A Rua 24 de Maio, que na origem se chamava Beco da Fonte, no fim do Centro de Porto Alegre, divisa com a Cidade Baixa para quem desce "por aqui", começa na rua Formosa, que os políticos larápios, bandidos e ignorantes (redundância, né?, bastaria dizer políticos), mudaram o nome para rua Duque de Caxias (sobrinho da Rua da Olaria, que virou outro Lima e Silva), inicia com um lançante de famosas escadarias. Mal afamadas desde antanho, muito ruim a descida, um tropeço e adiós, e pelos muitos crimes ali cometidos, na escuridão, com os desavisados que a descessem tarde da noite.
Ao acabar a descida das escadarias, o vivente cai no Beco do Oitavo, que os políticos (idem...), rebatizaram como Rua André da Rocha. Nada que saibamos contra o nobre desembargador André, o desgosto é pelos caras mexerem na tradição, asco pelos hijos de mala madre irresponsáveis com o passado. Deveriam trocar o nome da mãe deles.
Pois a comunidade da escadaria foi se politizando com o passar das décadas, muitas décadas. Em 2007 botaram abaixo aquele medonho perigo e, com muito suor e moedas de economias, fizeram algo impressionante: o perigo de cair no despenhadeiro tornou-se ínfimo. Só os muito bêbedos que se cuidem.
Verdade seja dita: seria impossível sem uns malucos que se propuseram a resgatar a cidade, sobre quem falaremos oportunamente.
A foto que abre esta postagem ilustra as Escadarias da 24 ontem à noite. Lá em cima passa em diagonal a rua Formosa (ou Duque de Caxias...).
Lindos degraus, lindas luzes...
Custou o sangue daquele povo. Como dissemos, em 2007 a reconstruíram, pedras e tijolos apenas. Gastaram mais um pouquinho com uma placa, coroando o esforço.
A foto que agora se vê não é a de 2007. Lá era somente a senda renovada, pedra sobre pedra.
A foto é de ontem, quatro anos depois, no coroamento da façanha: fizeram uma dança maravilhosa, para exaltar a vida. Para exaltar o amor, o suor que derramaram, esses loucos da comunidade do abismo. O guapo espada, bonito, querido e amado - tá, menos, nadinha, puxa, brincadeira - que aparece descendo, milagrosamente sem paletó e chapéu na cabeça (não convém falar da garrafa no bolso do ausente paletó do terno, periga alguém contar para a mãe), é... bem, a modéstia nos impede de revelar. Depois do trabalho feito, colocaram lindos azulejos com inscrições nos degraus. Olhem alguns:
Ao acabar a descida das escadarias, o vivente cai no Beco do Oitavo, que os políticos (idem...), rebatizaram como Rua André da Rocha. Nada que saibamos contra o nobre desembargador André, o desgosto é pelos caras mexerem na tradição, asco pelos hijos de mala madre irresponsáveis com o passado. Deveriam trocar o nome da mãe deles.
Pois a comunidade da escadaria foi se politizando com o passar das décadas, muitas décadas. Em 2007 botaram abaixo aquele medonho perigo e, com muito suor e moedas de economias, fizeram algo impressionante: o perigo de cair no despenhadeiro tornou-se ínfimo. Só os muito bêbedos que se cuidem.
Verdade seja dita: seria impossível sem uns malucos que se propuseram a resgatar a cidade, sobre quem falaremos oportunamente.
A foto que abre esta postagem ilustra as Escadarias da 24 ontem à noite. Lá em cima passa em diagonal a rua Formosa (ou Duque de Caxias...).
Lindos degraus, lindas luzes...
Custou o sangue daquele povo. Como dissemos, em 2007 a reconstruíram, pedras e tijolos apenas. Gastaram mais um pouquinho com uma placa, coroando o esforço.
A foto que agora se vê não é a de 2007. Lá era somente a senda renovada, pedra sobre pedra.
