martes, 9 de julio de 2013

A caçada à Edward Snowden e o silêncio do Brasil

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É estarrecedor o silêncio temeroso dos governos do mundo a respeito da verdadeira caçada humana que os Estados Unidos promovem em busca da cabeça de Edward Snowden. Querem matá-lo por dizer a verdade, alertando o mundo sobre os métodos do império, como ao soldado Manning e a Julian Assange, como se tirar o sofá da sala fosse resolver o problema.

Um silêncio constrangedor mesmo entre os omissos, cientes da própria renúncia à responsabilidade coletiva, como quando Mussolini invadiu a Etiópia em 1935 em terrível mortandade, metralhadoras contra lanças, o que provocou o vaticínio do Rei etíope, Ras Tafari, em pronunciamento histórico ante a indiferença da Liga das Nações: "Vocês jogaram um fósforo aceso na Etiópia, mas ele vai queimar a Europa", e três anos depois a Europa ardia em chamas, o horror em sua forma mais vil. 

Agora é um só homem, porém a ofensa atinge a todos os que tiveram a soberania desrespeitada. O Brasil negou-lhe asilo imediatamente e sem explicações. Os governantes reclamam da espionagem em seus países - um insulto inominável, além de crime: violação de correspondência e diálogos telefônicos -, mas ignoram o homem que a trouxe a público. 

Consta que, fugindo à regra, os governos de Bolívia, Venezuela e Equador estão dispostos a conceder-lhe asilo.

O mundo chegou a temer que o avião presidencial boliviano fosse atacado ou caísse por falta de combustível devido à cega perseguição promovida pelo império, com a covarde e dolosa cumplicidade de países europeus.

O governo da Venezuela, pelo seu chanceler, informou que os Estados Unidos solicitaram "diversas vezes" a sua extradição, antes mesmo de confirmado o asilo, e acrescentou: "Nós somos obrigados pelo direito internacional a oferecer proteção humanitária a quem solicitar e todos os outros Estados envolvidos são obrigados a respeitar o asilo concedido por qualquer nação".

Em caso mais complicado, o de Cesare Battisti - e aqui defendemos a concessão do refúgio - o Brasil foi às últimas consequências. Porque o vilão era a Itália? Sim, a mesma Itália que se pôs de joelhos aos ianques ao fechar seu espaço aéreo ao avião de Evo Morales. O que mudou de lá para cá? Pois agora era de incontinenti se conceder asilo a Snowden e cancelar a visita da presidente Dilma a Washington em outubro.  

Ao governo equatoriano Snowden agradeceu a coragem pela carta a seguir. As últimas palavras da missiva sintetizam bem o proceder de países como o nosso. 

CARTA ESCRITA POR SNOWDEN AL PRESIDENTE DE ECUADOR, RAFAEL CORREA:


“Existen pocos líderes mundiales que arriesgarían estar del lado de los derechos humanos de un individuo frente al gobierno más poderoso del planeta, y la valentía de Ecuador y su pueblo es un ejemplo para el mundo.


Debo expresar mi profundo respeto por sus principios y mi sincero agradecimiento por la acción de su gobierno al considerar mi solicitud de asilo político.

El Gobierno de los Estados Unidos de América ha montado el mayor sistema de vigilancia del mundo. Este sistema global afecta a toda vida humana vinculada a la tecnología; grabando, analizando y sometiendo a un juicio secreto a cada miembro del público internacional. Supone una grave violación de nuestros derechos humanos universales cuando un sistema político perpetúa el espionaje automático, generalizado y sin garantías contra personas inocentes.
De acuerdo a esta creencia, revelé este programa a mi país y al mundo. Mientras el público ha expresado apoyo a la luz que he arrojado sobre este sistema secreto de injusticia, el Gobierno de los Estados Unidos de América ha respondido con una cacería extrajudicial que me ha costado mi familia, mi libertad de movimiento, y mi derecho a una vida pacífica, sin miedo a una agresión ilegal.

Mientras yo enfrento esta persecución, ha habido un silencio por parte de aquellos gobiernos temerosos del Gobierno norteamericano y sus amenazas.

Ecuador, sin embargo, se erigió para defender el derecho humano de buscar asilo. La acción decisiva de su Cónsul en Londres, Fidel Narváez, garantizó que mis derechos fueran protegidos durante mi salida de Hong Kong – Nunca me podría haber arriesgado a viajar sin esto.

Ahora, como resultado, me mantengo libre y capaz de publicar información que sirve al interés del público.

Sin importar los días que me resten de vida, me mantendré dedicado a luchar por la justicia en un mundo desigual. Si alguno de esos días contribuye al bien común, el mundo deberá agradecer a los principios del Ecuador.

Por favor, acepte mi gratitud a usted, como representante de su Gobierno y del pueblo de la República del Ecuador, así como mi gran admiración personal por su compromiso para hacer lo que es correcto, antes que lo que genera recompensa”.

Edward Joseph Snowden.


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Em 13/Jul um amigo nos alerta: talvez tenhamos criticado injustamente o governo brasileiro. Há acordo entre EUA e Brasil para a execução de sentenças judiciais, mesmo em solo estrangeiro, embora eles não o cumpram (vide caso dos pilotos do jato Legacy, que provocaram a queda do avião da Gol do vôo 1907, condenados no Brasil e bem belos voando por lá). Assim, se o Brasil concedesse o asilo a Snowden, em vez de condená-lo à morte os ianques poderiam condená-lo a 30 anos de prisão, que é o limite de encarceramento no Brasil, sentença que seria cumprida em nossos confortáveis presídios. 

O argumento não nos convence. Ainda que haja o acordo, o nosso ministro de Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, poderia ter apenas silenciado, a sua precipitada e ansiosa declaração de que o Brasil não concederia asilo em nada ajudou, e pegou muito mal, a subserviência estampada, como a dos países europeus que quase derrubaram o avião presidencial boliviano na ânsia de agradar o Império. E o asilo, se concedido, poderia ser temporário, até que situação melhor se apresentasse ao perseguido, antes da sua condenação nos tribunais dos EUA.

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