viernes, 5 de julio de 2013

Que se foda o Eike Batista, n'A Charge do Dias

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Carlinhos Adeva dá um tirambaço na sua dyabla verde, daqueles "fundo branco" de marejar os olhos, e diz para a turma do botequim:

- Gente... o João da Noite anda louco para dar uma punhalada num banqueiro ou em qualquer um, olhem só o seu pensamento: começamos o pé na bunda nos políticos e no sistema viciado exigindo transporte a preço justo, logo saúde que não nos mate na porta ou no corredor do hospital, boas escolas... enfim, o básico que interessa a todos os brasileiros sem exceção. Nem chegamos a questionar a propriedade de certas capitanias hereditárias e... a merda se instalou. Olhem no que se transformaram os protestos... Maldito povo egoísta. 

Cada um está indo para a rua para defender o seu, o vizinho que se dane. Assim vão estragar tudo, se já não estragaram. Caminhoneiros, médicos, policiais, batedores de carteira... se fosse para reclamar o bem comum tudo bem, mas não, é isenção de imposto de renda para professor, direito de atirar o pau no gato, IPTU zero para prostíbulos, daqui a pouco os caras do formol com leite saem com cartazes. Ou voltamos à pauta dos pontos em comum, interesse de todos!, pombas, ou já era. É só o que eles querem. 

Os boêmios se puseram a refletir. 

Pulamos para um parágrafo lá adiante, já que vimos o que virá. O que faz a bebida, essa turma... Conhecemos João da Noite, não usaria seu punhal de osso para uma baixaria dessas, como acusou Marcos Açafrão, o João não, meteria o osso diferente. Assim que criticamos o boêmio exagerado, respeitosamente.

Os copos, o bar, o mundo começa a girar em torno de si e Aristarco de Serraria se despreende:

Ninguém perguntou quem são "eles". Todo mundo sabe: os nazistas da veja, os porcos da globo, os artistas capados, os egoístas que os seguem, os jumentos o Ronaldão Traveca Hospital o gerdau a máfia dos banqueiros do sangue popular em primeiro lugar os donos dos ônibus em conluio com prefeitos e velhacadores, meu Deus, os falsos inocentes úteis, são muitos os que pensam só em si por temer esta vida gaviona, Luciano se enquadrou porque come as mulheres deles o gaúcho não pára. E Carlito começou a falar nervoso e os nomes foram saindo embolados, todos falando ao mesmo tempo, no bar e na palafita, neste momento aterrou o teco-teco que traz Juanito Diaz Matabanquero, Kafil já está lá para pegá-lo, difícil discernir quem disse e o que disse, vai só o que pegamos na gravação, mas são os gatos brasileiros que têm 600 bilhoes em paraísos fiscais roubados do povo sofrido. 

Sugerimos aos leitores de passagem, antes de começarem a matar essa peste que anda de carro estranja e cuspindo na pobreza dos seus irmãos averiguarem as maiores fortunas do Brasil, por amostragem, e como foram obtidas, creiam que a explicação virá em forma de longos gemidos de dor, gritos de tortura, séculos de desespero, não dói enquanto é no dos outros, mas chegará a tua vez, ó frequentador de estádios com 30 anos de vida frouxos e bandeiras e faixas e tudo ao custo de um salário mínimo os lindos mimos para ambiente de insensíveis dando o cu para preparadores físicos que futebol não mais existe e o povo lá fora e a Globo conformando tudo está bem paz sob os céus do Brasil 

Ai meu Deus

somos felizes pra frente Brasil dá-lhe Neymar Desodorante, já que o salário do Neymar é curto para engrossar a féria e poder comprar uma costelinha no fim de semana ele faz propaganda na tevê até de merda enrolada - na verdade é tudo merda e o público comprador quem seria senão os incultos a massa mais pobre além dos imbecis de São Paulo de Porto Alegre e da puta que pariu, isso é que é assessoria de patriotas ou ricardo teixeira que se fodam ambos e o pai do primeiro já que o do segundo deixa assim, não tenha medo mãe vou arranjar uma cama e remédios no hospital e  Carlito já chegou tocado implora deixem os arrogantes galvão e william para mim quero vê-los valentes de punhal no mano a mano em rua escura não sentados em granas das mortes dos coitados franzinos desdentados e alguém disse que o vacca já tinha dono pegue outro menos o faustão e o datena que já são do Juanito nos donos mesmo ninguém toca aí a conversa será outra com filmagem, que confusão.

