jueves, 27 de septiembre de 2012

João da Noite, a volta do boêmio

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João da Noite reapareceu, hospedando-se aqui na palafita. A vida na floresta lhe fez bem à saúde, já quanto a cuca estamos em dúvida. Chegou ao entardecer, de à cavalo, depois de uma jornada de uns 400 Km, mas aparentava boas condições. Inquirido sobre como foi a viagem, reclamou apenas das cercas de arame que dividem os campos, em certo momento precisou cavalgar pela beira das estradas. Concluiu: um dia ainda vamos botar abaixo todas essas malditas cercas, a terra é de todos e de ninguém. Não explicou quem o acompanhará nesse "vamos".

Nada comentou nem nada lhe foi perguntado sobre a deusa esquecida, o amor que conheceu naqueles fundões para lá do Espinilho, para onde tinha voltado há uns quarenta dias.

Ontem à noite assumiu o blog, a pretexto de enviar um abraço e uma música aos amigos. O deixamos em frente a um dos computadores, com o blog e uma garrafa de uísque abertos ao seu dispor, e fomos dar uma circulada pela cidade, rever uns amigos da Vila Cefer II. Ao retornarmos, pela madrugada, o belicoso índio havia passado para a cerveja com pinga, a garrafa de uísque vazia jogada no chão.

No blog não tinha abraço nem música, mas já havia arranjado encrenca com todos os políticos do Brasil, com seu estoque de ironias e verdades cruéis quase esgotado. Só não os chamou de santos. Em certo momento escarneceu de certo candidato metido a gaúcho, dizendo que parasse de se meter a fresco, e deixou escapar que ele, João, havia emprenhado a sua rainha da mata, descendente em linha direta de Sepé Tiaraju, não demora muitos anos e ele vai ver o que é índio taura, por enquanto o pai vai resolvendo as coisas, o outro que marcasse dia e hora e escolhesse as armas.

No instante em que chegamos ele descrevia o modo como iria dizimar cada um dos seus demais inimigos, já tinha meia-dúzia de políticos estripados a punhal, felizmente conseguimos afastá-lo antes que clicasse na palavrinha "Publicar". Ao tempo em que apressadamente deletávamos as poucas barbaridades já publicadas, relembramos ao ilustre boêmio que este bloguinho já tem processos demais, em breve divulgaremos quem são os processantes e do que se queixam. Em suma: não é no dele que vai estourar a incomodação de comparecer a juizados para repetir tudo, isto porque as nossas palavras são defensáveis, quanto às dele é cadeia no ato, porém ele parecia não compreender o que dizíamos. Eu, Kafil, Miquirina Segundo, Aristide Neptune e mais quatro companheiros sofremos mas conseguimos acalmá-lo, vestindo-o com uma bela jaqueta branca com as mangas amarradas.

Hoje à noite talvez já possa enviar o abraço e a música, supervisionado de cima. Por via das dúvidas o proibimos de sair e também de dar uma passada no Botequim do Terguino, vez que as ruas estão cheias daqueles elementos à cata de votos, um eventual encontro não faria bem aos nobres candidatos. Mr. Hyde hoje à tarde enviou um seu colega medicinal, para ver o que se passa no teto do gaudério. Por telefone Hyde antes nos disse: "Vai o Pascoal, é maluco como todos, mas um bom psiquiatra, chegadinho numa garrafa, vai se entender fácil com o João. É Pascoal mas pode chamá-lo pelo apelido, Gira-gira".

O médico de cabeça pediu somente uma caipirinha, quando viu os limões sicilianos logo à entrada, e privacidade com o paciente. Neste momento estão confabulando lá debaixo do abacateiro, João sem camisa, reclama de calor nesta tarde fria, com o Pascoal na terceira caipira, de vez em quando ouvimos os seus risos. O punhal de osso do João está bem guardado no cofre da palafita, mas pelo sim, pelo não, advertimos o doutor para se cuidar com o que diz a nuestro hermano, o indio não é de laçar com sovéu curto.

Com estas palavras creio que tranquilizamos a todos os amigos que estão preocupados com o futuro prefeito de Porto Alegre, pelo Partido dos Boêmios, em constituição.

Y así pasan los dias.



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