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Os boêmios se apoderaram de um bar no litoral gaúcho. Com o Contralouco presente - acompanhado da ex-noiva de outro, a gostosa do Beco do Oitavo -, fazer amizade com o dono foi a coisa mais fácil do mundo. O bolicheiro se chama Joel do Facão e o buteco "Bar dos Amigos". Falamos do Contralouco porque a frase e o gesto mais instigantes, de que temos notícia, saíram de suas mãos e boca, opa, pela ordem, ao contrário.
Chegaram de madrugada, dormir nos alugados.
O Contra às seis da manhã passeava solito pela areia molhada, logo com água pela cintura, tentando ensinar o Gatolino a nadar, atirava perto, miava, buscava, atirava de novo na onda, vai seu gato puto, a onda levava o Gatolino para dentro, e de novo, de repente um ondão, o mar levando o bichinho lã adiante, o Atlântico matou, aí ele furava a onda, nadava e buscava, depois da rebentação, trazia o Gatolino na cabeça, eta marzinho traiçoeiro.
Aqui na areia verificava, acariciava. Cinco minutos e vamos de novo, e pegava o Gatolino pelo gorgumilo e entrava correndo mar adentro. Atirava, vê se nada, seu broxa, seja home, tou te cuidando...
Numa dessas, de pé aqui na beira, na volta de uma ondona, muito maior que o ondão, o Gatolino parecia que já era, e ele dando tapinhas nas costas, chupando e depois dando ar pela boca, para tirar a água salgada, água demais pode fazer mal ao tadinho, viu lá longe o homem abrindo o bar.
Foi até lá, antes que a china acordasse, com o Gatolino no ombro, recuperado, médio, do aprendizado, mais parecia uma estátua de coruja, se firmando com a patinha esquerda nos cabelos do professor de natação. Já estava quase na hora de voltar, se quisesse, e o Contra queria, jurou que ia dar certo com a branca que dormia de sorriso mole.
Só Deus sabe o que conversaram, ele e o Joel, eu dei uma saída para reconhecer o terreno, mas vi que Joel em seguida foi lá dentro buscar uma coisa para mostrar, e mais um lero e se abraçaram, e umas conversas sem fim, fotos do Peñarol, do Inter, do América do Rio, olhei no relógio e era nove da manhã, perdeu a mulher, o otário, não acredito, bebendo cerveja e contando histórias a esta hora, e Joel já foi começando fogo na churrasqueira. Voltei e pulei no ombro. Para me sacanear, pensa que não sei, virou a cabeça olhando o ombro direito e disse: meu gato é destro, deixa sempre livre a mão boa, mas se faltar lenha, pode servir de combustível. Ninguém achou graça. FDP.
Eu, o Gatolino corujo afogado, ainda duro de frio na alma, sem entender porra nenhuma, lá olhando... Bateram uma caixa de cervejas, garrafas de 24, com tiros de losna (o Joel tinha!), acabaram de fechar todas, Joel e Contra odeiam latinhas de viados. Pelo papo de viados, isto é, gremistas, corintianos, mengos, pó de arroz de puta velha, a ceva pegou. Desde que esse tal de Joel não goste de tamborim puro, para mim está bom.
Depois, enfim, se deram uns sopapos nas costas e vamos embora, vou buscar a turma, voltamos em uma hora.
Enquanto o Bruno Contra saía para os alugados, e eu junto, o Joel, já cercado há horas pelos seus parentes machos e mulheres e crianças - a criançada toda sentou no colo dele, que inventou um brinquedo de palavras o que está vendo no ambiente, endoideceu os pequenos - ã, o Joel botou música da boa, bem alta, Paulinho da Viola, e soltou foguetes, cuidado meu, miei, fogo é fogo, quase morri certa vez, não fosse este louco voar e parar com a mão e o rosto a chama que viajava em minha direção, para não falar daquela vez... miau mi Diós...