A foto é de ontem, quatro anos depois, no coroamento da façanha: fizeram uma dança maravilhosa, para exaltar a vida. Para exaltar o amor, o suor que derramaram, esses loucos da comunidade do abismo. O guapo espada, bonito, querido e amado - tá, menos, nadinha, puxa, brincadeira - que aparece descendo, milagrosamente sem paletó e chapéu na cabeça (não convém falar da garrafa no bolso do ausente paletó do terno, periga alguém contar para a mãe), é... bem, a modéstia nos impede de revelar. Depois do trabalho feito, colocaram lindos azulejos com inscrições nos degraus. Olhem alguns:
Quatro ou cinco inscrições por degrau, emocionados.
Claro que isso tem mão de gente corajosa, de artista com pura alma de artista. Logo que pudermos fazer contato com eles, com ela, daremos aqui os nomes, se eles permitirem.
*
Uma parada no futuro:Em 31 de agosto de 2013, Percio Branco deixou recado, entre outras coisas dizendo o seguinte:
Homenageamos Jane de Moraes Branco, que tomou a iniciativa de criar a Amivi - Associação dos Amigos da 24 de Maio e Adjacências e foi sua primeira presidente. Fernando Fuão, arquiteto que elaborou o primeiro projeto de revitalização daquele espaço. Os presidentes que sucederam Jane e não deixaram a peteca cair. E Clarissa Motta Nunes que, depois de tudo pronto, embelezou a escadaria com sua arte em azulejos.
Pelo que muito agradecemos ao amigo. A íntegra do recado vai ao final. Quem puder que mande histórias, fatos... vamos aumentar este textinho, créditos de autoria e esforço garantidos.
Salito, merecem destaque também o incrível Tabaré Reynoso, que é o grande agitador cultural na área da música na nossa escadaria, e Marlete Campos, há vários anos na presidência da Amivi. Antes do trabalho de Clarissa M. Nunes, Ednaldo Silva, morador da escadaria, decorou aquele espaço com belas pinturas, e merece também nosso aplauso. Eu criei, com o apoio da Marlete, a exposição mensal Caminho das Pedras, realizada no primeiro sábado do mês (quando não chove). Dia 7 de setembro, estaremos lá das 10h às 15 h, e das 17 h às 21 h, teremos, mais uma vez, apresentações de canto, dança e música instrumental. Apareça!
Eu vou.
Agora sabemos que o Percio Branco é um dos idealizadores. Um dos "loucos" da comunidade do abismo, como falamos com respeito e carinho. Desculpe a grafia do nome, veio sem acento agudo, a culpa pode ser da internet que não usa, embora saibamos do ditongo crescente (lembro vagamente, eheheh). Pércio? Aqui é Antônio. Em Portugal António. Importa menos. Agregou importantes informações, vindas com alma. Mais umas histórias, subidas, descidas, quedas, músicas, porres, alegrias, nascimentos, o passado longínquo, os moradores antigos, os novos, e um dia reuniremos tudo e registraremos numa história linda. Quando eu puder, vou-me enfiar em arquivos do Estado, mas a gente nunca pode, sempre correndo atrás da máquina. Um dia vai dar, depois é um abraço, vamos embora mas alguém continua.
*
Pois o que chamamos de Beco do Oitavo é tudo isso: Rua Formosa, Beco do Oitavo e Beco da Fonte, paralelas e transversal. Almas que vivem sem esquecer de tantas almas que por ali viveram. E tentando melhorar.
O boteco (na verdade, Pizzaria..., eheheh, chamo buteco para judiar do Portuga) fica no pé da escadaria, com o nome de Porto, aludindo à cidade do Porto, em Portugal, homenagem feita pelo dono, o português do distrito de Paredes de Baixo, Antonio Augusto Peixoto Magalhães. Se nasceu em Paredes "de Baixo", fácil notar que havia uma Paredes de Cima. Daí que não se precisa ser psicólogo para entender a sua instintiva opção, o seu agrado, pela rua abaixo da escadaria. Nada contra as Paredes de Cima, a rua Formosa (Duque), mas me sinto melhor aqui em Baixo.
O Beco do Oitavo é tudo isso, e muito mais.
Na foto que vai, vê-se novamente a primeira partezinha das escadarias, percebe-se de longe os azulejos coloridos. À direita, o buteco do portuga, que é o único dono de bar da cidade onde cada cliente é seu próprio garçom, cada um vai e pega na geladeira, e anota.
