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Hoje pela manhã, no Beco do Oitavo, Gustavo Moscão e Nicolau Gaiola sentaram-se em mesas na calçada. Sabiam que no interior do bar a conversa estaria centrada nas grandes figuras da república, como Lula, Gilmar Mendes, Cachoeira, Palocci (sim, não o esquecem), Fernandinho Beira Mar, Sarney, José Dirceu, Daniel... Dantas (agora eu me atrapalhando com o nome), Lampião, Demóstenes, Cavendish, Madame Satã, Eike Batista e outros.
Moscão meteu a cara na janela e falou para os boêmios de dentro: "Ontem a gente avisou, chega desse papo furado, aqueles malandros lá podres de ricos e vocês aqui de masturbação mental". Riu, gritou "Salta dois ferrinhos" ao portuga e voltou para a frente. Na verdade os dois queriam privacidade para acertar um treco de ajudar o Terguino, do outro bar, a dar um cagaço num gerentalha de banco. Essas coisas não se pode falar diante de Mr. Hyde, odeia extorsão - lembra de um agiota em especial, e já quer ir em casa buscar seus molotovs de estimação.
Mr. Hyde rugiu lá de dentro: "Alienados. Vocês têm mais que ir pra passeata da maconha!".
João da Noite estava muito ocupado, de modo que temos apenas alguns dos diálogos, quando não fragmentos.
Carlinhos Adeva: "É como eu tava dizendo: claro que os governadores podem ir à CPI e responder a todas as perguntas e questionamentos. Basta o sujeito negar envolvimento com os mafiosos, responder 'Não sei' ao que não sabe e fim. O problema é outro: eles tentam evitar a ida a todo custo pela simples razão de que devem, têm culpa em cartório. Vejam bem, admitamos que o tal Cabral Guardanapo, do Rio, vá lá e negue que o governo dele, com sua interferência, ajudou a Delta a se avançar no dinheiro público. Ou diga que não sabia de algo que tenha suas digitais. Nega numa boa, toma cafezinho, o lambe-ovo do Vaccarezza lambe os seus respectivos, e sai de lá babado, elogiado, palmadinhas nas costas, ah, que grande homem. O medo de quem deve é que no seguimento, com quebras de sigilo e o escarcéu, daqui a pouco surja uma prova cabal da sua participação, alguma ajudinha ao amigão dono da Delta, para não falar em coisa pior. E agora?
(toma um gole da sua caipirinha)
Agora, além de responder pela maracutaia, que nunca dá em nada, surge um fato incriminador gravíssimo, de que não poderá se livrar tão fácil: teria mentido a uma Comissão Parlamentar de Inquérito, mentido à nação dentro da Casa do Povo. Se mentir em tribunal comum dá cadeia, imaginem uma coisa dessa envergadura. Essa a razão por que correm como o diabo da cruz do depoimento na CPI. Depoimento ou testemunho que qualquer homem de bem tem a obrigação de dar, se convidado ou intimado, em respeito ao seu país, aos cidadãos do seu país. E autoridades fogem... Esses são os salafrários que nos governam."
(toma um gole da sua caipirinha)
Agora, além de responder pela maracutaia, que nunca dá em nada, surge um fato incriminador gravíssimo, de que não poderá se livrar tão fácil: teria mentido a uma Comissão Parlamentar de Inquérito, mentido à nação dentro da Casa do Povo. Se mentir em tribunal comum dá cadeia, imaginem uma coisa dessa envergadura. Essa a razão por que correm como o diabo da cruz do depoimento na CPI. Depoimento ou testemunho que qualquer homem de bem tem a obrigação de dar, se convidado ou intimado, em respeito ao seu país, aos cidadãos do seu país. E autoridades fogem... Esses são os salafrários que nos governam."
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Marquito Açafrão: "O Lula pode ser um deslumbrado, um abobado que não se flagra que deu pra ele, mas ao menos foi presidente pelo voto, e esse Gilmar Dantas é na base do Quem Indica."
Lúcio Peregrino: "Pera aí, Açafra, primeiro que isso de ter votos não quer dizer picas. Todo mundo sabe que ganha quem melhor iludir o povo da escuridão, marquetagem e caralho a quatro, e pra isso antes precisa do aval da Globo, dos empreiteiros, dos banqueiros... dos caras que mandam nesta bosta de país. O Lula baixou as calças pra eles, depois de a gente se matar para colocá-lo na vitrine. Depois que nos rasgamos trabalhando e lhe demos o povão, não precisava mais da gente. Os descontentes que se retirem... E por essas e outras se acha O cara..., tenha a santa paciência, se deslumbrar com o povão, que amanhã ou depois estará elegendo outro Collor, vá ser burro assim na puta...".
Marquito: "Ei, tá bem, Lúcio, não precisa gritar."
Mr. Hyde trovejou: "Pessoal, não vamos ficar brigando entre nós, essa gente não merece, temos é que pensar em alternativas. Para o seu 'idealismo' o Lula está certo, com os bolsos cheios, um filho que é um ás dos negócios, agora é Don Luigi 'Lula' Silveone. Mais um engano que cometemos, foda-se, ponto final. E agora?".
Com a elevação do tom, Nicolau Gaiola adentrou no buteco. Sentou e disse, lágrimas correndo: "Gente, PSOL?".
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Tigran Gdanski disse ter achado graça ao receber, na rua, um panfleto de um moço do PSOL. Moço de ar sincero, forte, limpo. Perguntou, como é teu nome, rapaz: "Gabriel Z". E...
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Tigran Gdanski disse ter achado graça ao receber, na rua, um panfleto de um moço do PSOL. Moço de ar sincero, forte, limpo. Perguntou, como é teu nome, rapaz: "Gabriel Z". E...
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Quando Leilinha Ferro passou para pegar a obra do dia ainda estavam embatucados, muito difícil escolher. Então aplicaram na menina que hoje é o aniversário do Walter Schiru - festa à noite, e conseguiram o direito de postar mais de uma.
Sponholz, do Jornal da Manhã (Ponta Grossa, PR).
Aroeira.
Cláudio, do Agora S. Paulo (São Paulo, SP).
No Botequim do Terguino a turma ficou sabendo da colher-de-chá que a Leila deu aos camaradas do buteco de lá. Não deu outra, exigiram tratamento igual. Quanto às conversas sobre o PSOL, o Contralouco disse: "Ué, então resolveram oficializar?, azarados como são, periga se filiarem e no outro dia estourar um escândalo...". Informados do aniversário do Walter Schiru, ficaram quietos.
Bira. (Ei, Bira, esqueceste de quem se opôs, com ódio, a Lei da Ficha Limpa?)
Pater, em A Tribuna (Belo Horizonte, MG).
Clayton, em O Povo (Fortaleza, CE).
Leila Ferro para variar escolheu a obra do Duke, de O Tempo (Belo Horizonte, MG).
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(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do dono do botequim, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo.)
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