martes, 20 de marzo de 2012

Licitações no Beco do Oitavo - A Charge do Dias

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Hoje, de comitiva, demos uma passada no Beco do Oitavo, rever a moçada. De cara Lúcio Peregrino, alegre demais, contou ter acordado às 5 da matina para os festejos do equinócio de outono, à moda dos seus antepassados celtas. Crê firmemente que descende daqueles pagãos. Entendido: comilança, beberagem e sexo. Ninguém acreditou que acordou às 5, está é atravessado.

O pessoal escolheu a charge do Nani e o assunto dominante foi esse. Primeiro a obra:



A obra fecha o círculo. Aquele "todo mundo sabe" do Nani liquida a questão. Achamos uma gracinha a reportagem da tevê, o noivinho de bolo de casamento apresentador do noticiário se fazendo de santo, surpreso, o tadinho não sabe como funcionam as coisas, chegou agora de Vênus, o platinado. Não pretendemos justificar os ladrõezinhos de tudo que é tipo de fornecimento, aliás a Polícia Federal já está nos calcanhares dos caras. Eles merecem cadeia. Mas o que a reportagem esqueceu de aprofundar, passou batida, é que, se não tem um corrupto contratando, não há propina.

Há muitos e muitos anos, lá por 1894, em Bujumbura (ufa, ainda bem que não foi aqui), um nosso camarada entrou num grande fundo de pensão para vender papéis. Na hora de acertar o preço, ele argumentou: em média o mercado está operando com deságio de 20 a 22% sobre o valor de face, então lhe vendo os papéis, que na face valem 100 milhões de francos, com deságio de 20, o que dá 80 milhões.

O diretorpone olhou para ele e respondeu calmamente: eu lhe compro os papéis, mas por 92 milhões. O "eu compro" dá a dimensão do poder do vagabundo. Claro, depois ele divide os 12 milhões com os que o colocaram ali.

Quem quiser que troque os papéis por imóveis, no exemplo do camarada. Tudo para garantia de provisões técnicas, no caso, ou seja, prejú na conta dos aposentados do Banco do Burundi. Isso não é nada, afinal os caras do Banco do Burundi são cidadãos diferenciados, às custas do povo, como os da Petroburun. Pior é quando metem a mão direto no que sobra, que seria do povo, como o fundo de garantia.

Aí se entende essa terrível disputa por cargos no aparelho estatal. Claro, para o desvio de bilhões há meios muito mais sofisticados que esse experimentado pelo nosso amigo.

É como disse João da Noite: "Em época de eleição os políticos ainda têm a cara-de-pau de dizer que se aliam somente pela comunhão de idéias e projetos. Quem conhece o mundo cão dessa gente que anda de carro importado, mansão aqui, reservas bancárias acolá, bem acolá, sente ganas de arrebentar com os patifes, mas a parcela crédula da população, por ignorância ou boa-fé, ou por ambas, engole a atochada dos malfeitores". A náusea é maior na medida que eles sabem que eu, que o senhor e a senhora sabemos, e estão nem aí, vergonha é palavra que desconhecem. Pior, orgulham-se do que pensam ser esperteza.

Aproveitando a deixa, então estamos acertados, honestos leitores: todo mundo sabe agora por que os políticos esperneiam, gritam, choram, ameaçam, chantageiam, até conseguirem os ambicionados cargos, para "colaborar na implantação das diretrizes" no governo, afinal ajudaram a eleger ao vender o seu horário gratuito. Os cargos. Querem cargos! Caaaaaaaaaaaaaaargooooooooos!

Querem nomear direpones. Os funcionários de carreira, com rigorosa vigilância de uma corregedoria, são incompetentes, é preciso um político ou mandalete de político que nunca trabalhou na vida para as coisas andarem.

O projeto em comum nessa salada de partidos sob a mesma bandeira é esse: assaltar o erário. Unem-se sob o mesmo projeto. Só. Todo mundo sabe.

Lutamos muito por um partido novo, nos enchemos de ilusões, gastamos dinheiro suado para construi-lo, para depois alguns canalhas se deixarem seduzir pelo poder, pelo dinheiro fácil, como faziam os que queríamos derrubar. Corromperam-se. Alguns humanos não ficam velhos, envilecem. Lula, o Deslumbrado, se acha o cara pela alta técnica política que desenvolveu: um estadista em baixar as calças. Oh, cheguei aqui sozinho; ui, um filme sobre a minha vida.

Os acertos que a tevê emboscou são trocados, coisa de ladrão de galinha - e só por isso foram flagrados, se comparados aos grandes negócios de ministérios que lidam com transportes, energia e outros bichos. E a privataria então... E todo mundo sabe.

Voltando ao camarada ali de cima: "Salito, morro de vergonha, cheguei em casa e não consegui olhar para a mulher, mas se eu não aceito o negócio acabo morrendo de fome, o sujeito compra de outro". Pois é.

Essa é a lógica dos caras flagrados pela reportagem da Globo. E todo mundo sabe.

Então vamos combinar: 5 anos de cadeia pro fornecedor de caneta ou comida ou camisinha, e 50 para o bandido que trabalha na estatal e impõe a falcatrua. Como ponto fundamental, além da investigação das ramificações: ampla divulgação do nome do patrunfo que colocou o ladrãozinho naquela cadeira (não estaria lá por acaso, pára-quedas não cai em gabinete).

No escarcéu que a rede Globo está fazendo com o caso dos pilantras menores há um componente assustador. Todos sabem que já foi muito pior, em governos anteriores, foi lá o ovo da serpente, onde o "mercado", maciçamente, começou a imitar seus governantes. E a Globo, como os interesses que sempre representou, sabe que a Dilma está se matando, com extrema dificuldade, junto a uns poucos, para acabar com a prática. Todos os dias ela recebe ameaças de desgoverno, caso não atenda aos reclamos dos grandes piratas. Estes querem a sua caveira. Então este súbito ataque de honestidade, tendo como pretexto ladrões de galinha, no mínimo indica que os múmios estão preparando um novo Collor para dar ao País. Não um riquinho imaturo, e sim um verdadeiro boneco. No limite, pérfida conspiração.

Sim, a Dilma tem errado muito, para o nosso gosto. Mas antes ela que voltar ao horror em que vivíamos, com o poder novamente nas mãos "deles", os tubarões desde 1.500.

Certo é que precisamos recomeçar. Para resultados no curto prazo, alguém sabe como? Ou levaremos mais 30 anos? Não viverei tanto, mas já estou arregaçando as mangas.




O Botequim do Terguino fechou com o Aroeira. O pessoal entende que é ignorância do pobre Ronaldão, que ele não passa de um otário rico e alegre, é possível que não seja nem se transforme em ladrão, mas ainda assim afirmam que sentem um nojo do distinto, mas um nojo... Um dia explicaremos melhor, razões não faltam aos boêmios.

Deixa estar, gente, o que é dele está guardado, a bruxa existe.




Por fim, Leilinha Ferro encerrou os debates com chave de ouro. Essa menina... cada vez melhor. A obra é do Tiago Recchia, da Gazeta do Povo (Curitiba, PR).




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