecidos como tribunais de faz-de-conta, a sigla desse outro - TCU - dá uma ideia de como devemos chamá-lo.
 
- Toma no nosso cu! - exclama o Contralouco.
 
- O estuprador do FMI, Dominique Strauss-Khan, para encerrar processo criminal nos EUA, paga 5 milhões de euros para a camareira de hotel a quem forçou a mamar aquele seu pau mole...
 
- Bah, Lúcio - diz Jussara do Moscão -, hoje você está carregando nas "arrumadinhas" que dá nas notícias, hein?
 
- Eta chupadinha bem cara - diz Wilson Schu.
 
- Vocês sabem, essas drogas de jornais não contam direito, só dou uma ajeitada. Bem, agora, às amenidades.
 
- Dilma recebe honras militares em Paris, no Palácio dos Inválidos, e depois desfila em carro oficial pela famosa avenida Champs Elysées, reservada para as comemorações de maior prestígio dos franceses.
 
Viva. Todos festejam.
 
- Lula também está em Paris, mas foge da imprensa como o diabo da cruz, suspeita-se que está hospedado num muquifo na zona do meretrício.
 
- Tinha que estragar - diz Silvana Maresia.
 
- Hoje a despedida do grande goleiro palmeirense Marcos, em jogo festivo do Palmeiras de 1999 x Seleção brasileira campeã do mundo em 2002.
 
- O Marcão merece, diz Clóvis Baixo.
 
- Preparador físico Paulo Paixão diz que só vai para o Inter se o Dunga for contratado. E chega, minha gente, futebol morreu com o campeonato brasileiro.
 
Leilinha Ferro pede que escolham logo as charges. Novamente em dose dupla, para compensar a falta de ontem.
 
Feita a votação, foram escolhidas as seguintes:
 
Mestre Nani.
 
 
 
 
Miguel, do Jornal do Commercio (Recife, PE).
 
 
 
 
Mestre Aroeira.
 
 
 
 
E o cearense Newton Silva.
 
 
 
 
A senhorita Leila Ferro também dobrou a sua participação, ela que escolhe a solas, como coordenadora da coluna.
 
Ficou com o Pater, de A Tribuna (Belo Horizonte, MG).
 
 
 
 
E com o Duke, de O Tempo (Belo Horizonte). O pessoal já anda desconfiado de que a Leilinha é mineira.
 
 
 
 
(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos meses se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)
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"Capa" de ontem: Com o empate hoje (10/dez/2012) diante do atual campeão mundial Vishy Anand, vencendo o London Classic (5 vitórias e 3 empates), o jovem norueguês MAGNUS CARLSEN, segundo especialistas, alcança o maior rating já atribuído pela FIDE a um jogador de xadrez, inacreditáveis 2.861, superando a marca histórica de Kasparov (2.851).

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