Das águas, em que eu era meio nenê, ia sumindo no bueiro quando ele voando - o que gosta de voar - me puxou pelo pezinho, se arrebentando nas pedras, eu fui arrancado com força, fui ao ar, e caí no seu peito, e chuva que Deus mandava, no maior desastre chuvístico na história de Porto Alegre. O sangue escorria da sua cabeça, caiu mal, não tinha outro jeito.
O palhaço se voltou para o samba e ensaiou passos de dança: Tá legal, eu aceito...
Se conhecessem este ombro em que me alojo... Prefiro água, aprender a nadar, uma afogadinha que outra não dá nada.
Já sei, vai chegar cantando: Tá legal, eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim, olha que a rapaziada está perdendo a calma... ops, sentindo a falta.
A branca panaca vai se jogar nos braços dele sem reclamar, dizendo apenas que estava com saudades e com medo que a tivesse abandonado. China é china, como sempre digo à gata do apartamento de cima, a Egípcia.
Cada doido, vá entender. Vou comer minha ração, já sei que estarei fudido nesse churrasco que irá até a meia-noite. O único que me dá carne, que eles comem, é o Contra, espero que hoje não me falte, nunca me faltou.
Odeio estas comidas de plástico das múltis estrangeiras, americanas. Tudo por dinheiro, pelo menos isso é o que Contra diz.
Por que eles podem comer bife, de um bicho morto, ou peixe morto, e eu não?
Além de me caparem (desculpe, Egípcia, morro de vergonha, mas precisava te contar: na época eu era nenê, não conhecia o Contralouco - conheci nas águas levando tudo, no bueiro, mas sei que ele não deixaria, nunca, nunca, nunca, que fizessem o que fizeram comigo), e os assassinos ainda querem que eu coma este lixo.
Só falta me levarem para fazer as unhas em institutos de putas.
Chegaram de madrugada, dormir nos alugados.
O Contra às seis da manhã passeava solito pela areia molhada, logo com água pela cintura, tentando ensinar o Gatolino a nadar, atirava perto, miava, buscava, atirava de novo na onda, vai seu gato puto, a onda levava o Gatolino para dentro, e de novo, de repente um ondão, o mar levando o bichinho lã adiante, o Atlântico matou, aí ele furava a onda, nadava e buscava, depois da rebentação, trazia o Gatolino na cabeça, eta marzinho traiçoeiro.
Aqui na areia verificava, acariciava. Cinco minutos e vamos de novo, e pegava o Gatolino pelo gorgumilo e entrava correndo mar adentro. Atirava, vê se nada, seu broxa, seja home, tou te cuidando...
Numa dessas, de pé aqui na beira, na volta de uma ondona, muito maior que o ondão, o Gatolino parecia que já era, e ele dando tapinhas nas costas, chupando e depois dando ar pela boca, para tirar a água salgada, água demais pode fazer mal ao tadinho, viu lá longe o homem abrindo o bar.
Foi até lá, antes que a china acordasse, com o Gatolino no ombro, recuperado, médio, do aprendizado, mais parecia uma estátua de coruja, se firmando com a patinha esquerda nos cabelos do professor de natação. Já estava quase na hora de voltar, se quisesse, e o Contra queria, jurou que ia dar certo com a branca que dormia de sorriso mole.
Só Deus sabe o que conversaram, ele e o Joel, eu dei uma saída para reconhecer o terreno, mas vi que Joel em seguida foi lá dentro buscar uma coisa para mostrar, e mais um lero e se abraçaram, e umas conversas sem fim, fotos do Peñarol, do Inter, do América do Rio, olhei no relógio e era nove da manhã, perdeu a mulher, o otário, não acredito, bebendo cerveja e contando histórias a esta hora, e Joel já foi começando fogo na churrasqueira. Voltei e pulei no ombro. Para me sacanear, pensa que não sei, virou a cabeça olhando o ombro direito e disse: meu gato é destro, deixa sempre livre a mão boa, mas se faltar lenha, pode servir de combustível. Ninguém achou graça. FDP.
