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Numa mesa do fundo do botequim Lúcio Peregrino e Contralouco lêem no notibuc a notícia de que o parlamento espanhol está novamente cercado por manifestantes que querem derrubar o governo, o Contralouco exulta:
- Tem que quebrar tudo mesmo, e pendurar aqueles direitistas na ponta de uma corda!
Os companheiros das outras mesas se aproximam e Lúcio lê a manchete que acabou de ser postada no El País online: Una multitud llena (la plaza) Neptuno en otra protesta ante el Congreso. Depois explica:
- O governo conservador quer empurrar a conta da roubalheira dos bancos no rabo do povo, é desemprego em massa, cortes nos direitos sociais, tá dando de tudo por lá, censura à imprensa, policiais infiltrados na manifestação para começar quebra-quebra e com isso justificar que baixem o pau na população.
- O governo conservador quer empurrar a conta da roubalheira dos bancos no rabo do povo, é desemprego em massa, cortes nos direitos sociais, tá dando de tudo por lá, censura à imprensa, policiais infiltrados na manifestação para começar quebra-quebra e com isso justificar que baixem o pau na população.
Contralouco vai ao delírio:
- Bah, eu daria um dedo pra estar lá no meio, os milicos iriam ver o que é bom pra tosse.
- As classes armadas são iguais em todos os lugares: um monte de pobretão agredindo outros pobretões para proteger banqueiros, diz Jezebel do Cpers.
- Hijos de puta!, vocifera o Contralouco.
(Nos protestos de hoje por enquanto o pau ainda não comeu. Ainda não há nada no youtube, mas o vídeo de 4 dias atrás dá uma ideia do clima)
- As classes armadas são iguais em todos os lugares: um monte de pobretão agredindo outros pobretões para proteger banqueiros, diz Jezebel do Cpers.
- Hijos de puta!, vocifera o Contralouco.
(Nos protestos de hoje por enquanto o pau ainda não comeu. Ainda não há nada no youtube, mas o vídeo de 4 dias atrás dá uma ideia do clima)
Wilson Schu entra no bar e diz:
- Ei, Contra, quer dizer então que tá em campanha pela Manuela Namorida pra prefeita?
- Eu não, tá doido, prefiro cortar o pau a fazer uma bobagem dessas. Eu vou votar no Érico do PSTU.
- Então o que é aquele cartaz ali fora, na parede da frente do buteco?
Vão todos lá para a frente e dão com o cartaz pregado, letras garrafais, em vermelho: "Eu vou votar na Manuéla Namorida, peço que os amigos me acompanhem, para o bem de Porto Alegre. Ass: Contralouco".
Pra quê, o Contra fica branco como cera e arranca o cartaz com violência, rasgando em pedacinhos, com os olhos saindo das órbitas, parecendo à beira de um ataque. Já com todo o sangue do corpo no rosto, berra:
- Quem foi o filho da puta que botou isso aqui?! Claro que não fui eu, gente, vocês viram, né, eu tava lá dentro, e o maldito anarfa botou acento no nome da onça, eu mato esse desgraçado, vou descobrir quem foi nem que tenha que virar a cidade do avesso!
De cara todos pensam no Clóvis Baixo, o bicho é tinhoso de sacana, mas ninguém fala nada.
- Alguém de vocês viu o Baixo hoje?!, pergunta o Contra.
Ninguém viu.
- Puta que me pariu, quando cheguei no buteco, ali pelas seis da tarde, não tinha esse troço aí, quantas pessoas será que passaram por aqui na última hora?, diz preocupado.
- Umas cinco mil, responde Tigran Gdanski, para deixá-lo mais louco ainda.
O Contra diz já volto e sai percorrendo o Beco do Oitavo, perguntando de porta em porta se alguém viu um vagabundo pregando cartaz com o seu nome. Estragaram o sábado do boêmio.
Com a chegada da Leilinha, que vinha de panfletagem pelos seus candidatos do Psol, a turma vai para dentro, precisam escolher as obras do dia. Leilinha fica chocada ao saber do que aconteceu:
- Isso não se faz, é muita maldade, tadinho do tio Contra, e logo com aquela Manuela...
Ficaram com o mestre Aroeira, de O Dia (Rio de Janeiro, RJ).
E com o mestre Nani.
Leilinha escolheu a obra do Rico, do Vale Paraibano (São José dos Campos, SP).
(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), devido a dívidas com o sistema bancário, ou agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)
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