viernes, 8 de febrero de 2013

O fedor que sinto daqui, n'A Charge do Dias

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- O jornal especializado em construção civil das empresas do dono..., ora, deixa pra lá. Bem: o jornal de extrema-direita da judéia Zero Hora, de Porto Alegre e Santa Catarina, diz que... ora, deixa pra lá. Desculpe, gente, comecei mal as notícias do notibuc. E desisto, não vou ler nenhuma porra de notícia hoje, tá aqui o notibuc, quem quiser que olhe.

E assim, logo na abertura dos trabalhos, Lúcio Peregrino poupou a moçada das notícias que não interessam. 

Silvana Maresia sussurra no ouvido do Jucão: "Pronto, de novo, o Lúcio andou brigando com alguém ou tá com saudade daquela guria de Ijuí...".

- Tio Lúcio - diz Leilinha Ferro de lá do caixa do bar -, a lista de assinaturas pedindo o impeachment daquele Renan Calheiros está prestes a bater em um milhão, vi hoje cedo.

- Também vi, meu amorzinho, e vai chegar a dois milhões. Vai resistir, sempre resistem, juram honestidade, dão a bunda, mas no fim cai. Não viste ele entrando para a posse, fantasiado de homem sério, passando em revista tropa de homens de bem do exército nacional, e ao lado os gritos de safado, ladrão, centenas de manifestantes com faixas. Um desgaste desgraçado para a sociedade. E a culpa é do monstro Lulaluf - a Dilma tem a sua parcela - o rei dos deslumbrados e chefe da quadrilha. Ora, sou "o cara". O cara é o homem de Santa Maria, o cara somos todos nós que nunca... que nunca... que nunca nos submetemos a empresários nazistas...

(na verdade, depois confidenciou aos amigos, era "nunca chupamos o pau desses malditos empresários nazistas", o que engoliu em seco por causa da Leilinha)

Silvana torna a sussurrar: "Ih, tá piorando, Juca".

Jucão da Maresia interrompe o Lúcio: - Ei, Portuga, traz uma gelada aqui pro Lucinho. Lúcio, meu irmão, ontem lembrei de ti, sobre aquilo que falaste sobre o significado do futebol, o circo de Roma, as almas brutas dos gladiadores, para iludir o povo...

Amigo de verdade é assim, num átimo desviou o assunto, tirando os pensamentos ruins da cabeça do outro.

- Enquanto os Renan metem a mão - responde Lúcio.

Jucão não se entrega: - Não, recordei aquilo dos detalhes, da vida do povo, suas comidas, roupas, suas crenças, das razões das guerras, da construção do mundo civilizado, uns comiam com as mãos, não existia garfo, outros nem tomavam banho...

Lúcio responde, ainda colérico: - Não me faça rir, Juca, civilizado? De lá pra cá piorou! Por culpa dos mesmos assassinos covardes!

E Lúcio começa a contar como era a vida em Roma e em outros sítios naquele tempo, a história dos livros de pesquisadores, não a dos filminhos americanos. 

Pronto, Jucão conseguiu. Só ele mesmo para desdobrar o Lucinho das putiangas. Salvou o povo da palafita também, que só de pensar no que ele disse já estávamos putos.

De modo que os boêmios, ao cabo de três horas de debates (nos últimos dias são muitas as obras, uma melhor que a outra, sempre fica a sensação de injustiça ao escolherem esta e não aquela), nos enviaram as charges do dia. Ufa.

Por votação, como é de lei no botequim, ficaram com os seguintes artistas do traço e do pensamento, eternos defensores da democracia:

Amâncio, de O Jornal de Hoje (Natal, Rio Grande do Norte). Um arraso.




E esta, sensacional aos olhos da tribo da palafita (desculpem a intromissão, amigos, mas admitam que sempre que me intrometo é para elogiar), do Tiago Recchia, da Gazeta do Povo (Curitiba, PR).




A senhorita Leila Ferro ficou com um dos seus ídolos, o Cazo, do Comércio do Jahu (Jaú, SP).




Por fim, Leilinha lembrou-se da promessa que ontem fez ao Contralouco (Lúcio a lembrou), de escolher uma a solas, e o Contra não hesitou, não é homem de hesitar. De cara escolheu o grande Miguel, do vovô Jornal do Commercio (Récife, PE).




 A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos meses se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro. 
Em tempo: o escriba da coluna, seja quem for no momento, quase sempre de correria, tem o direito de dar título à coluna diária, isto é, a pior função. Para dar uma idéia, hoje os boêmios, segundo a coordenadora e as vozes da gravação, levaram três horas. Pois aqui levamos duas para o título. Dentre quatro boas restaram duas: "Almas putrefatas" e esta que venceu por um voto (do haitiano Aristide Neptune, que estava voltando pra casa e desempatou). Vamos repassar a responsa do título ao Contralouco, tratativas em andamento (neste Carnaval ele toma todas e de repente aceita).
















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