Lábios em sangue, os meus molharam e logo secaram, sangue seco.

Aí veio uma surpresa. O Contralouco se fez sério demais, um perigo, e disse que nessas horas eu me lembro do João da Noite, nosso futuro prefeito de Porto Alegre, quando ele dava uma pro santo e dizia: o Brasil não precisa de heróis, o Brasil precisa de homens, que estamos "tão" em falta neste tosco cenário. Precisamos de um homem velho, culto, muito culto, digno, humanista, perceptivo, humilde, nunca um bosta deslumbrado que mande fazer filminho sobre a sua vida de mentira, precisamos de um velho honesto!, e brabo quando tiver que ser. Um simbólico e atuante Pai da Pátria. Onde anda o seu Plínio Sampaio, alguém sabe?

Disse isso e assoviou fininho. O Gatolino entrou voando no bar e pulou no seu ombro, com a patinha direita mexendo nos seus cabelos. E o Contralouco se aquietou, sabendo da inutilidade do que disse, esperanças vãs, ai deus que não existe, seu Plínio, ainda murmurou. E no seu rosto rolaram grossas lágrimas sem um ai.

Silêncio. Jezebel assoou o nariz. 

Quando o silêncio foi se tornando pesado, Gustavo Moscão falou devagar: - Eu fora, já fiz o meu cartaz pro dia 11, só vou reclamar o meu direito de quebrar a cara dos políticos, lá dentro do Congresso. Novo silêncio. Ele volta à carga: - Mas quebrar mesmo, de não sobrar nada. Aí o Contralouco comoveu-se e emendou: - Depois eu enforco. 

Aí a turma se soltou.

Marquito Açafrão, olhando para o Contralouco: - Que ninguém me encoste a mão no dono do Banco Itaú, esse é meu, vou-lhe fazer uma operação sem anestesia, arrancar o cu seria sonhar muito alto, é a sugestão do João da Noite. Jezebel sibilou, emocionada: - Menos, mas será que esse merda tem cu? 

Jucão da Maresia, voz engrolada: - Eu vou castrar o broxa do Renan só pra assistir se esvair sem atendimento médico como milhares que matou por tabela, enquanto se esvai vou dizer que o Luciano era o comedor da vagaba que ele pensa ter comprado, ela tomava o dinheiro do vadio e o Luciano não deixou ela botar o nome do menino de Luciano. 

Terguino Ferro, coisa rara se manifestar, até ele, ouviu e gritou de lá detrás do balcão: - Eu vou dar uma gravata vermelha pro Sarney, esse deixem comigo. - e rindo levantou o facão.

Antes que mais um vingativo dissesse besteira, Clóvis Baixo irrompe no bar, alheio a tudo, sorriso aberto, contagiante:

- Vocês viram o Eike Batista, tá se fudendo! Eu tenho uma boquinha santa....

Referia-se, o boêmio que é o gozador da turma, à peça que pregou nos amigos em junho de 2012 e que contamos no blog em A falência do Eike Batista. Quem não lembraria? Ficaram todos com a boca nas orelhas. 

Bruno Contralouco ergueu o copo de cerveja: - Isto merece um brinde! - e todos o imitaram, foram ao ar vidros de caipirinha, dyabla, cerveja, até de refrigerante, o Gatolino voou tal o ímpeto do valente ao levantar-se, mas o Contra o pegou pelo rabo.

- Que se foda! - gritou o Contralouco com os olhos mais brilhantes que o normal, felicidade pura. - Que se foda! - responderam em uníssono os boêmios, urro a que se somaram as vozes de uma turma de desconhecidos que ia passando na calçada.

