viernes, 13 de julio de 2012

Sexta-feira, 13, na Charge do Dias

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Sexta-feira, 13, é dia para se começar cedo os aperitivos, assim pensam os boêmios do Beco do Oitavo, todos lá com sua dose de misticismo.

Nove da manhã e a maioria da turma já presente no bar, em quatro mesas juntas no meio: Marquito Açafrão, Tigran Gdansk, Gustavo Moscão, Jussara do Moscão, Wilson Schu, Mr. Hyde, Lúcio Peregrino, Nicolau Gaiola, Silvana Maresia e João da Noite, mais os estudantes Mateus do Pinho e Cícero Bom Cabelo, numa boa jogando conversa fora.

E eis que chega, para surpresa de todos, a culta professora Jezebel do Cpers. Jezebel aparece no buteco somente uma vez por semana, às sextas, mas ao anoitecer, para beber um só martini seco na companhia do pessoal. Um martini por semana é o que dá para beber com o salário que o Tarso Genro lhe paga, foi o que sempre alegou.

Sob vivas, sentou-se e pediu uma caipirinha. Abatida, bebeu um golão da caipirinha da Jussara, enquanto a dela não vinha. A turma ficou se olhando, hesitando em perguntar algo. Não foi preciso, ela contou os motivos do seu abatimento.

“Depois de trinta anos sem nenhum contato, ontem fui tomar chá com a minha antiga vidente que voltou do exterior, decidiu se aposentar. Está riquíssima, aconselhava grandes magnatas do mundo todo. Saí de lá preocupada com os maus presságios da sacerdotisa, pois sei que só se pode ler o futuro que já está definido, o irremediável”.

Silêncio no bar.

Fez uma pausa, em pequenos goles entornou metade da sua caipira. João da Noite: "Acalme-se, Jêze, pega leve, tudo tem jeito neste mundo".

Prosseguiu: “Em seu retorno passou uma semana em Brasília, onde aproveitou para conhecer a capital. No seu último dia na cidade visitou o Supremo Tribunal Federal, casualmente no instante em que os ministros encerravam o expediente, sem querer ela viu-os de costas, saindo".

Mais um gole.  

Chega ao ponto: "Pelo rebolado, isso mesmo, pelos movimentos da bunda de cada um, a minha célebre áugure captou a terrível verdade que lhes trago, meus amigos: os 38 mensaleiros não serão condenados, pela razão de sempre: por falta de provas. Por falta de provas o mensalão não terá existido. Para não ficar a impressão de impunidade, os excelsos magistrados aplicarão algumas leves condenações por lavagem de dinheiro. Agora, peculato e formação de quadrilha, que é bom, nadinha".

Os boêmios protestaram ao mesmo tempo: "Pera aí, não pode ser bem assim", disse Lúcio Peregrino. "Se vidente acertasse pegava na mega-sena", disse Mr. Hyde, esquecendo que a leitura é do irremediável, não do que se deseja. Muitos com apenas "Ora, Jeze, bobagem isso".

A mestra fez um sinal para se calarem e continou.

"Depois disso, Mãe Dinádegas - esse o seu nome artístico - passou o resto da tarde me consolando. Antes de sair perguntei se ela tinha visitado o Congresso Nacional e visto a bunda dos deputados e senadores e ela nervosamente respondeu que não, nesse momento acometida de intensos tremores nas mãos, voz descontrolada e olhos aterrorizados, a pobre, deve andar com a saúde abalada pela idade”.

Antes que os amigos reiniciassem os protestos, arrematou: "Quem viver, verá".

E Leilinha Ferro chegou para colher a Charge do Dias. A escolha recaiu sobre a obra do Duke, de O Tempo (Belo Horizonte, MG). Lamentaram a ausência do boêmio que não bebe, Lucas da Azenha, que ontem tratou desse assunto.

  


No Botequim do Terguino o Clóvis Baixo, brincalhão porém eterno sonhador, depois da terceira losna se põe a viajar em doces pensamentos em voz alta: "O pobre do Carlinhos Cachoeira lá, sozinho, preso há quatro meses e meio, cansado de ficar na cadeia, deprimido, perdendo peso, adoentado, com um advogado ruim, uma bonita esposa lá longe... de repente emputece, é um arquivo-vivo... e entrega todo mundo! Viva!".

Walter Schiru canta: "Os sonhos mais lindos sonhei, de quimeras mil um castelo ergui...", para dizer depois: "Vai sonhando, Baixo".

Aristarco de Serraria: "Ouvi sobre uma tal conexão Brasil-Angola-Paris, de arrepiar. Dizem que perto disso o mensalão é pinto. Se o cara abre a boca vai sobrar para muito político e muito figurão de governos. Além do Cachoeira tem mais dois que podem detonar tudo, o contador foragido e um ex-funcionário da Delta, este jurado de morte se abrir".

O Contralouco conversa com o Terguino e fica sabendo que a ida ao banco ontem deu em nada. Se surpreende e intima os demais empinantes, que acompanharam Terguino à agência: "E ninguém deu uma porrada no gerentalha!?".

Leila Ferro, já de volta, tem pressa pela charge. Escolhem a obra do Cláudio, do Agora S. Paulo (São Paulo, SP).



Leilinha Ferro gostou da escolha dos empinantes e fica com o Jorge Braga, de O Popular (Goiânia, GO).


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