"Ela
com ar de enfado, de filha sofre, cada pai que arrumo, com cheiro de bebida, gravata puxada, um chapéu de mafioso de filme antigo, perfume de
mulheres... A primeira a ciumenta ouviu quieta, surpreendida naquele distante domingo. Na segunda os pezinhos instintivamente se mexeram. Na terceira
estava dentro, os braços também se movimentando, seus olhinhos verdes-azuis irradiando luz de emoção, então me puxou, me abaixei e ouvi: 'Pai, por que não tocam nas
rádios? É maravilhoso...'. Eu doido para dizer que sonhei anos com aquilo, de ver, 'eu' ver, queria tanto, desde menino, eu que amo música, eu que passei horrores, eu que vi muitas vezes, em dias injustos, os meus olhos castanhos assim tão feios de pranto, lá no fundo do horror no interior do RS e aqui mesmo na miséria de Porto Alegre. Mas fiquei quieto, até hoje estou, a vida era dela, a mim
cabia somente mostrar o que pudesse. E lá em cima no palco, ah, o Paulinho da
Viola, com bambas, um deles o seu pai no violão, em plena Praça da Redenção, dizendo: Hoje
fitando o espelho, eu vi meus olhos vermelhos..."
O samba Minhas Madrugadas, de 1965, lição de vida e amor, é resultado da parceria de Paulinho da Viola e Candeia. A cantora é a divina Elizeth.
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