sábado, 13 de octubre de 2012

Aconteceu em Bilbao. V Grand Slam de Xadrez 2012

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Hoje tivemos em Bilbao, Espanha, a última ronda do mais forte torneio de xadrez do planeta, o Masters São Paulo - Bilbao (também chamado Grand Slam Chess Final).

No derradeiro dia de luta foram para o combate, em condições de levantar o troféu, somente dois jogadores: o jovem prodígio italiano Fabiano Caruana (30/7/1992, 20 anos), 8º na classificação mundial na abertura do torneio, com rating de 2.773, e o gênio norueguês Magnus Carlsen (30/11/1990, 21 para 22 anos), 1º do ranking mundial, rating de 2.843.


Os demais competidores, o atual campeão do mundo - o indiano Vishy Anand, o armênio Levon Aronian (2º do ranking), o russo Sergey Karjakin (6º do ranking) e o espanhol Francisco Vallejo Pons (50º do ranking), já não podiam almejar a primeira posição. O torneio é de iniciativa dos espanhóis, essa a razão da presença do seu campeão.

Nesta tarde Fabiano Caruana teria conseguido, no país basco, aquilo que poderíamos denominar de o feito mais extraordinário dos últimos anos, uma vez que chegou à última ronda na frente dos três melhores do mundo, empatado com Carlsen, ambos com 16 pontos, mas superando-o pelos critérios habituais de desempate (igual no confronto direto, porém melhor no sistema Koya e Sonneborn-Berger).

Caruana tinha ainda a suposta vantagem de enfrentar o combatente de menor rating, quinquagésimo do mundo, que vinha mal, sempre na lanterna do torneio, o campeão espanhol Vallejo, enquanto que Carlsen enfrentaria, também com as negras, ao colossal armênio Aronian.

A partida Vallejo – Caruana foi uma espanhola fechada Zaitsev (C92), por demais conhecida a opção branca pelo estéril 10.Ng5, após 9.... Re8. As brancas seguiram clamando fazer as pazes, não queriam lutar, e as negras insistindo com Re8, havendo outras linhas a seguir. Na entrevista após a partida Caruana disse que desejava ganhar, mas antes garantindo uma posição sólida. Nada mais distante da realidade, a começar pela escolha da Zaitsev. No lance 19 consolidou-se o empate. Caruana marcou o seu pontinho, subindo para 17. Mal acabada a partida veio a explicação para a falta de vontade do bando branco: Paco Vallejo anunciou o seu afastamento dos tabuleiros por tempo indeterminado, alegando cansaço e decepção com os maus resultados.

Este inexplicável - por parte das negras - empate sem luta, quando recém saía dos lances de abertura, foi a sua primeira desgraça. Uma loteria, numa hora dessas, pois Carlsen tinha sua partida ainda indefinida diante de Aronian. Caso vencesse, o norueguês saltaria para 19 pontos, arrebatando o troféu com todas as honras.

A segunda desgraça estava nas regras do torneio, mas isto era de pleno conhecimento de todos.

Nas regras, a monstruosidade: em caso de empate em pontos entre dois jogadores, a decisão deve ocorrer em duas partidas relâmpagos (4 minutos + 30 seg), imediatamente ao término da décima e última ronda. A persistir o empate, uma partida “armagedom” ou “morte súbita” (5 minutos para as brancas e 4 para as negras – cores definidas por sorteio, onde em caso de empate as negras são declaradas vencedoras). As partidas normais,  como sabemos, são de duas horas para os primeiros 40 movimentos de cada jogador. Não raro demoram mais de quatro horas.

"Las Reglas" todos vimos antes do torneio começar, mas fazer o quê. Ora, um evento dessa magnitude, acabar assim... Aqui nos recusamos a examinar partidas relâmpagos, pois, mal comparando (no xadrez, jogo-ciência, cerebral, é muito pior, é ainda mais incompreensível a sua existência), é algo como decidir uma Copa do Mundo nos pênaltis, este sistema do futebol que teria o mesmo significado se fosse na moedinha (quem não recorda do italiano Baggio se arrastando em campo, de cansado, antes de bater por cima do gol de Taffarel). Claro que o ideal seria uma nova partida, mas no futebol ao menos há uma prorrogação razoável, com o tempo de um terço da partida normal.

Há sites de xadrez que sequer dão a notação desses jogos relâmpagos e armagedons, tal o desprezo da comunidade pela sua aplicação em torneios de elite.

Talvez sejam "fatores econômicos", quer dizer, a sanha dos predadores, os artistas não têm escolha, enfim...

Independente disto, Caruana deu as costas ao título lá na sua partida com Vallejo.

O gênio Magnus Carlsen empatou com Aronian numa indiana da rainha, em 44 lances.

Foram para as partidas relâmpagos e Carlsen ganhou as duas, sagrando-se bicampeão do supertorneio, 2011 e 2012, ambos em decisão de partidas relâmpagos.

Parabéns ao Mozart do Chess!






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