Com sorte, os passantes da madrugada poderão ver Carlito Dulcemano Yanés, aquele que quando não aguenta mais de saudades vai rondar os azulejos, de terno e chapéu brancos, camisa preta, 1,79 m, 39 anos, subindo meio de lado, rumbeando como se carregasse algo pesado sobre o lado esquerdo do casaco. Inofensivo aos bons de coração. Ele é doido de amor por uma mulher que mora pelo número quarenta e poucos, quarto golpe de escadas do Beco da Fonte, ela não sabe. Casada, Carlito somente passa, acena aos eventuais transeuntes e vai embora. Cada louco, depois sou eu que bebo...
- Linda homenagem a nossa Rua 24 de Maio !ResponderEliminar
Foram longos anos lutando pela reforma da escadaria, que era local de assaltos, sexo e uso de drogas. A cada paralisação das obras a gente procurava a Smov e pressionava pela sua retomada. Muito sofreram os moradores da escadaria com a buraqueira que não acabava nunca.
Homenageamos Jane de Moraes Branco, que tomou a iniciativa de criar a Amivi - Associação dos Amigos da 24 de Maio e Adjacências e foi sua primeira presidente. Fernando Fuão, arquiteto que elaborou o primeiro projeto de revitalização daquele espaço. Os presidentes que sucederam Jane e não deixaram a peteca cair. E Clarissa Motta Nunes que, depois de tudo pronto, embelezou a escadaria com sua arte em azulejos. - Puxa, amigo Pércio Branco, eis uma belíssima contribuição que recebo. Eu não moro na 24, infelizmente, mas volta e meia apareço no Beco do Oitavo (André).
Agradeço muito ao amigo. Jane de Moraes Branco, Fernando Fuão, Clarissa Motta Nunes... penso em mexer no texto, coisa que normalmente não se faz, salvo por uma necessária razão, e fiquei devendo, à época em que postei, o honra ao mérito.
Grande abraço.
Salito.
Muito legal!!! Sabe mais, esse tal Porto e realmente porreta e tem uma pizza maravilhosa... além da companhia dos amigos, sempre chega um!!! Gisele
ResponderBorrarOlá,
ResponderBorrarMuito bom o texto, eu procurava mesmo saber mais da história em torno desse lugar fascinante, gosto mouito de andar por ali. Então, não por conhecidência, nesse momento em que estou procurando um apartamento para morar, encontrei um justamente nas escadarias da 24 de maio. Gostaria de poder saber, se alguém puder me ajudar com isso, sobre como é morar por ali, será que é tranquilo, ou é perigoso a noite? Se alguém tiver algum depoimento eu agradeceria.
Um abraço.
Olá, Drika, obrigado pelo recado. Se tivéssemos teu e-mail poderíamos recomendar algumas amigas e amigos que ali moram para troca de informações. Não é perigoso não, já foi, num passado não tão distante. Ali só mora gente de amor (todos aqui estamos querendo mudar pra lá). Em todo lugar tem um chato, talvez haja, mas um só não conta, nem dois. Quanto ao perigo, hoje em dia, onde é seguro se a gente não tomar cuidado? Mande e-mail para aindaespantado@gmail.com, que tentaremos ajudar com contatos. Melhor ainda, os moradores tem uma Associação, pergunte dela aos moradores. Beso. Sala.
ResponderBorrarBoa tarde:
ResponderBorrarLegal o blog!
O encontrei pela reportagem sobre tal ESCADARIA...
Tenho curiosidades por ambientes assim; onde possa haver até PERIGO - afins.
Passei muito pela tal ANDRÉ DA ROCHA, pois fiz alguns cursos no SENAC perto de tal rua: além de passar de carro às vezes... Uma parte bonita mesmo!
Uma vez, ao voltar de tal curso: fui tentar subir uma rua que começa na LIMA E SILVA; achei que terminasse em tal escada e ERA SEM SAÍDA - só que valeu a experiência!
