jueves, 31 de mayo de 2012

A menina vai para o PSOL

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Ontem à noite recebemos um longo correio eletrônico da senhorita Leila Ferro, que começou assim: "Tio Salito, resisti o que pude, mas não posso mais. Jogo fora as quinquilharias da infância, mudo a minha vida: vou-me filiar ao PSOL". E seguiu passando a limpo os seus 17 anos, emocionada ao narrar momentos inesquecíveis, ela lá, ainda uma criança, pela mão do seu pai, o Terguino, carregando bandeira do PT. As caminhadas das sextas-feiras, a solidariedade de uma geração.

"Foi apenas uma ilusão, Tio Salito, os malvados se infiltraram, e, ao se infiltrarem, corromperam muitos que tínhamos por bons, ou estes estavam nos enganando. Prefiro pensar que eram bons, que o poder e os seus novos amigos os tornaram fracos, pois a idéia de que nos usaram premeditadamente é muito repulsiva, me dói demais."

O pungente desabafo da menina me fez chorar. Dizer o quê? Tentar demovê-la da ideia? Argumentar que não é bem assim, que a maioria dos quadros dos Trabalhadores ainda é de gente de bem? Dizer que em sua trajetória nesta vida, que mal se inicia, a aguardam muitas decepções? Nem pensar. Bola para a frente, Leilinha. Cuidemos de nós, tratemos de estudar, de nos preparar, vamos precisar disto mais adiante, se quisermos mudar o nosso país.

Pela manhã, ao enviar as obras dos artistas do traço e do pensamento, escolhidas pelos boêmios, disse que gostaria que hoje, excepcionalmente, escolhêssemos a sua. Deixou-nos em sinuca de bico, mas lá vai. Duas, como fizeram os boêmios consoante sua autorização.

Newton Silva.

   

Pater, em A Tribuna (Belo Horizonte, MG).




O tema predominante no Beco do Oitavo, obviamente, foi a coordenadora Leilinha Ferro, a menina dos olhos da turma. Inteirados da sua decisão, cada um interpretou o gesto à sua maneira. Os boêmios iniciavam debates sobre os vagabundos dos negócios e da política, e logo voltavam ao assunto principal. Ainda estão amadurecendo suas ideias.

Tigran Gdanski: "Ei, lembrei agora, o rapaz que ontem me deu um panfleto do PSOL, o Gabriel Z., estava à procura da Leilinha."

De certeza apenas uma coisa, como expressou Mr. Hyde: "Ninguém aguenta mais essa podridão, nossos chefes se tornaram iguais aos bandidos que combatíamos".

"Chefes das negras deles, esses patifes vão desabar feito dominó, quem viver verá", contestou Lúcio Peregrino.

Ficaram com o Amarildo, da Gazeta Online (Vitória, ES).




E com o Dálcio, do Correio Popular (São Paulo, SP).




No Botequim do Terguino a movimentação foi maior. A todo momento alguém interpelava o Terguino, pai da Leilinha, sobre a decisão da guria. Ele com a mesma esquiva: "Eu não tenho nada a ver com isso, ela é quem sabe, sou apenas um dono de buteco".

Aristarco de Serraria disse que andou pensando em migrar para o PCdoB, "Mas agora, para se avançar nas fichas, eles deram de namoridar até a extrema-direita. Então vou sair, mas por enquanto só sei para onde não vou". O "namoridar" saiu em homenagem à Manuela Namorida, claro.

O Contralouco propôs largar "tudo isso que  está aí", com a fundação do PB - Partido dos Boêmios, com o slogan "Aqui vagabundo não entra". Então alguém lembrou do Nicolau Gaiola, que seria o primeiro vereador dos pinguços, vez que, entre seus projetos de imaginária  campanha, propunha colocar botequins e mesas de sinuca em bancos (de agiotas, não de praças), hospitais e faculdades. Para concorrer em São Paulo, o Contra ficou de convidar o Paulo César Peréio. Ficaram lá, montando o programa e as diretrizes do partido.

Na hora de escolherem as obras, grudaram no pé da nojeira da vez.

Erasmo, do Jornal de Piracicaba (Piracicaba, SP).






Cazo, do Comércio do Jahu (Jaú, SP).



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(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do dono do botequim, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo.)
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