viernes, 13 de enero de 2012

A charge do Dias - Encrenca no Botequim

.
Pelas dez da manhã houve um incidente desagradável no Botequim do Terguino. Estavam os boêmios conversando amigavelmente nas mesas do meio, mal reiniciando os trabalhos interrompidos ontem à meia-noite, alguns ainda pensavam no que beber (de manhã cerveja não, eca), quando adentrou no recinto - como se dizia antigamente, um elemento todo finório, dentro de um terno de 10 mil reais. O preço da fatiota quem estimou foi o Lúcio Peregrino, que reconheceu a marca Kiton. Lúcio entende do riscado, houve tempo em que ganhava presentes caros das amásias, como contamos outro dia, as mulheres dos políticos, e chegou a conviver com essa gente.

Além do ternão de cola-fina rico não se sabe como, tinha armada no rosto aquela seriedade ensaiada: abaixo das entradas fortes na testa, o futuro careca encolhia as sobrancelhas e fechava o rosto com imponência. Bem o tipo de vivaldino prevalecido acostumado a meter no rabo dos escravos, como mais tarde falou o Clóvis Baixo. No Botequim quem corre menos voa, com aquela pose ele poderia enganar o povão, mas não quem, como o Peregrino, já comeu a mulher de dúzias de caras como ele, talvez a dele.

Lá fora o carrão com o motorista e um armário na calçada. Ninguém sabe como o sujeito foi parar ali, o fato é que perguntou onde era o banheiro. A Leiloca não ouviu, ocupada em atender um fornecedor. Aí começou o probleminha.

O elemento mudou o tom:

- Moleca, onde é o banheiro!?

- Meu nome é Leila e não sou moleca, moleque é o senhor.

A turma ficou gelada lá nas mesas, mas no fundo todos vibraram com a resposta da Leiloca.

Nisso entrou o outro cara, terno vagabo, era o armário que guardava as costas do chefão, dizendo:

- Tudo bem aí, Dr. Bezerra?

O bem-bom tornou a ficar valente, olhou para o lado dos boêmios e exclamou:

- Ei, vocês, tem banheiro nesta pocilga?

Pronto, conseguiu.

Marquito Açafrão respondeu calmamente enquanto levantava:

- Para moleque filho-da-puta não tem banheiro, não.

O gran-puto instintivamente olhou para o segurança. Bem na hora em que o Gustavo Moscão pegou o gorila de lado, um gancho que o levantou do chão. Caiu e ficou estirado, meio corpo para fora do bar, apagadão. Armário por armário, o nosso foi boxeador profissional. O Gustavo odeia leões-de-chácara e gorilas de toda sorte.

O Marquito parou na frente do bem-de-vida e falou: vou te dar duas porradas na cara, com as costas da mão, depois você tem que ajoelhar e pedir perdão para a moça, depois tira o terno e sai correndo de a pé daqui só de cuecas, tá bom? Não esperou resposta e deu com toda a força, só a segunda foi com as costas da mão, a primeira explodiu de mão aberta. O cara retrocedeu três metros com as pancadas, até parar com a cara roxa dos dois lados.

Depois o ex-arrogante, agora um mijado nas calças tremelique, ajoelhou em frente à Leiloquinha e pediu perdão. Ela ficou quieta. Marquito com um sinal de cabeça mandou-a para a cozinha.

- Tira o terno e corre, filho da puta.

Segundo nos disseram, o sujeito estava lá na outra esquina e ainda se ouvia o barulhão das passadas da correria. Jogaram água no gorila, lhe disseram umas palavrinhas ao pé do ouvido e o mandaram sumir junto com o motora e o carrão do doutor.

Isso abalou um pouquinho os ânimos da tigrada. Para evitar uma traição do Dr. Bezerra, todos se mandaram para o Beco do Oitavo. Terguino chegou e resolveu fechar o bar. Os habitantes das cercanias ficaram encarregados de observar se surgisse polícia ou bandidos - se der para diferenciar, para vingar o bundão. Se vierem, aí é que ele vai ver.

Lá no Beco, na altura da terceira caipirinha, optaram pela charge do Aroeira, de O Dia (Rio de Janeiro, RJ).



 
 
Os boêmios do Beco do Oitavo, numa calmaria de paz, antes já haviam escolhido a obra do S. Salvador, do Estado de Minas (Belo Horizonte, MG). Riram muito da coincidência.
 
 
 
 
E a Srta. Leila Ferro deu uma passadinha no Beco só para entregar a sua escolha. Ficou com o Amorim.
 



E assim passam os dias.
João.



No hay comentarios.:

Publicar un comentario