viernes, 24 de febrero de 2012

Adiós (2)

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[Dolores, desde Barcelona, já saudosa do sul do mundo, lembra de algo que "estou há séculos para te dizer e sempre esqueço". Pede para republicarmos postagem antiga, "mas sem briga, não adianta, Salito, coloque só detalhes da música". A Postagem é de 12/6/2011.
Atendo. Somente repito que jamais esquecerei a genialidade de Philadelfo Menezes, com a sacada: "Clichets, goma de mascarar, sabor mental".]


Em 1931, no mesmo ano em que Ira e George Gershwin compunham Somebody from Somewhere, Blá blá blá e mais uns três sucessos, para revigorar com amor La Gran Manzana, e Seymour Simons e Gerald Marks se saíam com All of Me, e Herman Hupfeld com As Time Goes By, enquanto Isahm Jones também explodia nas paradas com Stardust, enquanto os Estados Unidos tentavam sair do atoleiro dos seus partidos corruptos, mafiosos, como o nosso Brazil de agora, 80 anos depois, enquanto isso...

No mesmo ano de 1931, o espanhol Enric Madriguera (Rodon, Barcelona, Cataluña, España, 17/2/1904 - Danbury, Connecticut, EUA, 7/9/1973), compôs um mambo com um letrista chamado Eddie Woods (não achamos referência na rede mundial, aliás, encontramos muitos Eddies Woods, mas não ele, a quem souber rogamos que nos envie). Ia passando nas nuvens, na cabeça a música com o singelo e direto título: Adiós.

Um mambo, pode?

Que naquele ano bateu a tudo e a todos em todas as paradas de sucesso dos Estados Unidos.

Não precisava, mas é mais uma prova cabal que de música até bandido gosta, quando é boa.

Meninos... gurias.

Como falamos sobre o bolero argentino Vete de Mi em relação a Cuba, onde até os recém-nascidos sabem cantarolar e assoviar, a composição de Madriguera e Woods, Adiós... não há em todo o mundo quem nunca tenha ouvido. Most Famous Song na terra do Tio Sam.

Adiós já foi gravada como fox-trot, rumba, bolero, cha-cha-cha, salsa, rancheira, tango... rock pauleira duvido, é coisa que jamais vi alguém assoviando.

Mas é mambo.

Madriguera aos 20 anos, em 1924, era o principal violinista da Sinfônica de Boston. Logo, logo, grande maestro. Soltou-se. Em 1946 liderou a Sinfônica de Cuba, viajou pelo mundo, fez o diabo, sendo o Embaixador da Música para as Américas. É dele a melodia de Adiós.

Não há músico, que mereça esse nome, em Nova Iorque que não chore em fim de noite, bebendo com os amigos, ao lembrar Enric Madriguera, por ver, ouvir ou ouvir falar. Amigo e confidente da "doida" Anaís Nin, por toda a vida.

O mundo não o esquece. E à sua orquestra, onde sua mulher Patricia Gilmore era uma das cantantes. Olhem só a composição: Nilo Menéndez (pianista), Carmen Cavallaro (pianista), Helen Ward (1933, cantante), Tito Rodríguez (cantó y tocó los bongos en 1941), Jane Greer (1943, cantó en una temporada que la Orquesta estuvo en el Club del Río de Washington), Joe Loco (pianista, este dos nossos), René Touzet (1945-1946, pianista). René é o autor de Me Contaran de ti e de La noche de Anoche. E muitos mais, tantos...um melhor que o outro.

Com a sua Enric Madriguera and his Orchestra, naqueles anos somente competiam a Orquestra Siboney e a de Xavier Cugat. Competiam, bem entendido, pois Xavier Cugat era seu grande amigo, se não o melhor dos poucos que tinha.

Lalia Madriguera, sua filha, anda ainda pelo mundo, centelha impagável de amor, saiu ao pai.

A melodia embalou muitos filmes e peças teatrais.

Mas fico com a consciência pesada, e o letrista (letra ao final), cadê Woods?

Letra curtinha, simples, mas que Madriguera aceitou porque tinha o espírito do que o impeliu ao elaborar a música.

Onde quer que esteja, saiba que diria de ti igual que falei de Enric. Eterno.

Preferiria colocar como mambo mui caliente, mas, neste Dia dos Namorados, vai com a famosa pianista, única, Carmen Cavallaro (Nova Iorque, 06 de maio de 1913 - 12 de outubro de 1989), que abrilhantou, como todos os demais músicos, a orquestra de Madriguera em certo momento de sua vida.

Adiós. Dá o que pensar. Pensemos muito, mas muito, pesemos nossos atos, antes de dizer essa palavra, ela no Brasil tem ares de nunca mais.

Na letra do Woods, é um Até já, meu amor, me vou, aos pedaços de saudade, e temeroso.

Adiós.



Me voy linda morena lejos de ti,
el alma hecha una pena porque al partir
temo que tú olvides nuestro amor;
hermosa flor, mi alma cautivaste
con la fragancia de tu candor.
Tú eres toda mi ilusión
tú eres mi dulce canción.
Adiós,
me voy linda morena lejos de aquí,
a llorar mi tristeza lejos de ti.


Ray Conniff, o último e maior Big Band (ninguém o reconhece, mas foi o maior), com suas 8 vozes, 4 femininas e 4 masculinas, e todos os instrumentos do mundo... não deixou passar em branco.


 



2 comentarios:

  1. Obrigada, aprendo muito sobre música contigo. Á publicação de "Adios" é vida e é linda ...

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  2. E tu é muito amorosa.
    Gracias.
    Salito

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