Eu, o Gatolino corujo afogado, ainda duro de frio na alma, sem entender porra nenhuma, lá olhando... Bateram uma caixa de cervejas, garrafas de 24, com tiros de losna (o Joel tinha!), acabaram de fechar todas, Joel e Contra odeiam latinhas de viados. Pelo papo de viados, isto é, gremistas, corintianos, mengos, pó de arroz de puta velha, a ceva pegou. Desde que esse tal de Joel não goste de tamborim puro, para mim está bom.
Depois, enfim, se deram uns sopapos nas costas e vamos embora, vou buscar a turma, voltamos em uma hora.
Enquanto o Bruno Contra saía para os alugados, e eu junto, o Joel, já cercado há horas pelos seus parentes machos e mulheres e crianças - a criançada toda sentou no colo dele, que inventou um brinquedo de palavras o que está vendo no ambiente, endoideceu os pequenos - ã, o Joel botou música da boa, bem alta, Paulinho da Viola, e soltou foguetes, cuidado meu, miei, fogo é fogo, quase morri certa vez, não fosse este louco voar e parar com a mão e o rosto a chama que viajava em minha direção, para não falar daquela vez... miau mi Diós...
Das águas, em que eu era meio nenê, ia sumindo no bueiro quando ele voando - o que gosta de voar - me puxou pelo pezinho, se arrebentando nas pedras, eu fui arrancado com força, fui ao ar, e caí no seu peito, e chuva que Deus mandava, no maior desastre chuvístico na história de Porto Alegre. O sangue escorria da sua cabeça, caiu mal, não tinha outro jeito.
O palhaço se voltou para o samba e ensaiou passos de dança: Tá legal, eu aceito...
Se conhecessem este ombro em que me alojo... Prefiro água, aprender a nadar, uma afogadinha que outra não dá nada.
Já sei, vai chegar cantando: Tá legal, eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim, olha que a rapaziada está perdendo a calma... ops, sentindo a falta.
A branca panaca vai se jogar nos braços dele sem reclamar, dizendo apenas que estava com saudades e com medo que a tivesse abandonado. China é china, como sempre digo à gata do apartamento de cima, a Egípcia.
Cada doido, vá entender. Vou comer minha ração, já sei que estarei fudido nesse churrasco que irá até a meia-noite. O único que me dá carne, que eles comem, é o Contra, espero que hoje não me falte, nunca me faltou.
Odeio estas comidas de plástico das múltis estrangeiras, americanas. Tudo por dinheiro, pelo menos isso é o que Contra diz.
Por que eles podem comer bife, de um bicho morto, ou peixe morto, e eu não?
Além de me caparem (desculpe, Egípcia, morro de vergonha, mas precisava te contar: na época eu era nenê, não conhecia o Contralouco - conheci nas águas levando tudo, no bueiro, mas sei que ele não deixaria, nunca, nunca, nunca, que fizessem o que fizeram comigo), e os assassinos ainda querem que eu coma este lixo.
Só falta me levarem para fazer as unhas em institutos de putas.
Lúcio Peregrino vem lendo as notícias do notibuc diariamente, como de costume. Felizmente, os amigos decidiram nada enviar ao blog, pelo que agradecemos de coração. Não queremos saber de mensaleiros que vão assumir, nem da Tatcher assassina, da Globo, de pastores eletrônicos, de mortes, Maradona pó, mentiras, bostas de milionários do futebol, nada.
Aqui só entram bondades, até 2013. Escapou algo que não entendemos, que o troféu Chupa Pus (na eleição dos Piores da Raça, no dia 31, o Framboesa dos boêmios) já foi escolhido: seria um tal de Imbessinha, chargista. Não sabemos de quem se trata. Pulemos isto.
