lunes, 15 de octubre de 2012

Dia do Professor e Eleições, n'A Charge do Dias

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Para uma segunda-feira, o Botequim do Terguino esteve - ainda está - muito animado. O principal assunto, naturalmente, foi o Dia do Professor. Antes, porém, deram uma passada pelas eleições de São Paulo, provocados pela obra de um chargista.

Uma beleza a lucidez do filósofo Aristarco de Serraria, que após um gole de vinho, proferiu breve oração: 

- Os paulistanos estão, meus amigos, como diria o Brizola, entre o diabo e o coisa ruim. Na verdade estavam nessa situação já no primeiro turno, a considerar os três candidatos com chances: entre o diabo, o coisa ruim e o capeta. Aliás, acabamos de passar por idêntica situação aqui no Porto dos Casais. O fato mais importante do segundo turno é a ânsia desesperada pelo apoio dos crentes, esse osso é muito cobiçado. Conservadores todos os crentes são, mas algumas facções são extremistas, fanáticos ou beirando ao fanatismo, é a credulidade das gentes desassistidas, obedecem cegamente aos charlatões travestidos de profetas, a estes não convém o progresso dos costumes, posto que até câncer curam...

Pausa para mais um gole de vinho.

- O velho substrato material, e a que preço..., diz Nicolau Gaiola.

Jezebel do Cpers aproveita e entra na conversa:

- Numa madrugada destas me dei ao trabalho de ver na tevê, o negócio é revoltante, o modo como arrancam o dinheiro das pessoas... Tirei o Gatolino da sala. Uma pobre mulher perguntou a um deles, um tal de JR, que tem mansão, milhões e jatinho, se podia doar uma parte do seu dízimo diretamente a uma família pobre que conhecia. Sabem como o velhaco respondeu? Com outra pergunta, na ponta da língua: se ela concordaria que o seu chefe desse parte do seu salário para outro. Claro que não podia, né. Então ela não poderia doar o que não era seu, e sim de Deus. Disse isso sorrindo, complacente com a boa-fé da pobrezinha... e foi aplaudido pela imensa platéia, vidrada na lição que ele estava lhes dando. Pedagógico, o espertalhão.

O Contralouco dispara para fora do bar, simulando vômito.

- Também já vi, é um tal de desaloja satanás e passe a grana pra cá de amargar, só não entendo como o governo permite, por que não prende logo esses malandros, outro dia prenderam um infeliz no Piauí, mas só porque tinha suspeita de assassinato, diz irritado Clóvis Baixo.

- Isso é cultural, nesse rumo daqui a pouco vamos acabar discutindo a educação. Mas se pelo menos o governo tirasse essa gente dos rádios e da tevê, afinal são concessões públicas, lembra Tigran Gdanski.

O Contralouco retorna, dizendo que não era brincadeira, se sentiu mal mesmo. Suspira fundo e pede outra cerveja.

Aristarco retoma a palavra.

- Pois é, são milhões de almas, e esse é o filão disputado pelos políticos. Essas pessoas são as mais perigosas do povo da escuridão, vez que facilmente manipuláveis.  Mas, como vocês disseram, quem os manipula não são os políticos, não. Os políticos precisam dos pastores, daí a importância crucial que estes adquirem nestes momentos. Agora temos conhecidos estelionatários da televisão agindo como reis, certamente vão se locupletar ainda mais, os políticos ficam nas mãos deles. Essa é a democracia do nosso País, onde a educação, não por acaso, é relegada a último plano. Quanto ao governo nada fazer em relação às concessões públicas utilizadas pelos estelionatários, basta lembrarmos quem são os governantes, senão os políticos?

- Filhos da puta, se entendem!, grita o Contralouco, e sai correndo para fora do bar de novo.

- Com esta conversa o perigo é os tais pastores mandarem os xiitas te caçarem, Ari, diz rindo Silvana Maresia.

(O perigo é outro, amigos: o perigo é quererem caçar este pobre arauto de buteco que dedografa estas mal-traçadas)

Toda essa conversa devido a uma charge que lembrou aos empinantes as eleições da capital paulista, mas que deve servir para muitas plagas. É do Xalberto.



Passaram ao Dia do Professor, com discursos e brindes intermináveis. Além das professoras Jezebel, Silvana e Jussara, já estavam presentes muitos de seus colegas que eram aguardados, de visita ao botequim.

Mr. Hyde, que já lecionou na PUC, puxou a fila de brindes, com um elogio ao desvelo e à coragem das mestras e mestres. Hyde largou de lecionar num dia em que emputeceu com o valor da hora-aula, há muitos anos, mandou os padres enfiarem naquele lugar, falou em balanços não publicados e outras coisas, mas esta é outra história.

O Contralouco, sutil como só, em certo momento quase estragou a festa, mas corrigiu em seguida:

- Antigamente andei comendo umas professoras, tudo nervosinha; também..., compravam todos os discos do Roberto Carlos, essa droga faz mal pra cabeça. E quando criança tive uma professora gorducha que era muito ruim, beliscava a gente com as unhas até sangrar, tomara que tenha morrido. Mas sei que agora não tem mais disso, é tudo gente fina.  

Os boêmios que compõem a "diretoria", uns doze, os mesmos que estão em marcha na constituição do Partido dos Boêmios -  estão certos de que vão eleger João da Noite prefeito de Porto Alegre em 2016, se combinaram e decidiram baixar cervejas por conta. A professorada, que pegava com jeito nos seus copinhos - grana curta... - se soltou. Em pouco tempo estavam falando abertamente do governador, mas não podemos aqui declinar as referências ao ilustre mandatário.   

Jezebel, em pé com a taça de martini na mão, subitamente tornou-se amarga, ao pronunciar algumas palavras de agradecimento:

- ... no fim, sei que somos a classe mais humilhada, para a desgraça do nosso país, prova está na escuridão das classes sociais abandonadas de que falamos antes, e esse é somente um dos reflexos do descaso com a educação...

Lúcio Peregrino levantou-se de pronto e a abraçou, nada de chorar, menina.

- Quem manda serem burras, bem feito por terem votado na Dilma, o Plínio ia botar 10% de tudo em educação, disse o Contralouco.

O tom de voz do Contralouco obriga a todos caírem na risada. 

(Sempre nos emocionamos quando os boêmios abordam esse tema. Então, aqui da penumbra da sala da palafita vai a nossa saudação a todos os mestres. Graças a eles, com imensa dificuldade de parte a parte, mal ou bem uns escrevinhamos e outros lemos, na ânsia de ao menos compreendermos um pouquinho da roda que move este mundo. Que gira, sim. Tintim!)

Os boêmios por maioria escolheram as seguintes obras, com a abstenção, nestas que acabaram eleitas, dos mestres presentes.

Cazo, do Comércio do Jahu (Jaú, São Paulo).



E Jader, de O Correio (RS - estamos procurando a cidade).



Leilinha Ferro optou por uma obra antiga, do Léo.



Clóvis Baixo, o tinhoso, mexeu seus pauzinhos e obteve licença da Leila para escolher uma a solas. Veio com uma antiga do nosso grande Santiago. Atualíssima.


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