sábado, 14 de julio de 2012

Tudo está dito, n'A Charge do Dias

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(Tornamos a agradecer aos espetaculares artistas do traço e do pensamento, o que fazemos de tempos em tempos, bem como ao fantástico site A Charge Online, por "permitirem" a reprodução das obras e pela facilidade de coleta, sem que ainda nos tenham processado pela divulgação das escolhas dos amigos boêmios. Como já dissemos aqui muitas vezes, de processos estamos cheios, e grana para pagar indenizações, que é bom, neca, o que nos salva é a exceção da verdade. Esta é a única transgressão que cometemos deliberadamente, firmes na grandeza de alma dos artistas que anseiam por um Brasil de todos, plural, e certos de que de alguma forma estamos colaborando um pouquinho nessa ânsia que temos de mostrar que nosso país não é feito só de trouxas. Esclarecemos, por fim, que os apelidos são verdadeiros. Como o são os nomes dos donos dos bares. Do surpreendente Terguino Ferro vimos a certidão de nascimento)


Mesmo com muito frio, Porto Alegre está radiante nesta ensolarada manhã. Hoje ao meio-dia não haverá churrasco de confraternização entre os butecos, pois o Beco do Oitavo programou Mocotó à Magalhães, e o Botequim do Terguino Feijoada no Ferro. Assim, cada um no seu quadrado.

À noite haverá cantoria no Beco, malgrado a boa-vontade da Prefeitura, que apareceu para ameaçar de multa, parece que o prefeito não gosta que se cante baixinho "Noite Cheia de Estrelas" a uma da matina. 

Carlinhos Adeva foi quem contou: "Salito, nunca se vê um brigadiano na nossa rua, mas os fiscais da prefa apareceram escoltados por duzentos gorilas armados, assustando a clientela. Naquele momento, onze da noite, só havia uma estudantada comendo pizza no buteco, por sorte, pois se o Gustavo Moscão estivesse presente... deixa pra lá. Enfim, vamos todos votar contra o Fortunati, que, aliás, jamais foi boêmio. Pensando bem, parece que entre todos os candidatos boêmio não há, são tudo cedeéfes e cedeéfas, mas ainda vamos ver isso melhor".

Para os marroquinos, árabes e bérberes, que nos lêem, "brigadiano" é como os bárbaros gaúchos chamam o policial militar. Gaúcho é o habitante do Rio Grande do Sul. Aliás, os policiais militares são pessoas muito bem pagas, como os professores, pelo governo deste estado de coisas para proteger os ricos do povo malvado que mora no sopé do mosteiro do Nome da Rosa e...

Epa, mania de ir desviando de assunto.


A turma cedinho compareceu em peso ao Beco do Oitavo, chimarrão correndo, agora já estão no vinho, enquanto o portuga se vira com o mocotó. Chimarrão é algo que chupamos numa cabaça oval... não, não é isso que vocês pensaram, isso também, mas... ah, procurem no gugle.

A mestra Jezebel do Cpers presente. Explicou que vendeu um terreninho que tinha de herança, essa a razão da sua presença, uma vez que com o salário do Tarso Genro jamais poderia almoçar fora. Na verdade Jezebel chamou o governador de "aquele filhinho de papai, mesada e bóia à disposição, a diferença entre ele e a Manoela é que... não há; ele é um velho sem ilusões, caudilho agarrado ao poder, não era mas ficou assim, e ela já nasceu sendo", ufa, deu uma tontura, isto não podemos transcrever, Jêze já tinha bebido um pouquinho, a dor falou por ela. Passa. Tudo passa, só está magoada, pois em outros tempos já a vimos elogiar o político em questão. O incendiário Mr. Hyde, o médico da turma, que possui quilos de molotov em casa, para espanto de todos a repreendeu baixinho: "Vá se saber os problemas do cara, a base aliada...". Ela endureceu e mostrou o dedo pai-de-todos. Ave. Jezebel tem apenas 60 anos, mais nova que o governador para quem fez campanha, o Tarso, mas aparenta 95, judiada, de modo que Mr. Hyde, nos seus 39, se calou. Calou-se a tempo de evitar uma tormenta de informações que não sabe, gritadas com desprezo.

Bem, depois de suportar gracinhas pelo fato de ser amiga da famosa vidente que lê o futuro pela bunda das pessoas (AQUI), telefonou para a coordenadora da seção A Charge do Dias, Srta. Leila Ferro:

"Leilinha querida, estivemos examinando as obras do dia, estão boas demais. Estou te ligando como porta-voz da turma, os boêmios suplicam para que você permita que cada um escolha uma. Sabe como é, é sábado, só desta vez...".

Leilinha anda muito feliz, suspeita-se que fechou namoro com o rapaz do PSOL, de modo que se faz de difícil mas admite: "Tá, tia querida, mas só desta vez, entenda, eu tenho compromisso com o blog..., no máximo seis. Diga a eles pra não ficarem mal-acostumados, esses piás, e que mando um beijo, dona Jêze". Permitidos comentários, desde que breves e sem dar cartilha aos trilhões de leitores do blog.

