jueves, 5 de enero de 2012

Culpa de quem?, n'A Charge do Dias

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Hoje pela manhã, às 9:30 h em ponto, com Juanito Diaz Matabanquero ao volante, que a carga era preciosa, o automóvel estacionou na segunda rua do terceiro quarteirão nas proximidades da palafita, antepenúltima barreira. O tenente de plantão telefonou ao comandante Kafil, que em pessoa se deslocou até lá.

A Srta. Leila Ferro desceu do carro e lhe entregou o envelope. Desta vez Kafil pediu a ela que esperasse, quem iria receber era Salito. Em dez minutos eu estava lá.

Meia hora antes já havíamos recebido, eletronicamente, as obras do dia. Mas há essa formalidade de recebê-las impressas, com as rubricas de todos os boêmios. A assinatura da coordenadora em todas.

Fui receber pessoalmente porque certas ponderações pessoalmente devem ser feitas, não se faz por telefone. Aproveitei para visitar o Juriti, que tinha uma menina de aniversário.

O Sr. Juriti já tinha sua casa com as portas abertas, a 50 metros da penúltima barreira, para lá levei miss Leila.

Quando a patroa dele colocou o primeiro prato de frutas sobre a mesa, lá no quintal, respirei fundo e calmamente, falando devagar, fiz a primeira ponderação.

- Leilinha, há muitos dias temos problemas com chuvas no Brasil, os artistas têm batido nisso incessantemente. Todo mundo sabe que é mentira, por ser meia verdade, isso de força da natureza. É irresponsabilidade dos ladrões (os políticos), todo ano a mesma coisa. Ora, como cidades ficam quase submersas, sendo pedra cantada? Não demora será no Rio, em Santa Catarina... Ora, haja paciência. Andei olhando os jornais do Brasil, acho até que os artistas pegam leve, livrando a cara dos culpados, pouca gente entende quem é "São Pedro", ninguém diz São Aécinho hijito de pápi. Mas os artistas batem, mensagens cifradas alguns, por causa do patrão. Pode me dizer o que está havendo que os boêmios não tenham eleito nenhuma charge referindo a esse horror? A tua função de coordenadora é para isso.

- Tio Salito... (respira fundo também), reconheço que devo ter errado, mas por não insistir muito. Quando falei, todos argumentaram que a idéia da coluna é colocar o universal do Brasil. E foi assim que o senhor me passou...

- Isso de tudo ao pé da letra me lembra a ordem do nazista dono da boate, dizendo ao porteiro que negro não entra.

- Ã..., como?

- Esquece, Leiloca, o tio deve ter explicado mal.

- Tio, a partir de amanhã serei mais incisiva com os pinguços.

- Certo, pequena. Tem mais uma, esta é particular: o gordalhufo do Ronaldão pegou dengue. Os artistas levantaram o tema. Mas não vi uma obra sobre a dengue, que também é algo que assusta o país. Claro, se o elemento morrer não fará falta alguma, logo Mr. Grobo o substitui por outro imbecil, mas falo da advertência aos pais das crianças do nosso País. Os boêmios não sacaram?

Falei em crianças e ela estremeceu. Novinha mas já mãe prontinha, a natureza... Feliz será o varão que casar com Leiloca.

- Tio, acho que também vacilei...

E desatou a chorar.

Sentindo-me o último dos homens dei um salto e a abracei. Terguino Ferro, previamente avisado da conversa que haveria, aparece lá de dentro, junto com Juriti, este muito nervoso. Terguino é vivido e morrido, diz fraterno: "Não chore, minha fiinha, meu amor, tio Salito só quer ajudar, você quer desistir?".

Foi ele falar em desistir e ela endureceu o beicinho, os olhos molhados soltaram chispas: "Não, pai, desistir nunca!".

E foi isso. Tomara que pare de chover, ou melhor, que as chuvas se desviem para o Rio Grande do Sul, antes que Bagé feche as portas e vire deserto (culpa também de quem?), e que os mosquitinhos sosseguem, se possível que morram os responsáveis pelas enchentes em cidades despreparadas, que morram os das secas, porque a partir de amanhã eu não queria estar na pele dos boêmios.

Tenho confiança de que agora as pessoas que perderam tudo já tenham descoberto que a única coisa que importa é estar vivo, pois a gente, o povo, somos melhores que eles. Não somos broxas gananciosos, para começar. Isto me lembra uma cartinha que enviei pelo blog a Mr. F. Febraban, onde, respondendo uma dele do dia anterior, desmascarei-o nesse pequeno detalhe, AQUI.

Na saída, depois dos beijos, Leiloca nervosa me enfia um papel no bolso, dizendo Tio essa guardei pra mim, troca aquela que mandei em meu nome.

Agradeço ao Juriti a linda recepção em seu lar e volto para a palafita.

E posto neste bloguinho as obras recebidas.

Começo pela sem assinaturas, a enfiada no bolso na última hora. Escolha da amada Srta. Leila Ferro. Uma menina de ferro. Do Amorim, do Correio do Povo (Porto Alegre, RS).



O Botequim do Terguino enganchou no J. Bosco, de O Liberal (Belém, PA).



E o Beco do Oitavo cravou Tiago Recchia, da Gazeta do Povo (Curitiba, PR).



Mas de forma alguma vamos descartar a que escolheste inicialmente, Leiloquinha. Mormente depois desta brigaçada do tio velho. Outra que tinhas guardado, de dias atrás. Se me permite dizer, uma escolha amorosa e inteligente.

Do Cazo, do Comércio do Jahu (SP).







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