lunes, 2 de julio de 2012

A CPI do Carlinhos Cachoeira

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Dentro de um ano, ou dois, pela graça de sermos "amigos" de Mr. Gugle e seu amante, o Gemeil, e a chefona CIA, os amigos lerão a matéria do dia, abaixo, que raramente aparece em robôs de busca, eu não pago. Se entraram, milagre, apostem na loteria, vai dar. E não esqueçam de jamais comprar nada de propaganda que surge neste blog, é tudo mentira, engodo.



A pizzaria vai de vento em popa, bem como eles queriam, como se depreende da matéria a seguir.


Embate político pode levar CPI a ter dois relatórios

Caio Junqueira, do Valor Econômico

As antagônicas linhas de apuração adotadas pelos protagonistas da CPI do Cachoeira faz com que seus integrantes já apostem na existência de dois relatórios finais. O oficial, escrito pelo relator, Odair Cunha (PT-MG), e o alternativo, elaborado pela oposição e pelos deputados considerados "independentes".

Isso, aliado à intensa polarização política e à existência de dezenas de empresas envolvidas, faz com que a comissão cada vez mais se pareça à CPI do Banestado, que investigou em 2003 e 2004 um esquema de remessas ilegais de dinheiro a paraísos fiscais por meio de contas CC5. Foram mais de 412 mil operações feitas por pessoas físicas e jurídicas entre 1996 e 2002. Acabou, contudo, depois de muita briga e com dois relatórios, um petista, outro tucano.

Na CPI do Cachoeira, o que pode levar a esse cenário é a diferença de foco na análise dos dados que chegam à comissão. O relator está mais preocupado com o destino do dinheiro da organização criminosa do empresário Carlinhos Cachoeira. Combina essa linha com o objeto da comissão, a apuração de práticas criminosas desvendadas pelas operações Vegas e Monte Carlo para, desse modo, dificultar qualquer apuração que fuja de Goiás e do seu governador, Marconi Perillo (PSDB).

Já a oposição e os "independentes" querem mais descobrir a origem desses recursos do que seu destino. Daí porque miram seus alvos para a construtora Delta e os eventuais contratos superfaturados realizados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em um segundo momento, esperam conseguir ligar o dinheiro irregularmente levantado nessas ocasiões com seus receptores: as campanhas eleitorais, especialmente as de petistas e aliados.

O trabalho para se chegar a esses objetivos, porém, é árduo. São centenas de planilhas, quilos de documentos e arquivos. E nem todos estão dispostos a vasculhá-los. Os que estão precisam optar por uma linha sob pena de se perderem ou deixar de lado o viés político que incorporaram.

Odair Cunha, na condição de relator, montou a maior equipe e, ao mesmo tempo, impediu que ela fosse compartilhada, pois barrou a criação de sub-relatorias. O trabalho é comandado por Marcos Rogério, assessor da liderança do PT. Junto com ele, uma equipe de funcionários públicos oficialmente requisitados pela comissão, mas que trabalham com exclusividade para o relator.

Ela contém pelo menos dois integrantes de importantes órgãos direta ou indiretamente ligados à fiscalização, como Advocacia-Geral da União (AGU), Banco Central (BC), Controladoria-Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU).

Só da Polícia Federal (PF) foram três delegados. Cairo Costa Duarte, designado em 2009 chefe do serviço de análise de dados de inteligência policial do setor da PF que combate o tráfico de drogas; Alexandre Isbarrola, especializado em combate ao crime organizado; e Christian Wurstern, com experiência em combate a crimes de lavagem de dinheiro no Sul do país.

Tão grande é a equipe subordinada ao relator que foi necessário disponibilizar espaço extra no Congresso Nacional. São duas salas, uma na Gráfica do Senado, conhecida como "sala de investigação"; e outra na Secretaria Especial de Informática do Senado (Prodasen). Para entrar nelas, só com autorização especial.

No campo adversário, a maior equipe é a do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), comandada por um antigo desafeto petista: Amadeu Cunha Campos. Servidor do Senado, foi o principal auxiliar da oposição nas CPIs do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

O funcionário, por esta razão, passou a ser visto, no PT, como adversário e, quando a chefia do departamento em que ele trabalhava foi trocada, em 2010, a nova direção o informou que ele passaria a trabalhar apenas "on demand". Ou seja, com o que lhe requisitassem. Ele rejeitou a proposta. Passou, então, pelos gabinetes do senador Demóstenes Torres (GO) e do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) antes de retornar às CPIs com Alvaro Dias. É apontado como detentor de um dos maiores bancos de dados da Casa, levantados a partir de suas atuações em comissões de inquérito como a do MST, do Apagão Aéreo, dos Cartões Corporativos, das ONGs e a dos Correios.

O foco de seu trabalho é comprovar que as empresas de fachada ligadas a Cachoeira são fornecedores fictícios da Delta, que simula o recebimento de prestações financeiras, emite notas fiscais frias e repassa recursos a elas. E, mais do que isso, que todo esse dinheiro provém do governo federal. A equipe de Amadeu é a segunda maior da CPI, com não mais que quatro pessoas. Bem menor do que a de Odair Cunha.

Outros especialistas são encontrados em outras equipes, como as do senador Randolfe Rodrigues (PSOL), Pedro Taques (PDT), Miro Teixeira (PDT), e do deputado Onyx Lorenzoni (DEM). "É como comparar um exército oficial do governo com 100 mil soldados contra uma equipe informal com 10 mil mercenários loucos para ganhar a guerra", diz um assessor no Congresso.

A falta de comunicação entre eles, porém, é um problema e contrasta com algumas das articulações que seus chefes fazem diariamente na CPI. Um sinal de que pode não haver unanimidade em um possível relatório alternativo. A razão é que, se for a fundo mesmo, a investigação pode chegar a correligionários em todos os Estados, tendo em vista o alcance da atuação da Delta. Assim, cada um prefere buscar seus próprios caminhos.

Algumas certezas, contudo, são comuns. Por exemplo, a de que as duas principais contas em que a construtora recebia os pagamentos dos recursos era a do BMG e da Caixa Econômica Federal. Já as contas em que ocorriam as grandes movimentações de recursos eram as do HSBC e do Bradesco.

Também são divididas as mais de 100 empresas que já tiveram seus sigilos quebrados ou estão em vias de serem quebrados em, basicamente, três grupos. As empresas "mãe", constituídas, com grande número de funcionários, e responsáveis por abastecer todas as contas. São elas a Delta e a Construtora Rio-Tocantins (CRT). Depois, aparecem as "fantasmas", sem endereço e empregados, como a Alberto & Pantoja Construções, a Brava Construções, a JR Prestadora de Serviços e a Misano Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Veículos. Constam depósitos da Delta para cada uma delas. O terceiro subgrupo, o maior deles, é formado por empresas pelo menos "laranjas", que recebem dinheiro dessas empresas fantasmas. Outras tantas empresas, que simplesmente fizeram transações com qualquer uma dessas já aparecem em requerimentos ou nos discursos dos parlamentares, sob suspeição. Podem integrar o esquema, ou podem ter apenas vendido algo sem saber a origem do recurso.

De qualquer modo, a experiência não muito distante de uma CPI que misturou altas doses de tensão política com muitas empresas mostra que o resultado concreto pode ficar longe do desejável. Dos mais de 130 políticos de todas as esferas políticas que a CPI do Banestado supunha alvejar, nenhum foi pego. A CPI do Cachoeira pode seguir o mesmo caminho, com seus dois relatórios.

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