Já ouvi falar de crimes lá... Aliás, DIFÍCIL NÃO TER TAIS COISAS EM POA: onde aumentam cada vez mais. Resido na cidade há 18 anos e AGRADEÇO POR NADA TER ME ACONTECIDO (e ESPERO NUNCA OCORRER).
Vejo pela língua espanhola que és/tem origem em algum país por aqui_estudei o idioma e até curto este. E gosto de me comunicar com estrangeiros.
Seria isso.
Saludos,
Rodrigo
http://rodrigo-arte.blogspot.com/
Hola!
ResponderBorrarLa escalera se encuentra muy bella...
Tengo ganas de pasar por allá.
Adiós (Jomaki)
Valeu, Rodrigo, grato pelo recado amoroso.
ResponderBorrarSalito
...eu é que agradeço pela resposta e SERES O MAIS NOVO SEGUIDOR DO MEU BLOG!
ResponderBorrarCaso queiras alguma coisa de lá ou até mesmo sugestões: é só mandar.
Tchau (Rodrigo)
* ...E de qual país és?
Linda homenagem a nossa Rua 24 de Maio !
ResponderBorrarForam longos anos lutando pela reforma da escadaria, que era local de assaltos, sexo e uso de drogas. A cada paralisação das obras a gente procurava a Smov e pressionava pela sua retomada. Muito sofreram os moradores da escadaria com a buraqueira que não acabava nunca.
Homenageamos Jane de Moraes Branco, que tomou a iniciativa de criar a Amivi - Associação dos Amigos da 24 de Maio e Adjacências e foi sua primeira presidente. Fernando Fuão, arquiteto que elaborou o primeiro projeto de revitalização daquele espaço. Os presidentes que sucederam Jane e não deixaram a peteca cair. E Clarissa Motta Nunes que, depois de tudo pronto, embelezou a escadaria com sua arte em azulejos.
Puxa, amigo Pércio Branco, eis uma belíssima contribuição que recebo. Eu não moro na 24, infelizmente, mas volta e meia apareço no Beco do Oitavo (André).
ResponderBorrarAgradeço muito ao amigo. Jane de Moraes Branco, Fernando Fuão, Clarissa Motta Nunes... penso em mexer no texto, coisa que normalmente não se faz, salvo por uma necessária razão, e fiquei devendo, à época em que postei, o honra ao mérito.
Grande abraço.
Salito.
Salito, merecem destaque também o incrível Tabaré Reynoso, que é o grande agitador cultural na área da música na nossa escadaria, e Marlete Campos, há vários anos na presidência da Amivi. Antes do trabalho de Clarissa M. Nunes, Ednaldo Silva, morador da escadaria, decorou aquele espaço com belas pinturas, e merece também nosso aplauso. Eu criei, com o apoio da Marlete, a exposição mensal Caminho das Pedras, realizada no primeiro sábado do mês (quando não chove). Dia 7 de setembro, estaremos lá das 10h às 15 h, e das 17 h às 21 h, teremos, mais uma vez, apresentações de canto, dança e música instrumental. Apareça!
BorrarAchei lindo o texto, com dados importantes da história dessa bela e bagual Capital. Gostaria de saber o significado dessa data, e sugerir, um desejo que tenho há muito, de se criar uma campanha para que voltem os nomes de antanho, ou ao menos conste junto ao atual, o antigo, assim parece darmos as mãos ao presente e passado.
ResponderBorrarOi, também sonho com isso, desde já tens um adepto para a campanha, ajudando como puder. Se pressionarmos os nobres edis eles entregam. Grato e abraço. Sala
ResponderBorrarLinda iniciativa escrever esse texto, mesmo não morando aí fiquei conhecendo um pouco mais de Porto Alegre.
ResponderBorrarAMEI O TEXTO. ESTA RUA MARAVILHOSA.CERTA VEZ MEU FALECIDO IRMÃO SABIA HISTÓRIAS DAS RUAS DO CENTRO,ME LEVOU PARA UM TOUR POR PORTO ALEGRE.COMO ELE NASCEU EM 1938 E EU EM 1958,ELE ACHAVA QUE EU DEVERIA SABER SOBRE A RUA FORMOSA,SAUDADES.
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