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Hoje lembramos um clássico do cancioneiro popular. Guacira, de 1933, autoria dos espetaculares Joracy Camargo e Hekel Tavares. Desde os escritos originais é Guacira, embora muitos denominem Guacyra, não importa.
Joracy, letrista, cronista e dramaturgo (autor da obra de domínio planetário, Deus Lhe Pague, entre tantas). Hekel, pianista, compositor, arranjador e regente.
Tentamos inutilmente descobrir a razão do título, Guacira, que teria inspirado a um dos mestres. Que é nome de mulher ninguém tem dúvida. É que algum apaixonado saudoso teria colocado o nome da mulher em algum sítio, alguma casa, algum lugar. Que lugar era esse? Que mulher foi essa que lhe deu nome?
Na rede alguém diz que seria "uma colina romântica lá pros lados do fim da rodovia Castelo Branco, bem no interiorzão do Estado de São Paulo, onde as coisas são mais simples e as pessoas mais felizes. Fica próximo às divisas dos estados do Paraná, a caminho de Londrina ou Maringá, e Mato Grosso do Sul, onde o caminho seria entre Dourados e Campo Grande", porém sem evidenciar a razão, uma vez que Joracy nasceu no Rio de Janeiro e Hekel em Alagoas, e tocaram suas vidas no Rio.
Uma possível razão é que Hekel chegou a possuir uma fazendola em Ribeirão Preto (SP), que depois vendeu para poder viabilizar a edição de suas obras eruditas.
Enfim, de certo nada conseguimos. Se alguém souber que nos comunique, por favor.
Enfim, só sei que a cantiga me dava uma coisa, ainda dá. A frase final do Joracy, então, derrubava o menino de oito anos como derruba agora o homem de sessenta que a cada dia fica mais menino. Hay momentos na vida em que a gente pensa que nada há para lembrar, só coisa ruim, esquece... mas não, há coisas boas, uma música, um gesto, um carinho.
Pensando em ti.
Não caio na cilada de recordar da fome ou brigas com saudades, e de coisas que não conto, ninguém merece verter sangue, não sinto saudade alguma dos meus erros, arrependo-me de muitos, desalmado é quem diz que faria tudo igualzinho, como pode? Salvo se nada fez, só seguiu os outros, não resistiu, não brigou, não se feriu, não morreu, de choro ou punhal, e de novo o choro de ensopar o travesseiro, não se cobrou, não enterrou amor naqueles assustadores cemitérios, não se sentiu o último depois de desferir palavras ferinas que cortam mais que faca de açougueiro, não fez o bem tirando de si parte do pouco que tinha, não entrou num presídio ou creche para ajudar, não entendeu mal e judiou da pessoa errada, não segurou a mão em tapa injusto, não deu um cobertor se tinha dois... não viveu. Mas há coisas boas, sim. No parágrafo abaixo vai uma.
No vídeo, ela, a fantástica "capixaba recifense" Teca Calazans, acompanhada do mestre Heraldo do Monte.
Eu era apaixonado pela Teca, desde aqui do frio deste fim de mundo, saindo cedo de sapato furado sob chuva fina pela rua José do Patrocínio, congelado e com fome, meu Deus, que frio, e aquele vento cortante, vestindo uma blusa de mulher, única alma que se dispôs a emprestar um pano, lãzinha que não segurava nada. Caminhando apressado para chegar cedo na fila de arranjar emprego imaginava a "russa", em vez de pensar holandesa pensava russa, culpa de livros, só rindo, né, ela bem bela lá na praia no calor de Recife, biquini, sorriso aberto, felicidade, lá na Boa Viagem sem tubarão que conheci muito, muito, muito, depois.
Que tempos.
Ora, era. Ainda sou apaixonado por ti, Terezinha João. Saúde, guria!
Na rede alguém diz que seria "uma colina romântica lá pros lados do fim da rodovia Castelo Branco, bem no interiorzão do Estado de São Paulo, onde as coisas são mais simples e as pessoas mais felizes. Fica próximo às divisas dos estados do Paraná, a caminho de Londrina ou Maringá, e Mato Grosso do Sul, onde o caminho seria entre Dourados e Campo Grande", porém sem evidenciar a razão, uma vez que Joracy nasceu no Rio de Janeiro e Hekel em Alagoas, e tocaram suas vidas no Rio.
Uma possível razão é que Hekel chegou a possuir uma fazendola em Ribeirão Preto (SP), que depois vendeu para poder viabilizar a edição de suas obras eruditas.
Enfim, de certo nada conseguimos. Se alguém souber que nos comunique, por favor.
Enfim, só sei que a cantiga me dava uma coisa, ainda dá. A frase final do Joracy, então, derrubava o menino de oito anos como derruba agora o homem de sessenta que a cada dia fica mais menino. Hay momentos na vida em que a gente pensa que nada há para lembrar, só coisa ruim, esquece... mas não, há coisas boas, uma música, um gesto, um carinho.
Pensando em ti.
Não caio na cilada de recordar da fome ou brigas com saudades, e de coisas que não conto, ninguém merece verter sangue, não sinto saudade alguma dos meus erros, arrependo-me de muitos, desalmado é quem diz que faria tudo igualzinho, como pode? Salvo se nada fez, só seguiu os outros, não resistiu, não brigou, não se feriu, não morreu, de choro ou punhal, e de novo o choro de ensopar o travesseiro, não se cobrou, não enterrou amor naqueles assustadores cemitérios, não se sentiu o último depois de desferir palavras ferinas que cortam mais que faca de açougueiro, não fez o bem tirando de si parte do pouco que tinha, não entrou num presídio ou creche para ajudar, não entendeu mal e judiou da pessoa errada, não segurou a mão em tapa injusto, não deu um cobertor se tinha dois... não viveu. Mas há coisas boas, sim. No parágrafo abaixo vai uma.
No vídeo, ela, a fantástica "capixaba recifense" Teca Calazans, acompanhada do mestre Heraldo do Monte.
Eu era apaixonado pela Teca, desde aqui do frio deste fim de mundo, saindo cedo de sapato furado sob chuva fina pela rua José do Patrocínio, congelado e com fome, meu Deus, que frio, e aquele vento cortante, vestindo uma blusa de mulher, única alma que se dispôs a emprestar um pano, lãzinha que não segurava nada. Caminhando apressado para chegar cedo na fila de arranjar emprego imaginava a "russa", em vez de pensar holandesa pensava russa, culpa de livros, só rindo, né, ela bem bela lá na praia no calor de Recife, biquini, sorriso aberto, felicidade, lá na Boa Viagem sem tubarão que conheci muito, muito, muito, depois.
Que tempos.
Ora, era. Ainda sou apaixonado por ti, Terezinha João. Saúde, guria!
Há controvérsias, se Guacira seria com y ou com i.
ResponderBorrarFiquei com o i.
Sala
Esta música Adeus Guacyra, cantada por Alfredo Simoney,é trilha sonora do excelente filme Floradas na Serra.
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