Tintim.

Um dos desconhecidos voltou e gritou na janela do bar: - Tomara que o corno-rei se dane futebol clube! Um absurdo total, onde já se viu, mas os boêmios correram à janela para lhe dar um abraço.

Chupim da Tristeza ficou na mesa, já falando de mulher: - Puta que pariu, consta que a negra deu para um bombeiro, não duvido, depois que o Luciano cansou, um dia me disse bêbedo que ela é muito chiclé.

O mundo rodopiou de novo e Aristarco deitou falação. - Lembramos humildemente às otoridades sustentadas pelo povo, que o caminho é a reflexão, pelo menos aos governadores e oficiais que os desobedecem, alguns, vez que de resto a tropa é composta de bandidos, alguns, e muitos analfabetos funcionais carcomidos pela "lei antiga" e por salário de morte, pelo povo que lhes paga a comida e tudo. 

A este blog repugna tais festividades de revolta, os boêmios ficam parecendo os múmios quando mandam matar gente como Jango, como Bezerra de Menezes, como o amado homem e poeta Carlos Marighella, homens que juntando todos os bandidos jamais dariam a unha dos seus mindinhos do pé; mas aos boêmios para igualar-se aos múmios só faltou o champagne em palacetes, igualzinho ao filme Chove em Santiago, porém, como parece que no Brasil resta mais do que claro que não desejamos ditadura alguma, de jeito nenhum, que podemos sonhar com um socialismo que nunca existiu na prática em lugar algum do mundo, pois desgraçados os há em todo lugar, comunista que nunca houve, a palavra vem de comunidade, mais antiga que andar para a frente e sempre violentada pelos que tomaram a força os seus recursos, que já que pelas leis não existe crime de opinião no Brasil, muito menos o de sedição, damos voz à turma, retirando as piores partes tendo em vista que este espaço é lido também por crianças, crianças estas que "eles" não respeitaram ao afogá-las em latrinas cheias de merda para arrancar confissões dos pais que nem sabiam do que estavam sendo acusados.

Agora, seguiu Aristarco, se desejarmos que a grobo daquela latrina, afogando crianças na merda, e todos seus iguais em audiências de horror com seus fantasmas de baixaria que submetem o povo à servidão de ladrões que usurparam do povo as redes mal havidas, se rogarmos a deus em que não creio, ajoelhados, pedir que a grobo e suas iguais se desmanchem no ar, torradas pelo ódio dos maltratados, se isso é sedição, pelos códigos militares, então nos prendam. Não somos como eles, nós cumprimos as leis, mesmo que feitas por aleijados que o povo sem escola escolheu à boca de arma ou nota de dez reais, mais a latrina.


Assim começou a sexta-feira dos habitués do botequim, hesitante entre o papo triste do Carlinhos e a explosão de alegria pelo que disse Clóvis Baixo. Logo só pensarão em alegrias, hoje vão longe, mais tarde haverá música ao vivo no bar.

Leilinha se aproximou e disse, marota: - Bem, pessoal, vamos parar um pouco de fu... fusfugar a vidinha alheia e tratar de enviar as charges de hoje para o blog.

Ficaram com as seguintes obras:

Zop.



Paixão. Nesta escolha os boêmios recordaram de pronto a conversa inicial de Carlinhos. Aristarco de Serraria, recuperado, resumiu: - Olhem no que dá sair dos pontos comuns a todos...



S. Salvador. Esta o Sr. Bruno Contralouco queria guardar para a série "Os Filhos da Puta". A turma o convenceu do contrário, teriam que guardar todas.


A coordenadora Leila Ferro abraçou ao Cazo.



Hoje quem descolou uma a solas junto à Leilinha foi o ex-canoense Lorildo de Guajuviras, pelo seu aniversário. Parabéns, Lorildo! Ele, fechado com a idéia do Carlinhos, ficou com o Enio.



A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que.., bem..., se fundiram  no ano passado (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.

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