sábado, 11 de febrero de 2012

Os fanáticos de José Dirceu, e João da Noite

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Sexta-feira agitada e feliz no Beco do Oitavo, os boêmios todos engruvinhados ouvindo, primeiro, os sambas e choros cantados pela Gracinha (Deus meu, a mulher cantando Doce de Coco, do Jacob e do Hermínio, com a voz semi-trêmula, divina, não tem palavras para exprimir, é o céu!), depois o Carlos Silva abolerado (Covarde/ eu sei que sou covarde/ em não fazer alarde/ deste amor que sinto por ti...).

Subitamente, silêncio, e entra a gran cantante uruguaya Nina Moreno: ¡Afuera es noche y llueve tanto!.../ Ven a mi lado, me dijiste,/ hoy tu palabra es como un manto.../ un manto grato de amistad.../ Tu copa es ésta, y la llenaste./ Bebamos juntos, viejo amigo,/ dijiste mientras levantabas/ tu fina copa de champán...

E mais o Antonio com voz e violão (Antonio e maestro Massaretti, com arranjos e solo de Moliendo Cafe, não tem no mapa), ainda o Cícero... Um arraso.

Antes da Maria da Graça se apresentar houve um pequeno incidente, cedo da noite, felizmente superado. A voz de João da Noite fez com que os amigos caíssem em si, não valia a pena gastar pólvora em chimango. Porém isso ainda vai dar samba, o problema foi apenas postergado, foi o que dissemos ao João hoje pela manhã. E João sabe muito bem que  jamais permitiremos que o povo da palafita se envolva em engrezilha de pinguços, temos mais no que pensar. O perigo é Carlito Dulcemano Yanés, mas... deixa assim.

Ocorre que um tal de JD, o líder dos Fanáticos, um conjunto MPBrega que possui muitos fãs no Moinhos de Vento, inventou de sair da sua toca e apareceu na Cidade Baixa. Logo onde. O cara-cortada cansou da rua da fama? Bicha velho.

Os seguidores do conjunto também são fanáticos, um numeroso ajuntamento que reúne iludidos que amam velharias do burguês Chico Buarque (500 contos pra ver teu show, meu? Só vão os múmios. E o povo que dizias amar? Ah, sei, o luxo, a grana de merda), mais os marxistas ladrões, e sertanojos semi-politizados, ou semi-lidos, e muitas variantes desses principais troncos.

Lamentavelmente, alguns universitários imberbes, filhinhos de pápi dos escravos mais velhos. Um dos ídolos dos fanáticos é, adivinhem, o consulpone-mor Antonio Gato Gordo Palotti, da Bela Vista, que tentou vender o ânus dos pobres de paris a Mr. F. Febraban e a outros. Vendeu vinte milhões, o gatuno, depois faltou comprador, ninguém quis comprar o que já tem de graça, pelas graças de Bezerros, Negromontes e todos. E do Ibope.

Pois bem, ultimamente JD e os seus piores fanáticos deram de passar pelo Beco do Oitavo, devagarinho, música alta, se é que se pode chamar aquilo de música, nos seus ricos automóveis. Até ontem, nunca haviam parado.

Até ontem. Isto mesmo: ontem o antigo aspone da Zona, que ainda hoje vende jeitinhos de tomar os recursos públicos (tem comparsas em altos cargos lá na Zona), dado que nunca trabalhou na vida, nunca pegou numa enxada, não sabe porra nenhuma (daí o nome, de assessor de porra nenhuma), desta vez inventou de parar na frente do Beco, acompanhado de alguns de seus escravos unineurônicos, escolhidos a dedo pela significância de suas patologias. É muito peito.

Lúcio Peregrino levantou lá do fundo e, sem dizer uma palavra, quebrou uma garrafa de cerveja e se encaminhou com o toco para a porta.

Foi aí que João da Noite entrou em ação. Empurrou Lúcio de volta para o seu lugar. Depois saiu e respeitosamente falou ao JD: "Ô Cara Cortada, pra que isso de vir provocar, meu, nós não queremos, vocês estão a fim de briga?". O Cara Cortada manteve-se quieto, somente mirando João com aqueles olhos que se tornaram estranhos pela doença, uma mistura de maldade com bobeira infantil. Deixou que um dos seus asseclas falasse, o Imbessinha: "O direito de ir e vir é garantido pela Constituição, tamos na nossa".

