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Na excelente reportagem de Aline Moura e Tauan Saturnino, para o Diário de Pernambuco, temos a situação dos partidos naquele estado. Seria muito diferente no Rio Grande do Sul e nos demais estados brasileiros? Pois é assim que se perpetuam, cuidando para manter a sua mercê um povo inculto e despolitizado. Agora quando a moçada, a parcela culta e politizada da moçada, toma as ruas sem medo dos meganhas mal pagos para proteger os bandidos, fazem ar de surpresa. Devem é agradecer que o pessoal não faça uma visitinha às suas sedes, umas cinco mil pessoas pelos cálculos da PM, para entenderem melhor a revolta e o asco que passa nos corações da juventude.
Sem filtro ou ideologia partidária
No segundo andar de uma galeria em Boa Viagem, na Avenida Domingos Ferreira, nº 1.930, a sala 204 chama atenção no estreito corredor. Tem um adesivo do PSD, partido criado há menos de um ano, e uma câmera de segurança registra o movimento do lado de fora. O eleitor chega perto da porta fechada, olha para a câmera, sem saber se há gente lá dentro, e ouve uma voz abafada vinda do interior: “pode entrar”. Então ele entra cuidadosamente no espaço onde duas pessoas trabalham e inicia o diálogo: “gostaria de me filiar, o que é preciso?”, indaga. “É só assinar a ficha”, respondem os dois funcionários atenciosos. E o mesmo diálogo se repete em quase todos os partidos visitados pela reportagem em duas semanas. A diferença é a cor de cada sigla e o nome.
A falta de critérios em aceitar filiados, a ausência de preparação dos partidos para formar militantes e dar vez a novos quadros são sinais do quão fragilizada está a atividade política brasileira. E o pior: ainda sem mudanças, mesmo diante da avalanche de protestos que tomou o país desde o dia 17 de junho. Algo que só reforça a recente pesquisa da organização não governamental Transparência Internacional, na qual cerca de 81% dos brasileiros acreditam que as legendas políticas são corruptas.
O Diario chegou a essa conclusão após visitar 11 sedes de partidos estaduais, tomando como critério os mais conhecidos da população pernambucana e o novato PSD, criado em setembro do ano passado pelo então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A reportagem esteve nas sedes, identificou-se como eleitor e depois como repórter.
Na maioria das legendas visitadas, não há atividades acontecendo, encontros de jovens, debates, nada que lembre uma organização política viva. Algumas sedes, inclusive, lembram casas esquecidas por herdeiros de família, como a do PMDB e a do DEM. A sede do PMDB é tão relegada a segundo plano que ninguém encontra o endereço ou o telefone pela internet. Tem que ligar para um e para outro assessor de parlamentar até desvendar o mistério, encontrando uma casa no bairro de Parnamirim, com apenas um funcionário, cheiro de solidão no ar e paredes com apenas três fotos do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Outras siglas, apesar da atenção do funcionário de plantão, não oferecem acesso do eleitor a lideranças com mandato, nem sabem explicar a ideologia ou o programa do partido. Na sede do DEM, o recepcionista informou não haver qualquer material programático do partido, apenas panfletos do deputado federal Mendonça Filho, presidente estadual da sigla. O mesmo aconteceu no PTB. Só no PP, a reportagem encontrou lideranças políticas presentes.
Na sede do PSDB, que defende o projeto presidencial de Aécio Neves, nem mesmo a atendente que orienta os interessados em conhecer o partido é filiada. As legendas percebidas como mais ativas e interessadas em formar filiados, portanto, foram o PT, o PCdoB e o PP.
A falta de critérios em aceitar filiados, a ausência de preparação dos partidos para formar militantes e dar vez a novos quadros são sinais do quão fragilizada está a atividade política brasileira. E o pior: ainda sem mudanças, mesmo diante da avalanche de protestos que tomou o país desde o dia 17 de junho. Algo que só reforça a recente pesquisa da organização não governamental Transparência Internacional, na qual cerca de 81% dos brasileiros acreditam que as legendas políticas são corruptas.
O Diario chegou a essa conclusão após visitar 11 sedes de partidos estaduais, tomando como critério os mais conhecidos da população pernambucana e o novato PSD, criado em setembro do ano passado pelo então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A reportagem esteve nas sedes, identificou-se como eleitor e depois como repórter.
Na maioria das legendas visitadas, não há atividades acontecendo, encontros de jovens, debates, nada que lembre uma organização política viva. Algumas sedes, inclusive, lembram casas esquecidas por herdeiros de família, como a do PMDB e a do DEM. A sede do PMDB é tão relegada a segundo plano que ninguém encontra o endereço ou o telefone pela internet. Tem que ligar para um e para outro assessor de parlamentar até desvendar o mistério, encontrando uma casa no bairro de Parnamirim, com apenas um funcionário, cheiro de solidão no ar e paredes com apenas três fotos do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Outras siglas, apesar da atenção do funcionário de plantão, não oferecem acesso do eleitor a lideranças com mandato, nem sabem explicar a ideologia ou o programa do partido. Na sede do DEM, o recepcionista informou não haver qualquer material programático do partido, apenas panfletos do deputado federal Mendonça Filho, presidente estadual da sigla. O mesmo aconteceu no PTB. Só no PP, a reportagem encontrou lideranças políticas presentes.
