sábado, 29 de septiembre de 2012

Contralouco se apavora, n'A Charge do Dias

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Numa mesa do fundo do botequim Lúcio Peregrino e Contralouco lêem no notibuc a notícia de que o parlamento espanhol está novamente cercado por manifestantes que querem derrubar o governo,  o Contralouco exulta:

- Tem que quebrar tudo mesmo, e pendurar aqueles direitistas na ponta de uma corda!

Os companheiros das outras mesas se aproximam e Lúcio lê a manchete que acabou de ser postada no El País online: Una multitud llena (la plaza) Neptuno en otra protesta ante el Congreso. Depois explica:

- O governo conservador quer empurrar a conta da roubalheira dos bancos no rabo do povo, é desemprego em massa, cortes nos direitos sociais, tá dando de tudo por lá, censura à imprensa, policiais infiltrados na manifestação para começar quebra-quebra e com isso justificar que baixem o pau na população.

Contralouco vai ao delírio:

- Bah, eu daria um dedo pra estar lá no meio, os milicos iriam ver o que é bom pra tosse.

- As classes armadas são iguais em todos os lugares: um monte de pobretão agredindo outros pobretões para proteger banqueiros, diz Jezebel do Cpers.

- Hijos de puta!, vocifera o Contralouco.

(Nos protestos de hoje por enquanto o pau ainda não comeu. Ainda não há nada no youtube, mas o vídeo de 4 dias atrás dá uma ideia do clima)




Wilson Schu entra no bar e diz:

- Ei, Contra, quer dizer então que tá em campanha pela Manuela Namorida pra prefeita?

- Eu não, tá doido, prefiro cortar o pau a fazer uma bobagem dessas. Eu vou votar no Érico do PSTU.

- Então o que é aquele cartaz ali fora, na parede da frente do buteco?

Vão todos lá para a frente e dão com o cartaz pregado, letras garrafais, em vermelho: "Eu vou votar na Manuéla Namorida, peço que os amigos me acompanhem, para o bem de Porto Alegre. Ass: Contralouco".

Pra quê, o Contra fica branco como cera e arranca o cartaz com violência, rasgando em pedacinhos, com os olhos saindo das órbitas, parecendo à beira de um ataque. Já com todo o sangue do corpo no rosto, berra:

- Quem foi o filho da puta que botou isso aqui?! Claro que não fui eu, gente, vocês viram, né, eu tava lá dentro, e o maldito anarfa botou acento no nome da onça, eu mato esse desgraçado, vou descobrir quem foi nem que tenha que virar a cidade do avesso!

De cara todos pensam no Clóvis Baixo, o bicho é tinhoso de sacana, mas ninguém fala nada.

- Alguém de vocês viu o Baixo hoje?!, pergunta o Contra.

Ninguém viu.

- Puta que me pariu, quando cheguei no buteco, ali pelas seis da tarde, não tinha esse troço aí, quantas pessoas será que passaram por aqui na última hora?, diz preocupado.

- Umas cinco mil, responde Tigran Gdanski, para deixá-lo mais louco ainda.

O Contra diz já volto e sai percorrendo o Beco do Oitavo, perguntando de porta em porta se alguém viu um vagabundo pregando cartaz com o seu nome. Estragaram o sábado do boêmio.

Com a chegada da Leilinha, que vinha de panfletagem pelos seus candidatos do Psol, a turma vai para dentro, precisam escolher as obras do dia. Leilinha fica chocada ao saber do que aconteceu:

- Isso não se faz, é muita maldade, tadinho do tio Contra, e logo com aquela Manuela...

Ficaram com o mestre Aroeira, de O Dia (Rio de Janeiro, RJ).






E com o mestre Nani.




Leilinha escolheu a obra do Rico, do Vale Paraibano (São José dos Campos, SP).




(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), devido a dívidas com o sistema bancário, ou agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)






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