sábado, 17 de marzo de 2012

Eu vou botar teu nome na macumba

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Os boêmios da Cidade Baixa nutrem apreço muito especial pelos pregadores religiosos do tipo 9, Macedo, isto é, os que berram passagens assustadoras do Velho Testamento, enquanto metem a mão no bolso das vítimas. Tanto é o apreço que eles jamais passam pelo Beco do Oitavo. Na última vez em que isto aconteceu,  passou um armário de quatro portas, fatiota de coveiro, com o livrinho sagrado nas mãos. O cara mais parecia porteiro de boate perigosa, já na entrada ameaçando com o porte físico e cérebro de minhoca. Aliás, um aviso aos mais jovens: nunca entrem em boate com um porteiro desses, é cabaré para malfeitor, de nona catega, por mais luxuoso que aparente ser. Pensem ainda na calçada: "Com um cara desses um dia vai dar merda e esse dia será hoje". Façam isso e caiam fora, tomar um chopinho em mesa na rua em lugares menos vulgares, arranjar uma namorada honesta. Perdoem-me os amigos, mas, ao lembrar do Macedo e seus coveiros de moedas, a associação de idéias com boate vagaba e outros recintos lúgubres é inevitável.

Bem..., mais um suco de laranja com melão, agora com rum, para variar.  Ah, o armário ia passando e o Moscão, que tomava uma ceva em pé na janela, lado de fora, assoviou provocativo e disse: onde o urubu vai morder hoje? Claro que isso acabou mal, para o honesto pregador, mesmo com aquela enorme faca que tentou tirar da pasta. Aliás, era um pastão, e tinha de tudo, faca, revista pornô, livro-caixa e muitas, muitas, notas de dois e cinco reais.

Já Salito e outros amigos sentem pena dos arrecadadores. Mesmo de alguns chefes menores da vilania. Eles não gostam mesmo é dos chefões dessas máfias, e do governo, que permite concessões públicas de rádio e tevê de um país laico para bandidos alugarem para os vendilhões do templo. Os contratos de concessão permitem tudo? Esse Ministério das Comunicações também precisa de uma Comissão da Verdade para os últimos 50 anos, o que sairia de ratos, jacarés e tubarões lá de dentro... Os companheiros já denunciaram ao Ministério Público o aluguel do canal concedido, pelo desvirtuamento do objetivo e pela afronta à laicidade do estado prevista na Constituição, mas até hoje adiantou necas.

Pois nesta madrugada cometi uma sessão tortura. Funciona assim: quando quero me indignar, ligo o televisor no programa de um desses pastores eletrônicos. A reação varia de indignação a vômito, a depender do empenho do sujeito em bater a carteira do povo. Em geral é vômito. Daí que os programas se revelaram um santo remédio para curar borracheira. Ontem cheguei mal.

De modo que sou muito agradecido aos exorcistas, embora tema que qualquer dia destes eu acabe expelindo o fígado, e a eles dedico um samba.

Sugiro que o tornem música de abertura e encerramento dos seus exorcismos. Claro, antes terão de pagar um milhãozinho para o Dudu Nobre e o Zeca Pagodinho, que são os autores, merecem, ajudam a população a viver. O que é um milhão, né, para quem chantageia tanto?

João.



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