Na sede do PSDB, que defende o projeto presidencial de Aécio Neves, nem mesmo a atendente que orienta os interessados em conhecer o partido é filiada. As legendas percebidas como mais ativas e interessadas em formar filiados, portanto, foram o PT, o PCdoB e o PP.
Enxurrada de partidos
30 é o número de partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral. 29 é o número de partidos que ainda querem se registrar no TSE e só podem concorrer se conseguirem. O mais conhecido é o Rede Sustentabilidade, de Marina Silva.
Entre os partidos que querem registro, dois têm nomes curiosos. Um quer se chamar Partido dos Servidores Públicos e dos Trabalhadores da Iniciativa Privada do Brasil (PSPB); o outro quer resgatar o nome da antiga Arena (Aliança Renovadora Nacional)
O PMDB, regulamentado em junho de 1981, é o partido com o maior número de filiados no Brasil. São 2.231.476 militantes associados.
Raio X dos partidos em Pernambuco
Durante duas semanas, a reportagem, passando-se por um cidadão comum e interessado em se filiar a algum partido político, visitou as sedes das legendas em Pernambuco. Confira o cenário encontrado pelo Diario, além do número de filiados dos partidos em Pernambuco
PT
58.989 filiados (10,81%)
Recepção:
Recebeu uma cartilha com as diretrizes do partido para a reforma política, ganhou três cadernos de formação política e um texto sobre Lula. Também recebeu informações de que falará com algum dirigente partidário. Ideologia: esquerda.
PP
57.935 filiados (10,61%)
Recepção:
O representante do partido deu uma ficha, caso queira se filiar imediatamente, um broche, material sobre a legislação eleitoral, sobre o estatuto do partido e ainda a prestação de contas do deputado federal Eduardo da Fonte, presidente estadual. Recebeu informações, segundo eles, de como o partido está preparando uma chapa para 2014. Ideologia: centro
PMDB
50.118 filiados (9,19%)
Recepção:
Foi entregue uma ficha, caso queria se filiar imediatamente, material impresso com o estatuto, o programa e o código de ética. Sobre a posição nacional do partido, ressaltou não haver mais divisão entre esquerda e direita. A legenda diz permitir as filiações até mesmo de alguém que seja favorável ao governo Dilma Rousseff, de quem o senador Jarbas Vasconcelos é ferrenho adversário. Ideologia: não identifica com apenas uma ideologia
PDT
44.490 filiados (8,15%)
Recepção:
Recebeu o estatuto do partido e compromissos prioritários da legenda. Ao ser abordado, durante conversa, os funcionários têm dificuldade para explicar a diferença, na prática, de direita e esquerda na política nacional. Não houve encaminhamento para quem pudesse dar mais informações. Ideologia: esquerda
PTB
38.203 filiados (7%)
Recepção:
Não foi entregue material algum impresso do partido, sendo encaminhado para um militante, que explicou desde posicionamentos a projetos da legenda. Todas as perguntas sobre a economia interna da sigla são respondidas, mas houve dificuldades para explicar a ideologia partidária.
Ideologia: Não respondeu
PSDB
37.631 filiados (6,89%)
Recepção
Não recebeu material impresso do partido ao chegar à sede. Uma funcionária trata de repassar os contatos telefônicos de lideranças da legenda, caso a pessoa diga que tem o desejo de se filiar. A funcionária não soube falar sobre ideologia política, mas disse que muita gente se filia por admirar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ou o ex-governador de São Paulo, José Serra. Ideologia: não respondeu
DEM
37.528 filiados (6,87%)
Recepção:
Não foi apresentado à reportagem qualquer material impresso do partido. Na sede do DEM, só havia panfletos do presidente estadual, o deputado federal Mendonça Filho. Ao serem questionados, os funcionários dizem poder colocar o pretenso filiado em contato com uma das lideranças do partido. Se definem como direita, por serem adversários do PT. Ideologia: direita
PR
29.929 filiados (5,4%)
Recepção:
A sede estadual encontrava-se fechada no dia da visita da reportagem. Segundo as pessoas que trabalham nas proximidades do prédio, em dias de chuva, como ocorreu naquela data, o local fecha mais cedo. Desta forma, não foi possível conseguir mais informações sobre a política partidária do PR.
PSB
PSB
32.888 filiados (6,02%)
Recepção:
Foi entregue uma cartilha com o manifesto e o programa do partido. Também recebe o regimento interno e código de ética. Ao questionar sobre filiação, os funcionários falam sobre as divisões do partido, a exemplo da ala jovem. A ideologia é definida como de esquerda. Ideologia: esquerda
PCdoB
17.05 filiados (3,12%)
Recepção:
Recebeu uma cartilha com o programa do PCdoB para o Brasil. Foi explicado que, depois, podia ser encaminhado para conhecer um dirigente da legenda. O partido é descrito claramente como de esquerda Ideologia: esquerda
PSD
4.974 filiados
(Percentagem não identificada pelo TSE)
Recepção:
Foi entregue uma ficha, caso queira se filiar imediatamente, mas não recebeu qualquer material impresso. Houve uma orientação de que qualquer dúvida sobre as posições do partido podem ser tiradas através do site da direção nacional
Ideologia: não se identifica com apenas uma ideologia
(A charge é do Benett, que homenageou isso que chamam PSD)
(A charge é do Benett, que homenageou isso que chamam PSD)
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