Os boêmios a tudo ouvindo e assistindo lá de dentro, as janelas de vidro do bar escancaradas, ventinho das sete da noite entrando, não perdiam um movimento do João, nem o esgar repugnante dos rostos dos inimigos.

"Sim, entendo", respondeu João, "mas bem aqui, na porta do nosso buteco, com esse barulhão?". JD sorriu, zombeteiro, seguro de si, convencido de que é "o cara", uma versão dos malafaias da vida. Só rindo.

João perdeu a paciência, por dentro, por fora calmíssimo. Contou-os com o dedo: um, dois, três... eram dez. João olhou firme para o José Dirceu e disse: "Bem, então vou atendê-lo, contra a vontade. Mas faremos uma luta justa, não somos prevalecidos, vou mandar um dos nossos, é o suficiente". Deu as costas e entrou no bar. Gustavo Moscão deu um pulo: "Eu, eu!".

 "Não, Gustavinho", disse o João, "covardia não, não vamos matar os abobados, vai o  Marquito, que não bate tão forte". Marquito Açafrão abriu um largo sorriso, largou o copo e saiu pensando em qual ouvido meteria o pé primeiro, o grandão da esquerda, afobado, estava pedindo, mas primeiro atiraria o Imbessinha para cima, para deixar de ser otário.

João sabe das coisas, mas por humano erra. Marquito perde a cabeça muito fácil, é o moço que um dia, com duas armas apontadas para o seu peito, na avenida Cristovão Colombo, empurrou o chapéu para cima e disse aos assaltantes: "Então vamos ver se os amigos são homens, se honram as calças que vestem: atirem, filhos da puta!", e abriu a camisa num arranco, rasgando o tecido e saltando botões, e, peito nu, braços abertos, repetiu: "Atirem, filhos da puta, porque vou pegá-los já!"

E pegou já. Há madrugadas em que relembra essa e outras, doído, se sentindo culpado: "Eu não devia ter dado para matar, mas me defendi, João, tava nervoso, tu me entende, né?". João da Noite diz que sim, esqueça isso, Marquito, tu fez tudo certo.

Quando Marcos Açafrão dobrou o umbral da porta, já sem o sorriso na boca, os carrões deles arrancaram. Reprovei João hoje cedo, deveria ter pedido a outro. O Lúcio.

Como dissemos, o problema foi postergado. João nos explicou: "Já vem um tempo que o Cara Cortada anda falando que pega em armas e tal, 'uiui companheiros de armas', mas que armas cara-pálida?, parece que algo danificou o cérebro do sujeito, dá vontade de rir, mas um babaca desses é perigoso, psicopata inteligente, pode levar para o inferno os fanáticos que o seguem, além dos que já levou".

É inimaginável um acaso de Carlito Dulcemano Yanés estar de passagem e sofrer uma provocação dessas. JD amanheceria sem tico, se é que o tem.


Hoje cedinho miss Leila Ferro soube da história, e no ato premiou João da Noite com o direito de escolher a primeira obra do dia, extraordinariamente.

E João, bem-humorado, feito menino contente, escolheu o Jorge Braga, de O Popular (Goiânia, GO).


4 comentarios:

  1. Oi, menino, voltei de França, muita desgraça lá e, nada - deixa, outro dia conto.
    Essa charge é profunda. Deixar bandido "brincando" sozinho.
    baisers
    Jac

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  2. tenho medo dos nazistas de sao paulo, mas esses se tornaram iguais a eles, aos nossos inimigos, sem freio> pudor. Ai salito te cuida, eles são ruins, os dois bandos, vão querer te matar porque nao os aceita, amam burros.

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  3. entro aqui e tu tá recebendo bilhete de vaca o que ouve cara que tá brigando com os comunista ladrao nao te deram uma beira é
    tou na praia sim e ta bom
    vai tomar no teu cu antes me esqueça comunista de mrda

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  4. Olha, seu, só hoje vi esse recado malcriado. Comece a se cuidar, isso de estragar tem que ter um preço, como o senhor saberia se tivesse lido o texto acima.

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