Festa no Beco. Os boêmios tiram a sorte para ver quem participa nas cinco obras, uma cederam à Jezebel, que conseguiu as seis. Os perdedores proferem palavrões. Os vencedores se concentram, discutem coisas como "Sai, cara, esta eu que escolhi primeiro", riem, "Vejam esta, não acredito!", e ao final chegam a um consenso.

As obras vão em desordem:

A nobre professora Jezebel, se dobrando de rir, diz "Mas são umas galinhonas mesmo", ao apresentar a sua escolha, mestre Aroeira arrasando.




Lúcio Peregrino fica com o Geraldo Passofundo, de O Informativo do Vale (Lajeado, RS). "Minha homenagem ao povo da escuridão que vota em rurajestes e outros bichos".




A também professora Jussara do Moscão ficou com o Quinho, do Estado de Minas (Belo Horizonte, MG). Cedeu o comentário ao seu marido Gustavo Moscão: "Geeente, que suruba!".



  

Mr. Hyde escolheu a obra do Miguel, do Jornal do Commercio (Recife, PE). "Ando com um nojo dessa mulher...".




Lucas da Azenha com o Fausto, do Jornal Olho Vivo (Guarulhos, SP). "Acho que no dia em que o Sargento Garcia prender o Tarzan".




Marquito Açafrão com o Sponholz, do Jornal da Manhã (Ponta Grossa, PR). "Bem isso, mas o Spô que não se iluda, tou acreditando na vidente amiga da Jezebel".




No Botequim do Terguino a tigrada encara, por enquanto, o enorme vaso de cerâmica cheio de caipirinha feita pela Silvana Maresia, que se acertou com o Jucão, antes ela estava lá, no Beco do Oitavo, e ele aqui. Amada lembrança...

João da Noite foi o santo que os reaproximou, dois anos após o divórcio: passou no Beco do Oitavo e a pegou pela mão, e assim de mão chegou no Botequim com um disco do Jamelão na direita, o Juca congelou olhando o louco entrar de mão com a sua mulher. João mandou sentarem juntos, obedeceram, João da Noite estava naqueles dias, espiritado, sério de não mostrar os dentes. Caminhou ao toca-discos, tirou a capa e lascou aquela do Lupicínio, de que é melhor brigar juntos do que chorar separados, e caiu fora sem olhar para trás, deixou os dois na mesa, ouvindo a voz do cantor da Estação Primeira de Mangueira. Fatal: Silvana e Juca e o bar e a rua inundados do conselho "aos jovens recém namorados", o resto não precisamos dizer, as lágrimas e tudo, para não parecermos pieguitos.

Por essas e outras é que eu amo meu irmão Juanito de la Noche.

Terguino Ferro comanda a feijoada nos panelões de ferro.

Leila Ferro, que negociou territórios das obras com a Jezebel, comunica aos empinantes o direito a seis obras, nas mesmas condições dos boêmios de lá, pois estes daqui andavam putos de os outros escolherem primeiro. É aplaudida em pé.

Walter Schiru escolheu a obra do Duke, de O Tempo (Belo Horizonte, MG). "Pior que é merda podre".




Clóvis Baixo ficou com o Mário, da Tribuna de Minas (Belo Horizonte, MG). "Ahahah... quero ver com que cara o zumbi vai acusar alguém".




O filósofo Aristarco de Serraria riu muito e escolheu a obra do Zop. Depois fechou a cara e disse: "E dizer que um excremento desses é senador da República...".




Chupim da Tristeza, que andou tendo um desentendimento com certa personalidade e está sendo processado por "só dei uns croques no patife", fechou no ato com o Newton Silva.





Silvana Maresia abraçou a obra do mestre Aroeira, em O Dia (Rio de Janeiro, RJ). Deixou a frase para o Jucão: "Com mais duas caipiras eu atiro esse bicho na panela".




E o Contralouco escolheu a obra do Pelicano, do Bom Dia (São Paulo, SP). "Se esse cara terminar o mandato eu vou começar a assaltar banco". Terguino exclama: "E eu junto!".





Por fim, a modesta e querida Leilinha Ferro, estudante, caixa do Botequim e coordenadora dos boêmios e empinantes, ficou com a obra do Cazo, do Comércio do Jahu (Jaú, SP). Frase: "Dizer o quê?, tudo está dito".




2 comentarios:

  1. Favor informar o endereço da videnta que desvenda o futuro através da leitura das dobras da bunda.

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  2. Bah, Chumanski, recebemos cinco mil pedidos assim, pelo email do blog. A D. Jeze vai conversar, a vidente está velha e muito assustada com o que viu nas bundas de Brasília.
    Grato pelo recado. Mas vou conseguir, tu merece, é amigo do blog.
    Abraço.
    Sala

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