Aqui só entram bondades, até 2013. Escapou algo que não entendemos, que o troféu Chupa Pus (na eleição dos Piores da Raça, no dia 31, o Framboesa dos boêmios) já foi escolhido: seria um tal de Imbessinha, chargista. Não sabemos de quem se trata. Pulemos isto.
O Portuga e o Terguino se mandaram visitar parentes lejos, mas a Leila, guria do Terguino, com o seu namorado Z do PSol, acamparam ali por perto. Terguino deixou-a aos cuidados da confraria, uma bruta responsabilidade, todos os cachorrões e cachorronas, no bom sentido, de olho, mas Gustavo Moscão, com a sua profa Jussara, levaram a sério demais, não largam do pé da menina. Até beijo no rosto do Z requer autorização.
O Contralouco já estava de saco cheio das perguntas dos amigos e admiradores (o pessoal da Praia do Quintão lê diariamente esta coluna), entre si e aos demais, e inspirou-se no cearense Newton Silva (Salve, Fortaleza do Newton; Salve, povo cearense) para abrir a coluna A Charge do Dias.
Claro, o Contra foi educado com o pessoal, que riram a não mais poder, pensando "Esse não é falsificação, é o próprio Bruno Contralouco, de corpo e alma". Primeiro, pediu licença ao Joel do Facão, foi lá na frente e pendurou uma placa, que encontrou numa rua de Porto Alegre e botou no porta-malas.
Voltou e escolheu a obra do Newton. Hoje escolheram muitas, visto que amanhã estarão com dor-de-cabeça, pausa para estarem em forma na segunda-feira, e os artistas também (a folga amanhã).
Depois o negócio deu uma enroscada, por alguns dos temas lembrarem banditismos e irresponsabilidade, mas seguiram firmes, sem comentários.
Com o Aroeira, de O Dia (Rio de Janeiro, RJ). Jucão da Maresia caiu de joelhos no bar e disse de mãos postas: "Derruba logo essa árvore de mentira, Dilma". Silvana Maresia, que inicialmente estranhou vê-lo desabar de rodillas, ao ouvir a frase caiu junto, repetindo o pedido. Já estavam meio altos.
O pessoal tratou logo de evitar aprofundamento no assunto. Vieram com o Marco Aurélio, de Zero Hora (Porto Alegre). "Acho que o Marco está falando de sexo", opinou Mr. Hyde. O bar foi abaixo em gargalhadas, pois todos sabem, pelas estórias contadas por Lúcio Peregrino - comedor de mulheres e asponas de políticos, tudo gelol, diz -, que políticos e grandes empresários são impotentes. "Atracar em outra coisa", sugeriu Tigran Gdanski. lembrando o que diria depois a amada Jezebel.
E tentam compensar o leite retido, matando e roubando, etc, etc, já cansei de explicar isto aqui, chega, deu.
E, surpresa, de novo com Newton Silva. Só dá Newton Silva. Houve quase unanimidade, entre os empinantes, na interpretação da obra. Foram muitos os pronunciamentos, que resumimos: Ora, ativo e passivo, que bobagem, não existe só ativo, quem come dá, normal, e o artista cearense fala de presídios, pois uns que se acham os tais, que fingem comer enquanto lesam e condenam crianças esfaimadas, verão que tem os coitados que moram lá por roubar uma galinha ou matar um engravatado, e detestam esse tipo de gente que são e que em breve a eles se juntarão; mais, sonham que deveriam ir todos os ministros atuais e anteriores do Brasil, esses covardes mandaletes de ladrões.
"Sei não, entendi diferente: estou com dó dos cofres públicos de 2013, a razão da miséria e do analfabetismo", disse a velha mestra Jezebel do Cpers, única voz a contestar.
Leilinha Ferro, depois de muito confabular baixinho com Z do Psol numa mesinha na frente do bar, ficou com as seguintes:
Geraldo Passofundo (tem um dedinho do Z). Brilhante.
E M. Jacobsen. Sin palabras.
(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos meses se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)
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