sábado, 24 de marzo de 2012

Até logo, seu Chico Anysio

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Seguindo o inevitável desta única vida que Deus nos deu, a trajetória humana pintada de risos, excrementos e túmulos, ontem o Brasil entrou em luto. Luto grave: o Brasil perdeu um dos seus melhores homens. Homem... um eterno menino, sonhando sempre com um mundo melhor, não para si, não teria graça: para todos. Homem, sim.

Dizer o quê. Sangue que pulsa.

O mundo todo deve estar propagando que morreu o grande ator, escritor, compositor, cantor, poeta, pintor, namorador, e mais uma infinidade de atributos. Amor. Viajante perdido, filósofo autodidata, engenheiro de cérebros, comparsa de estrelas do céu, de botequins e de universidades.

(vou de novo no banheiro, me deu uma coisa)

De volta, lembrei do Luna Bar, no Rio.

E o mundo está certo. Foi embora a presença física de uma parcela enorme da infância, juventude e maturidade de todos os boêmios. Boa hora para dizermos aqui que para ser boêmio/a não é necessário beber e fumar. Tem gente que confunde. Não, precisa não.

Mas há que se ter alma, despreendimento, destemor. Não podemos ter medo, isso saído  de dentro, nem de morrer nem de passar fome. Musical. E há que se ter pena de quem só pensa em bens materiais. Ponto. Aqui na palafita tentamos, mas, sei lá, falta muito, algo  não entendemos pelo caminho, ou era tortuoso nas circunstâncias, ou somos exagerados talvez, procurando coroa de espinhos.

O seu Chico creio que entendeu. Ah, esse sim, sofreu e chorou o diabo, mas chegou nas luzes.

O Beco do Oitavo está em festa, que assim é que se faz. Danças, declamações, lágrimas, risos e abraços. Canções.

Muito obrigado pela espontaneidade, muito obrigado pela maluquice. Muito obrigado por namorar a Zélia, ufa.

Muito obrigado pelo Alberto Roberto, acidez na tampa de alguns nossos compatriotas "artistos". Muito obrigado pelo Al Cafone, ainda estão por aqui. Pelo Azambuja, pelo Bozó e pelo Coalhada.

Obrigado por todos, seu Chico, o país inteiro (e o mundo, tudo igual) nos seus personagens. Todos entendíamos, menos eles. É a sina de quem escreve: de quem falamos nem lêem. O senhor como ninguém sabe disso, escrevo aqui somente para o caso de algum passante topar com esta postagem, nunca se sabe, precisamos ser sinceros, e leitores andam em falta, preferem os... deixa pra lá.

Se no teatro de outro mundo que não existe, algum menino de chapéu levantar o braço timidamente lá na penumbra do fundo depois daquela frase, vai ter festa. Ele vai crescer, por um gesto banal do Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, rosa de todas as cores de um 12 de abril de 1931, num Maranguape que ele colocou no mapa.

Até logo, a gente do povo do Meio sabemos que morrer é normal, mas a  herança dos malditos assaltantes de batina nos fizeram em demasia tementes da morte. Que droga, não conseguimos parar de chorar!

Morto. Múltiplo, mordaz.

Maravilhoso!









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