jueves, 12 de julio de 2012

Neymar e o legado às novas gerações, na Charge do Dias

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Lucas da Azenha, o boêmio que não bebe, deu o pontapé inicial nos vibrantes assuntos do Beco do Oitavo. Além de muito lido, Lucas tem uma memória prodigiosa: “Nobres amigos, tomei conhecimento de que o presidente da FIFA, Joseph Blatter, parou de defender os brasileiros Teixeira e Havelange, acusados de corrupção pelo tribunal da Suíça. Esse Blatter é um corruptão de marca maior, está apenas tirando o dele da reta. O Ricardo Teixeira todo mundo conhece, é um larápio que se fez na vida pelas mãos do sogro, o próprio Havelange, sempre em conluio com os outros ladrões, os presidentes das federações estaduais...".

Gustavo Moscão simula pingar trigo-velho no seu suco de laranja e ele puxa rápido o copo.

"Engraçadinho... Mas..., ah, do João Havelange pouca gente lembra, principalmente as novas gerações. Durante a ditadura era figura constante em Conselhos de Administração de grandes empresas brasileiras, inclusive estatais. As estatais são as mamadeiras de sempre, agora mesmo estão lotadas de mandaletes dos políticos, desviando o máximo de recursos públicos, mas até hoje não sei o que fazia lá o mafioso do futebol”.

O ator Nicolau Gaiola, que anda meio sumido, chegando no buteco já se apavora, odeia falar de políticos e do sistema, reclama: “Pronto, já vão começar, ora se vou falar de teixeiras e havelanges...”, e vai lá para a frente do bar.

Marquito Açafrão: “Não viram na tevê dos sanguessugas? O Neymar da Silva Santos ganhando um milhão por mês e se fazendo de anjinho para empurrar um desodorante vagabo no povão, o selvagem quer mais dinheiro. Não é culpa do pobre Neymar, são todos assim, Ronaldinhos e Ronaldões, quem não lembra do Romário vendendo chinelos, é o sistema que os impele, se os pagarem vendem até maionese estragada. É a mesma cultura dos políticos e empresários da ganância: a fome grassando, assistência médica e escolas falidas, e os filhos da puta querem mais e mais e mais, por bem ou por mal, um salve-se quem puder. Mas o povo bem que merece”.

Lúcio Peregrino: “Não merece, Açafra, é a escuridão... O pior é que a cultura capitalista é assim mesmo, o egoísmo se apodera da alma de pessoas um pouco mais preparadas, no fundo uns pobres coitados também. Orgulham-se de ser ‘ricos’, como o eike batista, não importa como a riqueza foi havida. É esse o legado às novas gerações”.

Carlinhos Adeva: “E depois reclamam quando alguns malucos pegam em armas e saem assaltando bancos...”.

Gustavo Moscão: “Cansei de pedir a Deus que os banqueiros morram, mas não adianta...”.

Nicolau Gaiola, já de volta, pede uma losninha e tenta mudar de assunto: “Por falar em guampa, não estou entendendo uma coisa nessa putaria toda: o suplente do Demóstenes, um tal de Wilder da Orca, é o empreiteiro de quem o Carlinhos Cachoeira roubou a mulher...”.

Mr. Hyde: “Pois é, esse cara é mais um dos sem-voto, parece ter comprado a suplência do Demóstenes, entrou com muita grana na campanha do careca, o Demo se elegeu com a grana dele. Normal. Aliás, devo alertar aos companheiros que pretendem constituir o Partido dos Boêmios: sem doador grandão não vai, vejam a Manoela Namorida, todo mundo achando que a meninada a elegeu e por trás aquele doadorzão descansando. Salvo se a gente arranjar um tiririca, mas não existe boêmio que seja burro, palhaço e interesseiro”.

Gustavo Moscão: “Concordamos com a turma do Botequim do Terguino: o PB não vai pedir um centavo a ninguém, neca pau, nem quer palhaços ou jogadores de futebol, seremos apenas nós, os boêmios”.

Nicolau: “Aceitaríamos o Lula?”.

A provocação foi exagerada, Mr. Hyde explode com seu vozeirão: “Pára de encher o saco, Gaiola! Uma que esse sujeito nunca foi boêmio, pode no máximo ter sido pinguço de rua; outra que honestidade é fundamental”.

Nicolau Gaiola insiste: “Nem patrocínio dos fabricantes de bebidas?”.

Lúcio Peregrino: “De ninguém, nada de ficar devendo favor, essa catrefa não dá nada por amor, crença ou ideologia, é investimento, querem o retorno depois, não, não queremos mafiosos mandando no nosso partido como nos outros”.

Gustavo Moscão: "E vamos parar de beber estas porcarias que andamos bebendo, pagando os olhos da cara, onde já se viu, R$ 6,00 por uma repolhuda. Durante a campanha só vamos beber cachaça. Dá para variar: com bitter, losna, abacaxi, butiá, limão, maçã, goiaba, kiwi... disso ninguém vai enjoar. Já encomendamos duzentos barris de pinga do alambique que um tio da Silvana Maresia tem em Viamão".

Nicolau: “E as despesas de campanha, santinhos, cartazes, painéis, rádio, televisão...?”.

Mr. Hyde: “O Contralouco é dono de uma gráfica, vai entrar com os santinhos, se cobrar será o preço de custo, e não será muito, para o pessoal levar para casa, não esquecer nome, número e tal, mais algumas folhinhas com a plataforma e fim. Se bem que o número ninguém vai esquecer, vamos pleitear o 69 no TRE”.

Tigran Gdansk, recém chegado: “Os butequeiros da cidade tratarão de tirar cópias pros familiares. E temos a internet, o blog do Salito já se comprometeu e a Leilinha vai fazer mais alguns blogs, o Lúcio será o editor. A campanha vai ser de boca, a notícia vai voar por entre os boêmios de Porto Alegre, primeiro, depois do RS, por fim pelo Brasil todo. Somos milhões”.

Leila Ferro chega para buscar a obra para a Charge do Dias, interrompendo os pensadores que se farão políticos de uma nova política. Decidiram que a obra do Dálcio, do Correio Popular (São Paulo, SP), irá para a parede do bar.



 
Os empinantes do Botequim do Terguino foram breves na sua escolha, visto que decidiram acompanhar o Terguino Ferro ao banco, ainda o assunto do seu papagaio de 2011 a juros assassinos. Querem olhar na cara o gerentalha que se diz escravo do computador. Deixaram o Contralouco sozinho no bar, a pretexto de cuidar do caixa enquanto Leilinha não retorna do Beco do Oitavo.
 
Aristarco de Serraria cochichou aos companheiros: "Se levarmos o doido, vai chegar dizendo ao gerentalha: 'Então, seu corno, a culpa é do computador, hein, engraçado, achei que era do gângster de São Paulo e dos merdas que lambem os ovos dele?', vocês conhecem, iria meter a mão nas fuças do sujeito, melhor que ele fique por aqui".
 
Escolheram a obra do Renato, de A Cidade (Ribeirão Preto, SP). O Contralouco ficou lá, insultando o que chama de "pelegada mão-de-gato".
 
 
 
A senhorita Leila Ferro fechou com o espírito do Beco do Oitavo. Escolheu o Duke, de O Tempo (Belo Horizonte, MG). Menina esperta.
 

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